Liga denuncia que bombeiros percorrem 150 KM com doente suspeito de AVC em ambulância

A Liga dos Bombeiros Portugueses indicou hoje que as situações mais complicadas nas urgências hospitalares são em Santarém, Lisboa e Guarda, denunciando que os bombeiros chegam a percorrer 150 quilómetros com um doente com suspeitas de AVC numa ambulância.

© D.R.

“Há distritos onde a situação é mais complicada. A zona Santarém é uma zona complicada, Lisboa é uma zona complicada, não pelas distâncias, mas pela alternância da abertura e encerramento das urgências e depois na região da Guarda tem havido situações muito complexas porque alguns doentes que estavam para ir para o hospital da Guarda, vão para a Covilhã e algumas vezes acabam em Coimbra”, disse o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).

António Nunes falava aos jornalistas após três dirigentes da LBP terem entregado no Ministério da Saúde uma carta de protesto devido à situação “bastante complexa” que as corporações de bombeiros estão a passar por causa dos constrangimentos nas urgências hospitalares, que são “situações diárias e periódicas”.

O responsável afirmou que os problemas nas urgências hospitalares têm provocado “uma situação de crise nas corporações de bombeiros”, tendo em conta as distâncias que percorrem e o tempo de espera nos hospitais, o que corresponde “a desguarnecer as áreas de atuação dos corpos de bombeiros voluntários”.

“Não podemos correr o risco de um cidadão requisitar uma ambulância num corpo de bombeiros e ela não existir porque está deslocada a 150 ou 200 quilómetros de distância ou que haja situações, em que a determinada altura, temos que estar 30 ou 40 minutos a aguardar que o INEM diga para onde é que vai o doente ou chegaram a uma urgência hospitalar e depois não é naquela, mas outra”, precisou.

António Nunes explicou que há casos em que os sinistrados chegam a estar dentro de “uma ambulância de um corpo de bombeiros 30 ou mais minutos a aguardar a indicação” do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM sobre qual o hospital para onde devem ser encaminhados de ambulância e, “depois ainda têm de percorrer 100 quilómetros”.

“Isto é inaceitável”, disse, acrescentando que há situações em que as ambulâncias dos bombeiros vão à porta do hospital buscar doentes para os transportar para outras unidades.

O presidente da Liga denunciou igualmente que a Via Verde AVC foi criada para que haja uma celeridade, mas agora os bombeiros têm situações de terem nas ambulâncias doentes com suspeitas de AVC (Acidente Vascular Cerebral) a percorrem 150 quilómetros.

António Nunes sublinhou que esta situação é “de crise e que urge tomar medidas pontuais”, indicando que “já passaram praticamente dois meses” desde o início dos problemas nas urgências.

Na carta, a LBP propõe ao ministro da Saúde “seis medidas extraordinárias”, nomeadamente que o INEM dê orientações ao CODU para acelerar o atendimento das equipas de emergência pré-hospitalar e informe com celeridade qual o hospital de referência e que a Direção Executiva do SNS promova as diligências necessárias para que as ambulâncias sejam libertadas das urgências hospitalares no mais curto período, sendo que não pode ultrapassar uma hora.

Outro dos motivos da carta de protesto está relacionado com as comparticipações pagas pelo Estado aos serviços prestados pelos bombeiros no âmbito da saúde, nomeadamente transporte de doentes e missões de socorro pré-hospitalar.

“A Assembleia da República, em 2020, já tinha deliberado que se tem de pagar a tempo e horas e não está a acontecer”, disse António Nunes, indicando que a dívida que o Ministério da Saúde tem para com os bombeiros é atualmente de 25 milhões de euros, uma situação que é recorrente.

Na missiva, a LBP ameaça também com medidas de protesto, como recusa no transporte de doentes com altas hospitalares, caso não sejam resolvidos os problemas.

“Os bombeiros não vão fazer altas hospitalares e, nesse dia, já sabemos que vai ser resolvida a situação. Não gostaríamos que isso acontecesse porque, como é evidente, os hospitais já estão um caos e, se os bombeiros não retirarem, os doentes que têm alta dos hospitais, o caos ainda será maior”, disse.

Cerca de 90% das emergências hospitalares sã feitas pelas ambulâncias dos bombeiros.

Últimas do País

Um homem de 38 anos indiciado pela prática de um crime de roubo qualificado e diversos furtos, foi detido pela PSP de Coimbra e, após ter sido presente a tribunal, ficou em prisão preventiva, anunciou hoje aquela polícia.
Cerca de 95% dos portugueses respondeu “não” à pergunta "Concorda com o aumento dos salários dos políticos?", contra 5% que respondeu “sim”.
O diretor dos Serviços de Informações de Segurança (SIS), Adélio Neiva da Cruz, afirmou hoje que "há ataques provenientes de atores estatais que têm por objetivo a soberania de Portugal", e que pretendem "a recolha de informação confidencial".
A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) denunciou hoje que há uma tentativa de atribuição automática de utentes sem médico de família a clínicos que já atingiram o limite de beneficiários nas suas listas.
A PSP deteve hoje três pessoas numa operação que às 08:00 ainda decorria em bairros de Oeiras e Amadora, distrito de Lisboa, no âmbito dos tumultos que se seguiram à morte de Odair Moniz no bairro da Cova da Moura.
As Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores registam este ano os maiores aumentos nas iluminações de Natal e 13 das 16 capitais de distrito vão gastar verbas superiores às despendidas em 2023.
Os médicos devem apresentar “escusas de responsabilidade” sempre que se deparem com “equipas insuficientes” e “sem condições de trabalho”, defendeu hoje a FNAM, que também decidiu o prolongamento da greve às horas extraordinárias nos centros de saúde.
O abandono escolar, as limitações da ação social ou o acesso ao ensino superior serão debatidos este fim-de-semana por associações de estudantes de todo o país, que no final apresentarão propostas de alteração às atuais políticas públicas.
Uma tentativa de assalto falhada a uma gasolineira em Vila Real causou, esta madrugada, um morto e feriu gravemente um militar da GNR, que tentou impedir o crime, disseram fontes da Proteção Civil e da Guarda à Lusa.
A Frente Cívica alertou para a existência de muito mais riscos de corrupção em Portugal com o aumento das verbas da União Europeia.