O primeiro-ministro português destacou hoje a “vontade política” para fechar o acordo da União Europeia (UE) com o Mercado Comum do Sul (Mercosul), esperando uma conclusão até final do ano daquele que seria o “acordo económico mais importante”.
“Todos os líderes […] reafirmaram a mesma vontade de, até ao final do ano, podermos concluir o acordo com o Mercosul e todos temos vindo a procurar encontrar soluções para que se possa ultrapassar o bloqueio que encontramos”, disse o chefe de Governo.
Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas à margem da cimeira da UE com os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que hoje começa em Bruxelas e que decorre até terça-feira, após oito anos sem reuniões de alto nível entre os blocos, António Costa disse esperar “que seja que seja possível chegar lá”, até porque “vontade política não falta e isso é o mais importante”, pois “houve momentos em que não havia sequer vontade política”.
“Eu acho que toda a gente está a trabalhar para que este acordo com o Mercosul possa ser concluído até ao final da presidência espanhola [da UE, que decorre até final de dezembro], o que seria só o acordo económico mais importante que existe, mais importante do que aquilo que temos com os Estados Unidos […] e com o Canadá”, disse o primeiro-ministro.
Vincando que “há várias soluções técnicas possíveis” para o alcançar, António Costa considerou “a solução encontrada muito recentemente para a modernização do acordo com o Chile é um excelente exemplo”, lembrando também haver “avanços grandes no acordo na negociação do acordo com o México”.
“Esperemos que o Mercosul seja o próximo passo e obviamente requer um esforço grande, mas […] uma instituição como é a UE, com 27 países entre si com interesses tão diversificados, mais os países do Mercosul, que também tem interesses bastante diversificados, é difícil às vezes encontrar qual é o ponto de equilíbrio que torna o acordo comercial justo e vantajoso para todos,”, adiantou.
A UE espera agora a resposta do Mercosul ao documento complementar proposto pelo bloco comunitário.
A posição surge depois de, esta tarde, o Presidente brasileiro, Lula da Silva, ter defendido um acordo UE-Mercosul “baseado na confiança mútua” e não “em ameaças”, argumentando que as exigências ambientais europeias são “desculpa para o protecionismo”.
Dentro da UE, países como França e Áustria contestam o acordo da UE-Mercosul – formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai -, por razões comerciais e ambientais.
A atual presidência espanhola da UE espera que esta cimeira seja um ponto de partida para desenvolvimentos na conclusão do acordo UE-Mercosul, que abrange 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.
Essa é também a ambição de Lula da Silva, que hoje afirmou esperar que a UE e o Mercosul finalizem este ano o acordo comercial, para “abrir horizontes” aos blocos regionais, pedindo “um sinal” do compromisso.
Bruxelas acolhe hoje e terça-feira a primeira cimeira em oito anos da UE com os países da CELAC, que contará com mais de 50 líderes, entre os quais Lula da Silva e António Costa.
Esta que é a terceira cimeira da UE com a CELAC, oito depois da reunião de 2015, foca-se no reforço da parceria entre as duas regiões para as preparar para novos desafios.