Vamos fazer um regresso ao passado na História até à Grécia Antiga, ao espaço temporal, e à primeira civilização do mundo que nos deixou a maior herança social – a “Demokratia”, mais concretamente à Era de Platão, com a sua obra “A Alegoria da Caverna”.
Para resumir a história, Platão fala-nos de um grupo de prisioneiros numa caverna, no escuro, voltados para uma parede, onde nas suas costas está uma fogueira e circulam pessoas fazendo barulhos e sombras.
Um dia, um dos prisioneiros é libertado para sair da caverna e ver o mundo real, o qual reage com tremenda desconfiança de tudo que lhe começa a ser apresentado como sendo a realidade, com os seus olhos quase cegos de ver a luz pela primeira vez depois de tanta escuridão, não parece acreditar no que vê. Segue-se então o dia em que esse prisioneiro, agora ciente da realidade, volta à caverna para tentar libertar os seus companheiros prisioneiros do medo e da escuridão, dizendo-lhes que o mundo fora da caverna é lindo e seguro, com muita luz…
Os prisioneiros recusam-se a acreditar, querendo infligir violência no seu antigo companheiro por considerarem este um mensageiro de desgraça, que lhes quereria lançar a última maldade, pretendendo estes permanecerem na escuridão apesar de ser uma situação de extremo desagrado e dificuldade, mas pelo menos não seria algo pior…
Estão a ver onde quero chegar não estão?
Do menor ao mais alto intelecto, a maioria da sociedade portuguesa neste século, e nos finais do passado, tem-se caracterizado por apresentar uma mentalidade de refúgio, muito avessa a mudanças, preferindo sempre garantir um nível de comodidade básica.
Isto é a alegoria da península ibérica. Porquê? Vejamos:
Numa era em que a globalização se tornou uma realidade, os avanços tecnológicos nos dão tanta informação em tempo real, e que o aquecimento global ainda não foi capaz de nos transformar na Atlântida dos tempos modernos, qual a razão para ainda estarmos “acorrentados contra a parede” como um todo?
Temos os nossos vizinhos espanhóis que são a fogueira nas nossas costas, temos a Alemanha, a Bélgica, a Holanda, a Polónia, a Finlândia, a Irlanda a fazerem-nos sombra, a viverem o mundo no seu esplendor, de ano para ano, prisioneiros portugueses saem da caverna para esses países, e ainda assim, poucos conseguem libertar os que cá continuam…
E libertar é difícil até porque se formos a ver…
Serão assim tão diferentes? Não na essência do sistema político, pois esse é a democracia, e os factos são inegáveis: é o sistema político de organização de uma sociedade que melhor resulta, porque é o sistema que espelha 100% a função que determina: o poder do povo.
Então porque continuamos a sofrer tanto? Porque isto não depende do prisioneiro que volta com a informação que temos condições para vivermos melhor, porque essas são conhecidas e não precisamos de inventar nada, apenas de copiar os bons exemplos, mas sim de estarmos verdadeiramente dispostos como um todo a querer abandonar esta caverna, e como um todo, ou como uma maioria, nós temos esse poder – é a democracia a funcionar, é votar! É dar a oportunidade! É chegarmos cada vez mais e mais com factos, com a realidade a quem nos rodeia.
Depois de tantos anos de promiscuidade, de estagnação e vários retrocessos, claro que um prato com um pedacinho de comida 1x por dia é melhor que nada, e isso vai sendo garantido a todos os prisioneiros para a sua subsistência, é assim que se mantêm prisioneiros, só que destas últimas feitas vêm os IVAuchers, os 125€… e por aí fora.
Qual é a nossa luta? Não é o socialismo na íntegra, são as pessoas que já estão anestesiadas há muitos anos pela sua ideologia e propaganda… e todos sabemos que não é fácil mudar mentalidades, mas também, se não for agora, quando irá ser?
Eu sei a resposta do português comum…
Eu cá vou aguardar por ter a certeza, até lá, ajudem-me a estar enganado!