“Quando as famílias vêm ver os seus entes queridos, não os reconhecem pela situação em que se encontram, veem-nos desnutridos e pálidos”, assegurou o Observatório Venezuelano de Prisões (OVP), num comunicado.
A 01 de agosto, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou que fossem colocadas em duas prisões de segurança máxima as pessoas detidas em protestos contra o resultado oficial das eleições presidenciais, em que foi declarado vencedor pelas autoridades, num processo rejeitado pela oposição maioritária e por grande parte da comunidade internacional.
“A alimentação recebida pelos jovens detidos, que foram levados para a cadeia de Tocoron, no estado de Aragua [centro], é também insuficiente, segundo os seus familiares. Além disso, bebem água imprópria”, disse o OVP, acrescentando que a situação é a mesma na prisão de Tocuyito, no estado de Carabobo (centro).
Tanto em Tocoron como Tocuyito, os reclusos recebem apenas “dois copos de água por dia”, acrescentou a organização.
Algumas mães conseguiram ver os filhos apenas durante dez minutos ao fim de dois meses, disse o OVP, que denunciou ainda casos de humilhação durante as visitas.
Segundo dados oficiais, mais de 2.400 pessoas foram presas desde 29 de julho – algumas em manifestações e outras em operações policiais – e 27 foram mortas em atos de violência que o governo atribui à oposição, enquanto a oposição culpa as forças de segurança do Estado, sob ordens de superiores.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia (atualmente exilado em Espanha) obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um ciberataque de que alegadamente foi alvo.