Diretor de agência da ONU descreve Gaza como “o Inferno na Terra”

O diretor da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA, na sigla inglesa) descreveu hoje a cidade de Gaza como "o Inferno na Terra".

© Facebook da United Nations

Philippe Lazzarini escreveu a impressão na rede social X (ex-Twitter), após uma visita ao território palestiniano que tem sido intensamente bombardeado por Israel há mais de dois meses.

“De volta a Gaza, a tragédia está a piorar cada vez mais. As pessoas estão por todo o lado, vivem nas ruas, não têm nada. Imploram por segurança e pelo fim deste Inferno na Terra. Estamos a pedir o impossível aos nossos colegas, nesta situação impossível”, declarou Lazzarini.

As palavras de Lazzarini surgem no mesmo dia em que o exército israelita voltou a intensificar a ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza sitiada, onde, sublinhou o responsável da ONU, a população civil tenta escapar às bombas em condições humanitárias cada vez mais desesperadas.

Combates terrestres, acompanhados de ataques aéreos mortais, estão a decorrer entre soldados israelitas e combatentes islamistas na zona de Khan Younès, a grande cidade do sul, onde centenas de milhares de civis se refugiaram depois de fugirem da guerra no norte do território palestiniano.

Forçados a fugir novamente, dezenas de milhares de pessoas estão agora abrigadas em campos improvisados na cidade vizinha de Rafah, na fronteira com o Egito, onde os alimentos são escassos, apesar da distribuição limitada de ajuda humanitária.

No norte da Faixa de Gaza, o Ministério da Saúde do Hamas declarou que o exército tinha lançado um ataque contra o hospital Kamal Adwan na terça-feira, depois de o ter “cercado e bombardeado” durante vários dias.

Desde o início da guerra, vários hospitais de Gaza foram afetados pelos combates, com Israel a acusar o Hamas de aí instalar infraestruturas e de utilizar civis como “escudos humanos”.

Segundo a ONU, mais de metade das casas foram destruídas ou danificadas pela guerra na Faixa de Gaza, onde 1,9 milhões de pessoas – 85% da população – foram deslocadas.

Rafah, no sul da Faixa de Gaza e que faz fronteira com o Egito, foi transformada num gigantesco campo de refugiados, onde centenas de tendas foram erguidas à pressa com restos de madeira, lonas de plástico e lençóis.

“Há cada vez mais pessoas que não comem há um dia, dois dias, três dias? Falta tudo às pessoas”, declarou Lazzarini na segunda-feira.

“Não há higiene, não há comida, não há água… Não temos acesso a pensos higiénicos, temos de usar trapos”, lamentou uma jovem de 18 anos, Samar Shalhoub.

A 08 de outubro, um dia após o inédito e surpreendente ataque do Hamas a Israel, Telavive impôs um cerco total à Faixa de Gaza.

Segundo a ONU, continuam a chegar alimentos, medicamentos e combustível do Egito, mas a ajuda não pode ser transportada para além de Rafah, uma vez que o acesso ao norte foi cortado pelos combates.

A ONU e as organizações humanitárias instaram Israel, que controla a entrada de ajuda humanitária, a permitir a entrada de mais camiões no território.

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, mais de 18.200 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza, na sua grande maioria mulheres e menores de 18 anos, pelos bombardeamentos israelitas desencadeados pelo ataque do movimento islamita.

Em Israel, o ataque matou 1.200 pessoas, na sua maioria civis, segundo as autoridades.

Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas, que está no poder na Faixa de Gaza desde 2007 e é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia (UE).

Paralelamente à sua campanha de ataques aéreos devastadores, o exército conduz desde 27 de outubro uma ofensiva terrestre contra o Hamas, inicialmente concentrada no norte de Gaza e depois alargada a todo o território.

Segunda-feira, o exército israelita declarou que 104 soldados morreram desde o início dos combates terrestres em Gaza.

Uma trégua de sete dias, de 24 de novembro a 01 de dezembro, permitiu a libertação de 105 reféns detidos pelo Hamas e grupos afiliados, enquanto 137 reféns continuam detidos em Gaza.

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