“Não há condições políticas” para regresso do Serviço Militar Obrigatório

O ministro da Defesa Nacional admitiu que “hoje não há condições políticas” para voltar a impor o Serviço Militar Obrigatório (SMO), sugerindo que os jovens que optem pelas Forças Armadas tenham melhores condições de entrada na universidade ou função pública.

© D.R.

Num jantar-conferência 13.ª edição da Universidade Europa, uma iniciativa de formação política do PSD, Nuno Melo defendeu ainda que o serviço militar poderia ser uma alternativa para jovens que cometem pequenos delitos em vez de serem colocados em instituições que, “na maior pare dos casos, só funcionam como uma escola de crime para a vida”.

“Quantos destes jovens é que, se em vez de estarem institucionalizados sem nenhumas condições, pudessem cumprir um serviço militar, ter oportunidade de um exercício de formação, de autoridade, de valores, não poderiam ser mais tarde cidadãos muito melhores e simplesmente não lhes foi dada essa oportunidade?”, questionou.

Quer na sua intervenção inicial, quer na resposta às perguntas dos “alunos” desta iniciativa de formação política, o ministro da Defesa rejeitou o regresso de uma obrigatoriedade do serviço militar.

“Nós não precisamos de um Serviço Militar Obrigatório, não há sequer neste momento condições políticas para impor um SMO. Mas há um conjunto de possibilidades que passam por situações já experimentadas noutros países, como a Suécia”, disse.

Nuno Melo exemplificou que “um ano de experiência militar voluntária” que, no final, pudesse dar aos jovens “mais facilidade em entrar numa universidade” ou em “integrar a função pública em determinadas áreas” poderia ser “uma forma” dos que que gostassem da vida militar acabarem por celebrar um contrato com as Forças Armadas.

“Temos é de criar condições para que os jovens possam ter esta opção que tem de ser atrativa e nós vamos tentar fazê-lo”, afirmou, apelando até aos cerca de 70 jovens presentes na Universidade Europa que “façam essa experiência”.

“Ajudem a mostrar a um país inteiro que as Forças Armadas não são uma coisa do passado, mas a nossa identidade. Garanto-lhes que muitos de vós iriam gostar”, reforçou.

Num jantar com o tema “A UE da Defesa e da Segurança”, o ministro alertou ainda para o que considerou ser uma injustiça no tratamento dado aos militares quando combatem incêndios.

“A única diferença é que enquanto um bombeiro no combate aos fogos e outras entidades têm por isso um suplementos que lhes é atribuído – e bem, porque falamos de funções de grande perigosidade – um militar faz rigorosamente a mesma coisa e não recebe mais por isso e essa é uma das coisas que eu quero mudar”, afirmou.

Nuno Melo reiterou o compromisso do Governo PSD/CDS em “fazer justiça” aos antigos combatentes e deixou críticas aos executivos do PS em matéria de Defesa.

“De cada vez que a esquerda governou, as Forças Armadas ficaram a marcar passo”, criticou, lamentando os que colocaram o investimento feito nos submarinos “do lado do anedotário”.

O ministro da Defesa Nacional apontou a NATO como a primeira garantia da paz global e prometeu que o país vai “com realismo” caminhar para o compromisso de investir 2% do Produto Interno Bruto na Defesa e reforçar as apostas no ensino universitário militar e na indústria militar.

Nuno Melo lembrou ainda o papel de Gouveia e Melo, ex-coordenador do Plano de Vacinação contra a COVID-19, hoje Chefe do Estado-Maior da Armada.

“Com a covid, as coisas correram bem porque a pessoa que esteve responsável teve capacidade, mas teve capacidade também porque é militar. Quem conheça a cultura militar sabe que é feita de planeamento, de metas que são traçadas e cumpridas ao milímetro”, disse.

No final do jantar-conferência, o também líder do CDS-PP lembrou que as eleições europeias se realizem dentro de mês e meio e deixou um apelo aos jovens que participam nesta 13.ª edição da Universidade Europa: “Nós temos de ganhar e isso passa por muito de vós”, disse.

As eleições europeias realizam-se em Portugal em 09 de junho e PSD, CDS-PP e PPM voltarão a concorrer numa lista conjunta da coligação Aliança Democrática (AD).

Últimas de Política Nacional

A maioria parlamentar rejeitou hoje uma amnistia no âmbito dos 50 anos do 25 de Abril, solicitada numa petição à Assembleia da República e apoiada por um projeto de lei do BE, que exclui os crimes graves.
As eleições autárquicas vão realizar-se em 12 de outubro, anunciou hoje o ministro da Presidência, na conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros.
O CHEGA requereu a audição do ministro da Agricultura e Mar no parlamento para dar explicações aos deputados sobre o que considera "a flagrante incapacidade de gestão técnica, operacional e financeira do PDR 2020 e do Pedido Único 2025".
O Presidente do CHEGA disse hoje que na quinta-feira irá encontrar-se com o primeiro-ministro e espera chegar a um entendimento quanto às alterações à legislação sobre nacionalidade e imigração e também no que toca à descida do IRS.
O CHEGA quer um desagravamento do IRS maior do que o proposto pelo Governo entre o segundo e o quinto escalões, defendendo que desta forma se repõe "a justiça fiscal" para as famílias da "classe média e média baixa".
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, submeteu pedidos de oposição à consulta pública das suas declarações de rendimentos, que está suspensa até uma decisão final do Tribunal Constitucional, divulgou a Entidade para a Transparência (EpT).
A conferência de líderes parlamentares marcou hoje a eleição do novo provedor de Justiça para o próximo dia 16, candidato que deverá ser proposto pelo PS e que terá de alcançar uma aprovação por dois terços.
O antigo presidente da Assembleia da República Augusto Santos Silva anunciou hoje que não se vai candidatar às eleições presidenciais do próximo ano.
O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, lamentou hoje que o atual Governo tenha convocado a concertação social sem acertar a data com os parceiros, ao contrário do que faziam executivos anteriores.
O Presidente do CHEGA afirmou hoje retirar Portugal da Convenção Europeia, se liderar o Governo e o ex-primeiro-ministro José Sócrates ganhar o processo no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, e assegurou que não lhe pagará qualquer indemnização.