Juiz do Supremo espanhol reitera recusa de amnistia a Puigdemont

O juiz do Tribunal Supremo de Espanha que tutela o caso do independentista Carles Puigdemont reiterou hoje a recusa de amnistia para o político catalão, numa decisão que pode ser objeto de recurso.

© Facebook/KRLSPuigdemont

É a segunda vez que o juiz Pablo Llarena recusa aplicar a Puigdemont a lei de amnistia para independentistas catalãoes aprovada em maio pelo parlamento espanhol.

Depois de uma primeira decisão nesse sentido, a defesa de Puigdmont e o Ministério Público apresentaram recursos, mas o juiz confirmou hoje a recusa de amnistiar o independentista.

Puigdemont pode agora recorrer para uma secção superior dentro do Tribunal Supremo e, a seguir, se se confirmar a rejeição da amnistia, para outras instâncias, como o Tribunal Constitucional ou a justiça europeia.

O juiz Pablo Llarena tem invocado que a lei de amnistia que foi aprovada não abrange o crime de peculato (mau uso de verbas públicas) de que está acusado Puigdemont, que vive desde 2017 na Bélgica para fugir à justiça espanhola depois de ter protagonizado naquele ano uma declaração unilateral de independência da Catalunha.

A acusação por peculato decorre do uso de verbas públicas para a organização de um referendo ilegal sobre a independência da Catalunha em outubro de 2017, quando Puigdemont era presidente do governo autonómico.

A lei de amnistia estabelece que não são amnistiáveis os crimes de peculato quando houve “propósito de obter um benefício pessoal de caráter patrimonial” e é esta a justificação usada pelo juiz para recusar a aplicação a Puigdemont, naquilo que os advogados do dirigente independentista consideram ser uma “grotesca arbitrariedade” do magistrado.

O juiz do Supremo invoca que a lei de amnistia não estabeleceu que todos os crimes de peculato cometidos para organizar o referendo eram amnistiáveis e que os acusados “decidiram imputar aos fundos públicos fornecidos pelos contribuintes os custos” da consulta, o que foi ilegal, contrariou a Constituição espanhola e o Estatuto da Catalunha e não cabia nas competências do governo autonómico.

A decisão do juiz Llarena – que abrange outros dirigentes independentistas catalães além de Puigdemont – contradiz também decisões tomadas por magistrados de outras instâncias, como o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha, que já aplicaram a amnistia a pessoas que tinham sido condenadas ou estavam acusadas pelo mesmo crime.

O parlamento espanhol aprovou em 30 de maio a amnistia para separatistas da Catalunha condenados, acusados ou procurados pela justiça por causa da tentativa de autodeterminação da região que culminou com o referendo ilegal e a declaração unilateral de independência em 2017.

A amnistia foi uma exigência dos partidos independentistas Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e Juntos pela Catalunha (JxCat, de Carles Puigdemont) para viabilizarem o último Governo espanhol, do socialista Pedro Sánchez, em novembro passado.

A nova “lei orgânica de amnistia para a normalização institucional, política e social na Catalunha” foi publicada no dia 11 de junho e entrou imediatamente em vigor, cabendo agora aos juízes a aplicação, apreciando caso a caso.

Até agora, a justiça tem recusado aplicar a amnistia a Puigdemont, que continua a ser alvo de um mandado de detenção em território espanhol.

Apesar disso, Puigdemont esteve em Barcelona em agosto passado sem ter sido detido.

Após fazer um pequeno comício na cidade, transmitido em direto nas redes sociais e pelas televisões, Puigdemont voltou a escapar à polícia e regressou à Bélgica.

A lei de amnistia, apesar de ter o apoio da maioria dos catalães, dividiu os espanhóis nos últimos meses, como demonstram todas as sondagens e estudos de opinião, assim como magistrados e juristas, e levou dezenas de milhares de pessoas às ruas, em manifestações de protesto convocadas pelo Partido Popular (PP, direita) e pelo Vox (direita radical).

Últimas do Mundo

Cerca de 120 mil pessoas permanecem abrigadas em centros de evacuação ou com familiares em Cuba, após a passagem do furacão Melissa pela costa leste da ilha, na quarta-feira passada, segundo dados preliminares.
Um britânico de 32 anos foi esta segunda-feira, 3 de novembro, acusado por tentativa de homicídio durante um ataque num comboio no sábado que resultou em 11 feridos, um dos quais continua em estado grave, anunciou a polícia.
A rede social LinkedIn começou esta segunda-feira a usar dados dos utilizadores para treinar o seu modelo de inteligência artificial (IA), mas existem medidas para impedir essa recolha, incluindo um formulário e a desativação nas definições de privacidade da plataforma.
O presidente do governo da região espanhola de Valência, Carlos Mazón, demitiu-se hoje do cargo, reconhecendo erros na gestão das cheias que mataram 229 pessoas em 29 de outubro de 2024.
Os países da OCDE, como Portugal, receberam, nos últimos 25 anos, mais de metade de todos os migrantes internacionais do mundo, avança um relatório hoje divulgado.
Um em cada cinco médicos e enfermeiros a trabalhar nos sistemas de saúde dos 38 países-membros da OCDE, como Portugal, é migrante, avança um relatório hoje divulgado pela organização.
Uma em cada três empresas alemãs prevê cortar postos de trabalho em 2026, segundo a sondagem de expetativas de outono apresentada hoje pelo Instituto da Economia, próximo do patronato germânico.
Mais de 50 pessoas morreram devido à passagem do furacão Melissa na região das Caraíbas, principalmente no Haiti e na Jamaica, onde as equipas de resgate esforçam-se por chegar às áreas mais afetadas e isoladas.
O elevado custo de vida e a segurança estão no topo das preocupações de vários jovens portugueses a viver em Nova Iorque, que não poderão votar na eleição para 'mayor', mas que serão afetados pela decisão dos eleitores.
Mais de 527 mil estrangeiros em situação irregular foram expulsos dos EUA desde o início do segundo mandato de Trump, incluindo criminosos perigosos. Entre eles, Bou Khathavong, responsável pelo homicídio de um adolescente em 1994, foi finalmente enviado para o Laos.