O ex-presidente da Parpública e o ex-presidente da Comissão de Vencimentos da TAP são hoje ouvidos na comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea, sobre a venda de 2015, os fundos Airbus e a gestão privada.
Pedro Ferreira Pinto deixou de exercer as funções de presidente da Parpública (empresa do Estado detentora de participações em empresas) em abril de 2016, a seu pedido, após cerca de dois anos no cargo.
Durante o mandato de Pedro Ferreira Pinto, a TAP foi vendida na reta final do Governo liderado por Pedro Passos Coelho ao consórcio Atlantic Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa, que comprou uma participação de 61% na companhia, por 10 milhões de euros, mais tarde revertida pelo Governo do PS (apoiado no parlamento por BE e PCP), que recuperou 50% da empresa, mantendo a gestão privada.
O negócio envolveu também a capitalização da companhia com 226,75 milhões de euros, fundos esses que, segundo o jornal Eco, o consórcio recebeu diretamente da Airbus e terão sido entregues como contrapartida de um negócio de ‘leasing’ de 53 aviões pelo fabricante europeu, pondo a companhia aérea a pagar a sua própria capitalização, o que viola a lei.
Em audição na comissão parlamentar de Economia, Pedro Ferreira Pinto disse que o negócio com a Airbus “não era novidade para ninguém. “Está expresso em atas, pareceres, se me perguntar como aparece agora como não sabendo eu não sei responder, mas porventura sou o único”, disse.
Também o Tribunal de Contas soube desta operação, afirmou, já que lhe foram enviados muitos documentos para poder fazer a auditoria à TAP.
Já o ex-presidente da Comissão de Vencimentos da TAP, Luís Cabaço Martins, deverá ser questionado sobre os prémios atribuídos aos ex-administradores Fernando Pinto (275.940 euros) e Max Urbahn (206.955 euros), relativos a 2016, após decisão de não atribuir bónus naquele ano e com metas fixadas depois de conhecidos os resultados da companhia, conforme denunciado pela deputada bloquista Mariana Mortágua, na audição do atual presidente daquela comissão, Tiago Aires Mateus, que foi também administrador da companhia aérea entre 13 de novembro de 2015 e 30 de julho de 2017.
Maximilian Otto Urbahn (conhecido por Trey Urbahn), que foi administrador executivo entre 2016 e 2017 recebeu ainda 1,35 milhões de euros de pré-reforma, que está a ser contestada pela empresa em tribunal.