“Na Califórnia, a primária presidencial é provavelmente o voto menos consequente, porque está decidida”, disse à Lusa Timothy Paul, democrata registado em Los Angeles que votou por correspondência, antes da “Super Terça-feira” de hoje, em que 14 outros estados e um território vão a votos. “Foquei-me mais nas questões locais e na corrida ao Senado”.
Estas eleições primárias incluem não apenas a escolha dos candidatos presidenciais – com Joe Biden a ter vitória assegurada – mas também medidas locais, como iniciativas para combater a crise dos sem-abrigo em Los Angeles, o próximo procurador-geral e a corrida ao lugar deixado vago no Senado por Dianne Feinstein, que morreu em setembro passado.
Os democratas Adam Schiff, Katie Porter e Barbara Lee, além do republicano Steve Garvey, são os principais candidatos nesta primária aberta para o Senado. Os dois mais votados avançarão para o boletim de novembro e um será eleito.
Mark Richardson, democrata que votou por correspondência e disse que o seu maior fator de motivação é “proteger a democracia”, optou por um voto “estratégico” em Barbara Lee.
“Ela representa-nos como californianos no seu histórico de trabalho”, afirmou o democrata, citando um currículo com forte apoio aos direitos das mulheres e da comunidade LGBTQ, controlo de armas e reforma da canábis, entre outros.
“Não há mulheres negras no Senado neste momento e é importante em termos de representação”, acrescentou Richardson, considerando que ela é “a melhor pessoa para o cargo”.
As sondagens indicam, no entanto, que Adam Schiff deverá o candidato mais votado e que o republicano Steve Garvey tem grandes hipóteses de avançar nas primárias, que são abertas. A corrida é relevante porque o controlo do Senado será decidido em novembro e o mapa nacional favorece o partido republicano.
“São coisas importantes. Se não tivermos os candidatos certos agora, ficamos com opções piores para novembro”, indicou John Reynolds, que também votou antecipadamente “pelo conforto e facilidade” do processo.
O eleitor democrata salientou, no entanto, que muita gente não vota nas primárias, até porque a escolha presidencial está decidida à partida. Joe Biden vencerá a Califórnia nesta Super Terça-Feira, apesar de ter sete oponentes no papel. Dean Philips e Marianne Williamson são os mais notórios, mas apresentam-se também Armando Perez-Serrato, Gabriel Cornejo, Eban Cambridge, President R. Boddie e Stephen Lyons.
É raro haver uma primária competitiva quando o presidente em funções se recandidata, o que no caso de Joe Biden frustrou muitos eleitores que temem pela sua idade avançada e baixa popularidade.
“Nem sequer ouvi muito sobre os outros”, salientou Timothy Paul. “Não fiquei muito satisfeito por não ter outras opções. A liderança do partido vocalizou que não queria uma primária competitiva, e então não foi”.
Robin Fontaine, que votou antecipadamente, também indicou um interesse maior nas medidas locais e na corrida do Senado. “Importo-me com os assuntos locais, que é onde penso que nós como eleitores podemos ter maior impacto”, explicou.
“Como democrata, a primária presidencial não importa tanto porque não é uma corrida competitiva”, continuou a eleitora. “E importo-me muito com a corrida ao senado e com o voto em Barbara Lee, que serviu o nosso estado tão bem como congressista, sendo muitas vezes a única voz da razão em assuntos difíceis”, opinou.
Com os boletins de voto a serem enviados pelo correio para os eleitores registados, há quem tenha passado as vésperas da eleição a pesquisar as medidas propostas.
“Recebemos informação com o boletim, mas sinto sempre que tenho de passar horas a pesquisar para garantir que o meu voto conte”, confirmou Timothy Paul, que entregou o boletim há várias semanas.