Numa posição escrita enviada à agência Lusa, o presidente da Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF) explicou que os cancelamentos “sucederam-se sucessivamente” devido ao “acesso interdito aos trilhos” ou às áreas “inacessíveis pelo fogo na cordilheira montanhosa central” da ilha.
“Será necessário que o próprio governo [regional] e as instituições responsáveis concluam as suas avaliações (algumas já em curso com caráter urgente) para serem lançados os eventuais concursos de obra de reparação/restauração de modo a possibilitar a abertura célere e em segurança dos percursos populares mais afetados”, defendeu Jorge Veiga França.
O representante adiantou que os cancelamentos dos serviços dos prestadores de atividades de animação turística em terra deverão rondar os 90%, mas avançou que a ACIF lançou um inquérito para detalhar os eventuais prejuízos causados pelo incêndio.
“Presume-se que os cancelamentos a que têm sido sujeitos vários negócios de AL [Alojamento Local] e estabelecimentos hoteleiros, sobretudo em localidades fora do Funchal, possam ser melhor contabilizados na sequência do inquérito que lançamos”, acrescentou.
Na segunda-feira, a associação representativa do setor tinha dito que, até àquela altura, o incêndio não estava a ter impacto na atividade turística, ao contrário dos ventos fortes que condicionaram a operação no aeroporto do Funchal.
Hoje, em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Santana disse não acreditar que “nos próximos tempos existam condições de segurança” para reabrir os percursos da Achada do Teixeira ao Pico Ruivo, do Pico Ruivo ao Pico do Areeiro e do Pico Ruivo à Encumeada e Curral das Freiras.
O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou a 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. Hoje de manhã, ao 11.º dia, a Proteção Civil regional indicou que o fogo está controlado e que os operacionais se mantêm no terreno em operações de rescaldo, controlando alguns pontos quentes.
Nestes dias as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa.
O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o governo regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais.
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.045 hectares de área ardida.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.