Preocupado com discurso de ódio, Governo quer avaliar legislação

A ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, afirmou hoje que o discurso de ódio preocupa o Governo e quer avaliar a legislação, para assegurar mais proteção jurídica às vítimas e sensibilizar a sociedade.

© Folha Nacional

“Os dados oficiais mostram que houve, no ano passado, um aumento de cerca de 38% deste tipo de crimes” e é “muito importante atuar na prevenção e no combate. Em segundo lugar, apostar na sensibilização da sociedade e, em terceiro lugar, apoiar as vítimas destes crimes”, afirmou a governante à Lusa, por ocasião do Dia Internacional de Combate ao Discurso de Ódio, que se assinala hoje.

O Conselho de Europa fez recentemente “um conjunto de recomendações aos seus 46 estados-membros e há várias recomendações que devem ser ponderadas naturalmente pelo Estado português”, em particular “garantir um apoio às vítimas deste crime, apostando também na formação dos órgãos de polícia criminal”, explicou Balseiro Lopes.

No entanto, para debater este tema “é necessário o envolvimento da Assembleia da República”, disse, recordando que “houve alterações recentes já este ano ao Código Penal no seu artigo 240, número 2 e é também importante avaliar se a legislação vai ao encontro das necessidades”.

Sobre a situação política em Portugal, com o crescimento eleitoral de movimentos populistas à semelhança do que acontece um pouco no resto da Europa, Balseiro Lopes estabelece fronteiras.

“Qualquer Governo deve estar comprometido com a defesa intransigente dos direitos humanos, independentemente de ser centro-esquerda ou centro-direita” e “devemos ser implacáveis no combate a esse discurso que afeta especialmente minorias, mas nem só de minorias, como a comunidade LGBTI, mas também podemos falar das mulheres que são especialmente vulneráveis”, afirmou.

Por outro lado, “é fundamental sensibilizar a sociedade e sermos implacáveis em relação a este tipo de discurso”, disse, considerando que se trata de uma discussão de “natureza política, com grande impacto social, mas é também uma discussão eminentemente técnica” e “além do Código Penal, há outros regimes que atualmente estão em vigor e que, eventualmente, também devem ser revisitados”.

Em particular, a ministra mostra-se preocupada com as crianças e jovens, “especialmente vulneráveis relativamente a este tipo de crimes no ciberespaço”.

Nesse sentido, o Governo está a avaliar “se faz ou não faz sentido criar uma linha [telefónica] específica, como, por exemplo, a Polónia tem e que no ano passado registou mais de 50 mil participações, com uma equipa multidisciplinar direcionada a crianças e jovens que sejam vítimas, por exemplo, de ‘bullying’ e de ‘cyberbullying'”.

É preciso “apostar na sensibilização”, com “um olhar muito atento e muito direcionado às crianças e jovens que são utilizadores nativos da Internet, mas também são alvos muito fáceis, muito acessíveis deste tipo de condutas que nalguns casos configuram mesmo ilícitos criminais”, disse.

Mas também “é importante perceber que, quando falamos, por exemplo, do ciberespaço, não há fronteiras” e há a “circunstância de muitos destes crimes poderem ser praticados noutros países e as vítimas estarem situadas no território português”.

Por isso, Portugal está em articulação com os estados parceiros para tentar atuar em relação às plataformas de conteúdos.

Contudo, Balseiro Lopes insistiu que a criminalização excessiva do discurso de ódio pode criar outros problemas. Na Internet, “é importante compatibilizar vários direitos, porque nós também não queremos reinstituir a censura”, mas “também é fundamental nós conseguirmos garantir a proteção dos direitos das pessoas na era digital, tendo também em conta que nenhum Estado será capaz de isoladamente a aplicar o que quer que seja, que não seja articulação com outros Estados”.

Últimas de Política Nacional

A manifestação do CHEGA contra o que qualificam de imigração descontrolada e insegurança nas ruas, que juntou hoje centenas de pessoas no Porto, contou com André Ventura, que alertou que a imigração cresceu 95% em Portugal nos dois últimos anos.
Os deputados da Comissão de Orçamento e Finanças aprovaram hoje uma proposta do CHEGA que contempla o reforço dos meios técnicos para a proteção dos cabos submarinos de telecomunicações.
Para André Ventura, o “PS e PSD estão mais preocupados em aumentar os salários dos políticos do que subir as pensões dos portugueses”, frisando que se trata de um “Orçamento do bloco central”.
O prazo para a submissão de propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) terminou na passada sexta-feira, com o CHEGA a apresentar 620 - o maior número de propostas.
“Num país em que tantos sofrem por salários e pensões miseráveis, os políticos têm de acompanhar o povo.” É desta forma que André Ventura começa por apontar o dedo ao PSD/CDS que está a propor acabar com o corte aos titulares de cargos políticos de 5%, no âmbito do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).
O presidente do CHEGA defendeu hoje que o Governo está a adotar medidas redundantes e a fazer uma "fuga para a frente" para responder à crise no INEM, considerando que as soluções apresentadas não trazem "nada de novo".
Bárbara Fernandes exigiu também a “suspensão imediata do responsável máximo do Departamento de Urbanismo.”
O CHEGA vai abster-se na votação da proposta do PS para aumentar as pensões em 1,25 pontos percentuais, além da atualização prevista na lei, permitindo a sua aprovação se os partidos da esquerda votarem a favor.
O Governo anunciou que o saldo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para 2025 ia ser positivo, mas fez mal as contas. Após uma revisão das projeções, o executivo admitiu que o SNS vai, afinal, apresentar um défice no próximo ano, num valor que ultrapassa os 217 milhões de euro
O presidente do CHEGA, André Ventura, desafiou esta terça-feira o primeiro-ministro a apresentar na Assembleia da República uma moção de confiança ao seu Governo, mas afastou a possibilidade de apresentar uma moção de censura.