Compreender o ISLÃO

O Islão chegou à Península Ibérica em 711, sob forma de uma invasão militar liderada pelo Bérbere Tarique, derrotando o unificado Reino Visigótico, na Batalha de Guadalete. Nas décadas seguintes teve início a lenta integração no Califado Omíada. Com o declínio dos Omíadas, Abderramão estabeleceu militarmente o Emirado de Córdova, posteriormente Califado, em 756. Este foi o período áureo do Islão no Al Andaluz. Assistiu-se à gradual conversão da população cristã ao Islão. Importa referir que o Al Andaluz era um espaço multiétnico e multirreligioso onde diferentes rituais cristãos, judaicos e islâmicos se cruzavam. A influência do Califado Fatímida, sedeado no Norte de África, tal como dos Reinos Cristãos, que se foram estabelecendo no norte da Ibéria, influenciavam cada vez mais a vida política de Córdova. Em 1031 o Califado dissolve-se em Taifas que se foram agregando e desagregando ao sabor das uniões políticas e militares. O fim do Califado de Córdova ocorre simultaneamente com a expansão no Médio Oriente dos Fatímidas o que acaba por provocar as Cruzadas. As Cruzadas decorreram no Oriente e no Ocidente. É neste contexto que se dá a formação de Portugal e a conquista de Lisboa e Santarém. Importa referir que na tomada de Lisboa e Santarém os defensores eram na sua larga maioria Xiitas (provavelmente Ismaelitas), na batalha foram comuns os pedidos de clemência em nome de Maria (mãe de Jesus). Com a consolidação política do Reino de Portugal o Cristianismo iniciou o seu restabelecimento. A sociedade de então continuava a ser multirreligiosa, as conversões nunca são feitas à “espadeirada”. A conversão a outra Fé resulta sempre de uma grande reflexão individual e implica a renegação dos valores que nos foram transmitidos pelos nossos pais e avós. A presença Islâmica e Judaica foi-se atenuando ao longo dos séculos. No entanto é bom referir que o Estado Novo patrocinava viagens a Meca na Haj (Quinto pilar do Islão – peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na vida) em Moçambique e na Guiné-Bissau. Presentemente os Ismaelitas (corrente Xiita) estabeleceram a sua sede em Portugal.
O Islão está dividido nas suas três correntes: Sunita, Xiita e Ibadita. No entanto todas elas estão divididas em múltiplas escolas corânicas (Madhhab). As principais escolas ou correntes corânicas Sunitas são: Hanafi; Maliki; Shafi’i; Hanbali; Zahiri e outras. Pelo lado Xiita temos: Ja’fari (que se subdivide em Usulism; Akhbarism e Shaykhism); Ismaili (que se subdivide em Nizari e Musta’ali) e Zaidi. Os Ibaditas são uma corrente única com presença relevante apenas em Omã. Muitas destas correntes e escolas corânicas odeiam-se profundamente.
De grosso modo podemos dizer que o Islão Sunita tem uma apetência maior para a radicalização e violência, o Estado Islâmico e a Al-Qaeda são exemplo dessa radicalização sunita. Os Xiitas pelo contrário possuem uma visão menos radical e mais abrangente. Estudam e incorporam mais as palavras dos outros profetas abraâmicos, algumas escolas dão grande importância a Maria mãe de Jesus. É normal no Islão Xiita apresentar imagens de Maria ao lado de Ali, genro do Profeta e marido de Fátima, a sua filha predileta.
Para o Islão conceitos como Secularidade e Laicidade não fazem qualquer sentido. A Lei Islâmica (Charia) é a referência absoluta: aquela que esmaga e anula qualquer ideia de autonomia individual. Importa também referir que a radicalização do Islão não é de agora, remonta ao século XVIII, ao Wahhabismo ou Salafismo no Islão Sunita, tão presente hoje na Península Arábica. No Irão o conservadorismo chegou apenas no século XX com a Revolução Islâmica do Ayatollah Khomeini.
A raiz do Islão mergulha numa visão extremamente reducionista, totalitária e universalista de um grupo tribal da Arábia Medieval, que pretende impor os seus costumes e leis, codificados no Alcorão, a todos os povos do Globo Terrestre.

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