Inês César, sobrinha do presidente do Partido Socialista, Carlos César, foi proposta para ser contratada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) para um cargo de direção num projeto de “intervenções assistidas por animais”, auferindo um salário bruto de 3.318,53 euros, acima da remuneração da diretora dessa unidade, cujo salário se cifra nos 2.654,82 euros, segundo revela a revista Sábado.
A proposta de contratação terá partido de Sérgio Cintra, ex-autarca do PS, atualmente administrador da SCML com passagem pela Câmara Municipal de Lisboa e pela administração da empresa municipal Gebalis. A contratação seria feita, apesar de Inês César não ter qualquer experiência conhecida no setor social ou da saúde, tendo apenas trabalhado anteriormente em empresas municipais.
Recorde-se que Inês César já tinha sido notícia em 2017, por ter sido contratada pela Gebalis com um ordenado muito acima da média, sendo um dos exemplos do familygate socialista.
No entanto, a iniciativa de contratação foi travada quando a revista SÁBADO questionou a SCML sobre o assunto. A instituição inicialmente negou ter efetuado a contratação, mas posteriormente confirmou que a proposta foi enviada ao Conselho de Administração. A atual provedora da SCML, Ana Jorge, teria intervindo para bloquear o processo, e a contratação não se concretizou.
O episódio gerou desconforto na instituição, principalmente devido ao alto salário proposto e ao contexto de discurso público sobre a redução de custos e chefias. A tentativa de criar um cargo específico para Inês César, com um programa e salário feitos à medida, foi vista com desconfiança por alguns membros da instituição. “Basicamente tentaram inventar um posto à medida, um programa à medida e um salário à medida”, resume quem teve conhecimento do processo.