O presidente do Partido Popular espanhol (PP, direita), Alberto Núñez Feijóo, disse hoje que já iniciou contactos para tentar formar um governo na sequência das eleições de domingo e reiterou que deve governar o candidato mais votado.
O PP ganhou as eleições legislativas de domingo sem conseguir uma maioria absoluta sozinho ou com o partido de direita radical VOX, com quem governa coligado em três regiões autónomas de Espanha, com o resultado do escrutínio a deixar em aberto a possibilidade de uma ‘geringonça’ liderada pelos socialistas (PSOE), com o apoio parlamentar de nacionalistas e independentistas.
Feijóo disse hoje que “como líder do partido mais votado” iniciou já contactos com várias forças políticas com o objetivo de formar em breve “um governo estável em Espanha” e garantiu o apoio de um deles, a União do Povo Navarro (UPN), que elegeu um deputado no domingo.
O PP elegeu 136 deputados e são necessários 176 para uma maioria absoluta no parlamento.
Feijóo disse ter também contactado a Coligação Canária (1 deputado) e ter ficado “aberto o caminho” para o apoio a um governo do PP. Além disso, após um primeiro contacto, conta continuar conversações nos próximos dias com o Partido Nacionalista Basco (PNV, 5 deputados) e com o VOX (33 deputados).
O PNV viabilizou na última legislatura o atual Governo de esquerda e extrema-esquerda liderado pelo socialista Pedro Sánchez e afirmou, durante a campanha eleitoral das legislativas de domingo, que o PP ultrapassou uma linha inaceitável ao fazer acordos com o VOX em várias regiões autónomas e municípios.
O presidente do PNV, Andoni Ortuzar, disse no domingo que os votos do partido “parece que voltam a ser decisivos” e garantiu que serão geridos com responsabilidade, “conjugando o binómio de defesa de Euskadi [o País Basco], por um lado, e de consolidação e avanço dos princípios democráticos, por outro”, sem concretizar mais.
Alberto Núñez Feijóo avançou hoje que também contactou o PSOE e que combinou voltar a falar com o líder dos socialistas e primeiro-ministro, Pedro Sánchez, depois do escrutínio final e formal do resultado das eleições, previsto para a próxima sexta-feira.
O líder do PP falava no início de uma reunião da direção nacional do partido, em Madrid, numa intervenção que foi transmitida nas redes sociais dos populares.
Feijóo voltou a sublinhar que em Espanha deve governar o partido mais votado e que o país “precisa de uma mudança, de um tempo novo, de moderação e entendimento no Governo, sem depender de minorias radicais e independentistas”.
O líder do PP afirmou que em Espanha sempre governou o partido mais votado e criticou a possibilidade de haver agora uma “coligação de perdedores”, com “ainda maiores exigências e maiores presenças de independentistas”, incluindo o de “um partido liderado por um fugitivo à justiça espanhola”.
Feijóo referia-se ao ex-presidente do Governo Regional da Catalunha Carles Puigdemont, que vive na Bélgica desde a tentativa de independência catalã de 2017, para fugir à justiça espanhola.
O partido de Puigdemont, Juntos pela Catalunha (JxCat), elegeu seis deputados no domingo que poderão ser determinantes na formação do próximo Governo espanhol, atendendo aos alinhamentos das diversas forças com a esquerda ou com a direita.
A direção do PSOE também esteve reunida hoje, com a presença de Pedro Sánchez, mas não houve declarações oficiais no final do encontro.
Pedro Sánchez celebrou no domingo o “fracasso do bloco do retrocesso”, disse que são “muitos mais” aqueles que querem “que Espanha avance, e assim continuará a ser”, mas não deu qualquer indicação sobre o que fará ou quando o fará em relação à formação de um novo executivo.
Fontes da direção do PSOE citadas por diversos meios de comunicação espanhóis garantiram que Sánchez disse na reunião de hoje que a “democracia encontrará a fórmula da governabilidade” e não haverá um bloqueio que leve à repetição das eleições, sem revelar os eventuais passos ou negociações com vista à formação de um governo de esquerda.
Quem já iniciou hoje negociações com partidos independentistas da Catalunha foi o Somar, a plataforma de extrema-esquerda liderada pela atual ministra do Trabalho e vice-presidente do Governo espanhol, Yolanda Díaz.
PSOE e Somar assumiram na campanha a intenção de governarem juntos na próxima legislatura.