Sindicato dos Jornalistas considera “grave” nova lei que limita acesso às declarações de património dos políticos

O Sindicato dos Jornalistas considerou hoje que a nova lei que limita o acesso às declarações de património dos políticos “é grave” por condicionar a liberdade de imprensa, esperando que se trate de “excesso de zelo”.

© D.R.

“Uma democracia saudável só vive com jornalismo livre, independente, com jornalistas com acesso a documentação e, portanto, o que nós iremos fazer é sensibilizar o Governo, os diversos partidos políticos, que não é limitando o trabalho do jornalista, não é pondo barreiras à liberdade de informar que nós vamos ganhar seja o que for”, afirmou o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Filipe Simões, em declarações à agência Lusa.

De acordo com o jornal Expresso, as declarações únicas de rendimentos, património, interesses, incompatibilidades e impedimentos dos membros do XXIV Governo estão disponíveis há menos de um mês, listadas na plataforma eletrónica da Entidade para a Transparência (EpT), mas com limitações, uma vez que a consulta, que pode ser pedida por qualquer cidadão, passou a exigir um “requerimento fundamentado”, conforme prevê a lei n.º 52/2019, aprovada por uma larga maioria no parlamento.

No caso dos órgãos de comunicação social, a indicação de pesquisa para peça jornalística não é suficiente, porque a EpT está a enviar pedidos de esclarecimento pelo menos a jornalistas, exigindo uma explicação mais alargada para perceber o objetivo da consulta.

Confrontado com esta notícia, o presidente do Sindicato dos Jornalistas disse que esta “é uma matéria muito sensível e é grave que seja apresentado assim como uma tentativa de limitar o trabalho jornalístico”.

Neste âmbito, Luís Filipe Simões sugeriu uma clarificação da nova lei sobre o acesso às declarações de património dos políticos para se perceber “se é um excesso de zelo ou se passará a ser uma prática”, bem como verificar junto de jornalistas se esse acesso está, de alguma forma, a ser dificultado nos últimos tempos.

“Se de há alguns anos a esta parte estiver a ser dificultado o acesso, creio que, nesse caso, os jornalistas têm de reagir e dizer que não é possível que possa ser assim numa democracia que queremos saudável”, declarou, considerando que da forma como a nova lei está exposta “é claramente condicionar a liberdade de imprensa”.

O representante dos jornalistas reforçou que, “em Portugal, um jornalista não tem de justificar porque é que pede um acesso a documentos que devem ser públicos”.

“Estamos a falar de políticos, muitas vezes detentores de cargos públicos, e é bom que a transparência esteja acima de tudo, portanto o trabalho jornalístico, que ainda por cima está consagrado na Constituição, não requer explicações sobre o motivo do acesso a documentos administrativos”, frisou, referindo que a nova lei “é quase uma interferência à política editorial e à liberdade de um jornalista”.

Esperando que a nova legislação seja apenas um reflexo de “excesso de zelo”, Luís Filipe Simões sublinhou que limitar o trabalho jornalístico desta forma não é o caminho mais correto, porque representa “andar para trás quando cada vez mais é preciso transparência”.

“Diria que até era bom que o acesso fosse generalizado […]. Os jornalistas têm um código deontológico a cumprir, tem o dever de informar, tem o trabalho muito escrutinado. Não me parece que haja qualquer razão para colocar barreiras no acesso a este tipo de documentos. As declarações creio que devem ser públicas, tem de ser públicas e o acesso dos jornalistas creio que não pode ser vedado, sob pena de estarmos a promover um ataque à liberdade total de imprensa, que é, numa sociedade como a nossa, um valor primeiro, bem que o devemos preservar”, realçou.

Últimas do País

A área ardida até 30 de novembro foi a quarta mais elevada desde 2001, com 270.000 hectares em 8.284 sinistros, e a segunda pior na década, só superada em 2017, segundo o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais.
O advogado Paulo Abreu dos Santos, com passagem pelo Governo, foi detido por centenas de crimes ligados à pornografia de menores e a abusos sexuais de crianças, alguns alegadamente praticados e registados pelo próprio.
O Serviço Regional de Proteção Civil (SRPC) da Madeira registou até às 12h00 deste sábado um total de 185 ocorrências relacionadas com as condições meteorológicas adversas nesta região.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) reclamou, este sábado, o pagamento imediato da dívida de 30 milhões de euros às corporações respeitante ao transporte de doentes urgentes para os hospitais e pediu para ser ouvida em qualquer reforma do setor.
Dois homens foram detidos na quinta-feira no concelho de Cantanhede por suspeita de tráfico de estupefacientes, informou hoje a GNR de Coimbra.
Os ministros das pescas europeus chegaram hoje a um acordo sobre as capturas em 2026, com uma previsão de reduzir o volume global, nalguns casos com impacto em Portugal, como é o caso do carapau, solha ou linguado.
O ministro da Educação, Ciência e Inovação anunciou esta sexta-feira que o Governo vai pagar aos professores 30 milhões de euros por horas extraordinárias acumuladas desde 2018, que, erradamente, não tinham sido pagas.
Um sismo de magnitude 4,1 ocorreu este sábado em Celorico da Beira e foi sentido em vários concelhos dos distritos da Guarda, Aveiro, Castelo Branco, Vila Real e Viseu, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O tempo médio de espera para doentes não urgentes atingia este sábado as 10 horas no Amadora-Sintra, com os urgentes (pulseira amarela) a esperarem mais de seis horas.
As burlas foram responsáveis no ano passado por um prejuízo patrimonial superior a 65 milhões de euros, menos 41% face a 2023, uma diminuição que acompanha o decréscimo das denúncias deste tipo de crime em 2024, revela a PSP.