O CHEGA é o novo Punk Rock

Quando conheci o partido CHEGA em 2019, era notória a falta de jovens em seu redor. Estava mais próximo da tal agremiação que o inimigo, esquerda e liberais, definia então como a «direita dos velhos rezingões dos cafés». Brotado espontaneamente da sociedade e corporizando um amplo movimento de protesto, o CHEGA não tinha qualquer implementação na mocidade. Já a Iniciativa Liberal, era o partido in na juventude – apesar de circunscrito a elites urbanas, formado numa cultura com uma década de discussão em think tanks e blogues.

Porém, assistimos, hoje, a um novo paradigma.

Em Janeiro fomos surpreendidos por uma sondagem AXIMAGE DN/TSF, que colocava o CHEGA em primeiro lugar, no que concerne às intenções de voto entre os mais jovens, dos 18 aos 34 anos de idade, alcançando 25,8%, deixando para trás o PS, com 22,3%, e o PSD, com apenas 16,6% das intenções de voto. Ademais, e de acordo com um estudo realizado pelo ICS/ISCTE, baseado em quatro sondagens feitas durante o ano de 2023, o CHEGA, quando comparado com o PS e a AD (PSD+CDS+PPM), foi considerado como o partido que apresenta maior probabilidade de intenção de voto na faixa etária entre os 18 e os 23 anos.

O sucesso da estratégia do partido e da Juventude Chega, estará certamente relacionado com as visitas a escolas secundárias e universidades, por vezes tensas, mas que ajudam os jovens que se identificam com o movimento CHEGA a saírem da «panela de pressão político-social» esquerdista em que vivem, um Gulag mental para o qual já não acreditavam existir escapatória. Todavia, é na infra-estrutura do digital, que o partido está a conquistar terreno na guerra cultural e na sedução das almas. Em social media como os sites/apps de redes sociais (principalmente o TikTok e o Instagram) ou na plataforma de partilha de vídeos YouTube, tem-se multiplicado a presença do CHEGA, quer através de canais próprios, quer através dos meios tecnológicos de influencers, empenhados em proporcionar espaços de liberdade às causas conservadoras.    

Se o partido cavalga a simpatia dos jovens, à boleia do carisma, coragem e popularidade da deputada Rita Matias – na «rua» ou no digital ou de Gonçalo Sousa, nos canais online, ambos militantes do CHEGA, não podemos descurar os mestres de comunicação independentes.

O fundador da PROZIS, Miguel Milhão, o jornalista Sérgio Tavares ou os youtubers Tiago Paiva e Miguel Macedo, têm constituído uma ponte fundamental entre dirigentes e deputados do partido e o potencial eleitorado juvenil.

A título de exemplo, a entrevista de André Ventura a Milhão, obteve mais de 500.000 visualizações no YouTube, o que além de significar uma excelente cifra, é um valor várias vezes superior à média dos vídeos/podcasts publicados no seu canal (CdK). O conhecido empresário pró-vida, tem também convidado elementos de quase todos os partidos políticos, inclusivamente os sem assento parlamentar, proporcionando assim um louvável serviço público.

Não nos esqueçamos: a marca PROZIS, inspirada “nos padrões éticos do cristianismo e da cultura ocidental” (ver o seu mission statement/promessa na página de Internet da empresa) é, em si mesma, um caso de cultura dissidente num mundo corporativo de pendor politicamente correcto, até mesmo woke.

Regressando ao CHEGA: a soma da expansão da sua mensagem com o crescimento do partido nas sucessivas eleições e sondagens, leva a uma inexorável normalização deste, a contragosto da intelligentsia marxista (comunicação social, academia, artistas), cuja ideologia domina ainda a cultura vigente.   

Ser um jovem do CHEGA, em 2024, não é nem anacrónico, nem um anátema. É ser realmente disruptivo, num país onde impera uma ditadura cultural e mental de esquerda. É acreditar num futuro digno em Portugal. É ostentar de novo com orgulho os estandartes do patriotismo, dos valores tradicionais, da direita social, do senso comum. Dísticos no tempo presente (ainda) exóticos, mas em tendência de subida galopante. Hoje contra-cultura, amanhã o mainstream. O CHEGA é, definitivamente, o novo Punk Rock.

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