PP leva dezenas de milhares às ruas e promete contestação até haver eleições

O Partido Popular de Espanha (PP, direita) prometeu hoje contestação à amnistia de independentistas catalães e ao Governo socialista até haver novas eleições, num dia em que levou às ruas de 52 cidades dezenas de milhares de pessoas.

©Facebook/NunezFeijoo

“Não nos vamos calar. Não nos calaremos até haver novas eleições e podamos outra vez votar porque o que se está a fazer é o contrário daquilo que votámos. Porque têm medo das eleições?”, disse o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, a 80 mil pessoas que se concentraram na praça central de Madrid Puerta del Sol e nas ruas das imediações, segundo dados oficiais das autoridades.

As manifestações em 52 cidades espanholas foram convocadas pelo PP para hoje, poucos dias antes de o socialista Pedro Sánchez ser reconduzido primeiro-ministro de Espanha, no parlamento, com o apoio de partidos nacionalistas e independentistas da Catalunha, Galiza e País Basco.

Entre os acordos do partido socialista (PSOE) com as formações catalãs há uma amnistia para os envolvidos na tentativa de autodeterminação da Catalunha que culminou com uma declaração unilateral de independência em 2017 e que é o principal foco de contestação por parte da direita e tem levado às ruas milhares de pessoas diariamente em diversas cidades.

A possibilidade da amnistia tinha sido rejeitada até às eleições de julho por Pedro Sánchez, que agora a justificou com o resultado das legislativas, em nome “da convivência” entre todos os espanhóis e como a forma de evitar um Governo em Espanha da direita.

“Os espanhóis têm o direito de opinar com toda a informação”, disse hoje Alberto Núñez Feijóo, que lembrou ainda que o PP foi o partido mais votado nas eleições de 23 de julho, mas os socialistas vão manter-se no poder porque Sánchez “comprou a investidura” com “a impunidade” de pessoas que violaram a lei e querem desmantelar Espanha, num ataque e humilhação, por outro lado, do poder judicial e da separação de poderes.

“Defendemos um estado de Direito, a democracia, e por isso dizemos não à amnistia, não à impunidade”, disse o líder do PP.

Para o PP, a ambição pessoal de Pedro Sánchez levou o líder socialista a fechar os acordos com os independentistas e a “sobredimensionar a representatividade” das forças separatistas, que com 6% dos votos vão poder “decidir por 100% de Espanha”.

“Nunca se viu tal coisa numa democracia ocidental. O independentismo está com menos apoio popular do que nunca, mas encontrou um atalho, a falta de escrúpulos de Sánchez”, defendeu Feijóo.

O líder do PP foi aplaudido pela multidão concentrada na manifestação de Madrid e recebido com gritos de “presidente”, depois de ter sido apresentado pela presidente da região autónoma, Isabel Díaz Ayuso, como “o líder da oposição em Espanha”.

Isabel Díaz Ayuso, um das dirigentes do PP com mais popularidade, considerou mesmo, entre aplausos e gritos de apoio dos manifestantes, que Sánchez tem um projeto de “totalitarismo” e “decidiu que nada nem ninguém lhe vai tirar o poder” e se vai manter à frente do Governo “com o preço que for preciso”.

“Sánchez para a prisão”, “Sánchez delinquente”, “Espanha não se rende” ou “Espanha não se vende” foram das frases mais gritadas pelos manifestantes em Madrid, num protesto dominado pelas bandeiras de Espanha, como é habitual nas mobilizações convocadas pelos partidos de direita.

O partido de direita Vox, a terceira maior força no parlamento espanhol juntou-se ao protesto e, ao contrário do PP, tem manifestado apoio às concentrações diárias em várias cidades espanholas convocadas nas redes sociais para o início da noite em frente de sedes do PSOE.

No caso de Madrid, estas concentrações já terminaram por diversas vezes com distúrbios e cargas policiais, além de marcarem presença grupos de pessoas com bandeiras, saudações e cânticos fascistas e da ditadura espanhola de Francisco Franco.

Feijó hoje pediu e insistiu por diversas vezes em que a resistência deve ser “firme e pacífica”.

Últimas de Política Internacional

O Parlamento Europeu defendeu hoje que apoiar a oposição venezuelana "é um dever moral" e pediu que as autoridades venezuelanas retirem o mandado de captura contra Edmundo González Urrutia, que reconhece como o Presidente legítimo.
Os Estados Unidos qualificaram esta quarta-feira o líder da oposição venezuelana, Edmundo Gonzalez Urrutia, como “presidente legítimo”, dois dias após a tomada de posse de Donald Trump, que confirma a posição do antecessor, Joe Biden.
A agência federal de Imigração e Alfândega norte-americana (ICE, na sigla em inglês) deteve 308 imigrantes ilegais, incluindo acusados de homicídio e violação, no primeiro dia completo de Donald Trump na Presidência, indicou o responsável pela fronteira.
A Rússia advertiu hoje que o conflito com a Ucrânia, que invadiu há três anos, só poder ser resolvido com base em acordos juridicamente vinculativos e com mecanismos que impossibilitem serem violados.
A chefe da diplomacia europeia considerou hoje que os Estados Unidos da América (EUA) são o parceiro “mais forte” da União Europeia e que o Presidente Donald Trump tem razões para criticar a falta de investimento europeu em defesa.
A Rússia admitiu hoje que se abriu "uma pequena janela de oportunidade" para acordos com os Estados Unidos com a chegada ao poder de Donald Trump, que prometeu acabar com a guerra na Ucrânia.
O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, convocou pela primeira vez Vladimir Putin para encontrar um acordo de paz com a Ucrânia, sob pena de a Rússia correr o risco de ser destruída.
O Presidente russo, Vladimir Putin, felicitou hoje Donald Trump pela sua iminente tomada de posse como 47.º Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), manifestando a sua vontade de retomar "contactos diretos" com a Casa Branca.
O vice-presidente chinês Han Zheng apelou às empresas norte-americanas para “aproveitarem a oportunidade” de reforçar os laços económicos com a China, num encontro com o empresário Elon Musk, avançou hoje a imprensa chinesa.
O Presidente da Argentina, Javier Milei, reuniu-se em Washington com a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, com quem acordou o lançamento de um novo programa para o país.