PSOE fecha sedes por causa de manifestações contra amnistia

O partido socialista de Espanha (PSOE) suspendeu hoje a atividade nas sedes que tem pelo país por causa da possibilidade de concentrações violentas em frente dos edifícios contra a amnistia de independentistas que negoceia com partidos catalães.

© Facebook de Pedro Sánchez Pérez-Castejón

A direção nacional do partido do primeiro-ministro Pedro Sánchez enviou uma comunicação escrito às estruturas do PSOE a recomendar a suspensão e fecho dos edifícios atendendo “ao ânimo agressivo das convocatórias”.

O PSOE recomendou o cancelamento de todas as atividades previstas para as sedes do partido e a antecipação do fim do dia laboral dos funcionários para o início da tarde.

Milhares de pessoas manifestaram-se na segunda-feira à noite em várias cidades espanholas, em frente de sedes do PSOE, em protestos convocados nas redes sociais por uma organização designada Revolta, que se define como um grupo juvenil “patriota unitário espanhol” e tem ligações ao partido  Vox.

A maior manifestação foi a de Madrid, onde em frente da sede nacional do PSOE se concentraram mais de 3.000 pessoas, segundo as autoridades de segurança, e onde houve uma carga policial e três detidos.

Segundo a polícia espanhola, a atuação da polícia teve como alvo um grupo de 200 pessoas que lançaram objetos aos agentes e tentaram forçar barreiras colocadas pelas forças de segurança no local.

Essas 200 pessoas infiltraram-se entre os manifestantes pacíficos e tinham “o rosto coberto e estética ultra”, segundo um documento da polícia citado pelos meios de comunicação social.

A polícia assegurou que a atuação contra estas 200 pessoas ocorreu já depois de a maioria dos manifestantes ter abandonado o local.

“Atacar as sedes do PSOE é atacar a democracia e todos aqueles que acreditam nela”, escreveu hoje Pedro Sánchez na rede social X.

Sánchez considerou que está em causa um “assédio dos reacionários” às sedes do PSOE, mas disse que nada “amedronta” os socialistas.

O Governo, através da ministra porta-voz, Isabel Rodríguez, considerou que a atuação policial em Madrid na segunda-feira foi proporcionada.

O presidente do Vox, Santiago Abascal, que esteve na concentração de Madrid, disse hoje que o Governo ordenou uma carga policial perante uma manifestação “pacífica e legal” e pediu à polícia para “não cumprir ordens ilegais caso se voltem a repetir”.

Abascal disse que o Vox apoia todas as manifestações “de resistência pacífica” à amnistia, que considerou um golpe de Estado e “um golpe contra a Constituição” espanhola.

O líder do Vox prometeu na segunda-feira que as “mobilizações contra o golpe vão ser constantes e crescentes”.

Além do Vox, também na segunda-feira o presidente do Partido Popular espanhol (PP, direita), Alberto Núñez Feijóo, prometeu contestação aos acordos do PSOE com os independentistas “com todos os recursos, em todas as instâncias e em todos os âmbitos”, incluindo nas ruas.

Feijóo afirmou que Espanha vive “o maior ataque ao Estado de Direito” da sua história democrática e anunciou manifestações em 52 cidades espanholas no próximo domingo.

Hoje, o PP realçou que não está por trás das manifestações convocadas para as imediações das sedes do PSOE, mas criticou a atuação a que “o Governo do PSOE obrigou” os agentes da polícia.

Os atos contra as sedes dos socialistas foram condenados por outros partidos além do PSOE e a Associação de Imprensa de Madrid denunciou que na segunda-feira houve equipas de televisão que não puderam trabalhar livremente por causa do assédio de alguns manifestantes em Madrid.

Na sequência das eleições espanholas de 23 de julho, o PSOE está a fechar acordos com partidos nacionalistas e independentistas catalães, bascos e galegos que permitirão a Pedro Sánchez, se se confirmarem todos, ser reconduzido como líder do Governo de Espanha.

Se até 27 de novembro não houver novo primeiro-ministro investido pelo parlamento, Espanha terá de repetir as eleições.

Últimas de Política Internacional

A Comissão Europeia vai levar Portugal ao Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) por falhas no combate à poluição das atividades industriais, foi esta quinta-feira divulgado em Bruxelas.
O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão disse hoje que as prioridades de cooperação com Portugal continuam a ser a educação e a justiça, apesar do aumento das áreas prioritárias no próximo programa estratégico.
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, anunciou hoje ter declarado o secretário-geral da ONU, António Guterres, "persona non grata" no país, criticando-o por não ter condenado o ataque massivo do Irão a Israel na noite de terça-feira.
O porta-voz militar israelita, Daniel Hagari, advertiu hoje que "haverá consequências" do ataque iraniano, que envolveu o lançamento de mísseis balísticos sobre Israel, mas intercetados pelo sistema de defesa antiaérea.
O exército israelita adiantou hoje que o Irão continua a disparar mísseis contra Israel, mas garantiu que as explosões que estão a ser ouvidas no país são provenientes de interceções de mísseis, cujos fragmentos acabam por cair no território.
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, ganhou hoje o Prémio Vaclav Havel de Direitos Humanos, atribuído anualmente pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.
O Alto-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, convocou para hoje uma reunião extraordinária por videoconferência dos ministros com a pasta da diplomacia, para discutir a situação no Líbano.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu hoje que o ataque à liderança do movimento xiita libanês Hezbollah criou um “novo equilíbrio de poder” na região do Médio Oriente que poderá permitir a Israel construir “novas alianças”.
A direita radical venceu as eleições legislativas de hoje na Áustria e, a confirmar-se este resultado, está a caminho de uma vitória histórica, segundo as projeções publicadas no final do escrutínio pela estação pública ORF.
Cada vez mais Estados-membros da União Europeia (UE), incluindo os ‘pesos pesados’ Alemanha e França, tencionam restringir políticas migratórias, com muitos a reclamarem mesmo uma revisão do Pacto para as Migrações e Asilo recentemente acordado.