Magistrados queixam-se de trabalhar em acumulação e receber dois anos e meio depois

O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) denunciou hoje que a classe tem trabalhado em regime de acumulação, por falta de recursos humanos, mas que os pagamentos por estes serviços levam cerca de dois anos e meio.

© D.R.

Face a esta realidade, refletida num levantamento/inquérito que o SMMP fez junto dos seus associados, o sindicato decidiu expor o problema ao Procurador-Geral da República (PGR), ao Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), à Direção-Geral da Administração da Justiça e ao Ministério da Justiça, “já que a situação entronca com competências não esclarecidas entre organismos”.

Num comunicado enviado à agência Lusa, o SMMP adianta que fez também um pedido de audiência à ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, para “tratar especificamente” este problema.

Considerando “a gravíssima falta de pagamento do trabalho já prestado”, a direção nacional do SMMP sublinha que “a acumulação de serviço é um instrumento de mobilidade e gestão processual e destina-se a satisfazer necessidades pontuais de serviço”, mas que, “apesar da excecionalidade conferida pela lei, o certo é que, por todo o país, com maior incidência no Porto e em Lisboa, tem-se recorrido a este instrumento para suprir necessidades reais e efetivas de serviço, resultantes da falta de recursos humanos e desadequação dos quadros complementares”.

Contudo, vinca o sindicato, os magistrados “não têm vindo a ser pagos pelo trabalho desempenhado” e expõem os números recolhidos, para os quais contribuíram magistrados das comarcas do continente e ilhas.

Neste inquérito, o sindicato apurou que “o tempo médio entre a ordem de serviço do superior hierárquico e a deliberação/acórdão do CSMP que determina a acumulação de funções é de 196 dias”.

O tempo médio entre a emissão do parecer do CSMP que fixa a proporção mensal da remuneração e o despacho do Ministério da Justiça de fixação do pagamento pela acumulação de funções é de 216 dias, sendo que “o tempo médio entre o despacho do Ministério da Justiça de fixação do pagamento e o efetivo pagamento pela DGAJ é de 479 dias”, refere o sindicato.

Em conclusão, o SMMP afirma que, “desde o tempo em que o magistrado começa a acumular funções até ao pagamento pela DGAJ medeiam 891 dias — ou seja, dois anos, cinco meses e 11 dias”.

“Esta situação é manifestamente incomportável. Não é exigível impor aos magistrados este acréscimo de trabalho, sem que sejam, devida e atempadamente, compensados por tal esforço”, argumenta o sindicato.

A estrutura sindical sublinha que, “apesar do paralelismo das magistraturas e da aparente similitude de redação das normas dos respetivos estatutos, a circunstância de o CSM dispor de autonomia financeira, permite-lhe decidir o pagamento imediato, pelo mínimo legal, aos juízes mal comecem a exercer funções.

Contudo, na prática, acentua o sindicato, “um juiz e um procurador que iniciam acumulação de serviço ao mesmo tempo, são pagos com cerca de dois anos de diferença”, pois “o juiz recebe de imediato 1/5, enquanto o procurador terá de aguardar todo procedimento referido até começar a receber, se e quando receber”.

“Não nos podemos conformar com esta discrepância que coloca em causa o próprio paralelismo das magistraturas. Com efeito, nenhum normativo exige que o magistrado tenha de aguardar até ao fim da acumulação para ter direito a receber”, conclui o SMMP.

Últimas do País

O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, diz que a inteligência artificial (IA) não pode substituir um médico, alertando que ferramentas como o ChatGPT não estão habilitadas a fazer diagnósticos médicos.
O Tribunal de Leiria condenou hoje um instrutor de artes marciais na pena única de três anos de prisão, suspensa na sua execução, por crimes de importunação sexual e abuso sexual de crianças, no concelho de Alcobaça.
Trabalhadores de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) ao serviço do Governo Regional e Segurança Social nos Açores são penalizados em cerca de 600 euros por exercerem funções públicas sem equiparação aos colegas, alertou hoje fonte sindical.
O presidente da Junta de Freguesia da Luz, na ilha Graciosa, nos Açores, anunciou hoje que vai recorrer da decisão do tribunal que o condenou por peculato e falsificação de documentos, alegando que foi “injustamente sentenciado”.
A Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto (APDMGP) denunciou hoje a crescente dificuldade das grávidas em agendar consultas nos cuidados de saúde primários, resultando na falta de exames essenciais durante o primeiro e segundo trimestres.
A Polícia Judiciária deteve em Lisboa uma pessoa procurada pelas autoridades brasileiras por ter sido condenada a 10 anos de prisão por extorsão de natureza sexual.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve, no Algarve, cinco mulheres que vendiam imóveis ‘online’ a investidores estrangeiros, sem conhecimento dos proprietários, e que são suspeitas de crimes que terão provocado prejuízos superiores a sete milhões de euros.
Os trabalhadores da Administração Pública vão estar em greve no dia 16 de maio e são esperados impactos em serviços públicos nos setores da educação, saúde, Autoridade Tributária e Instituto dos Registos e do Notariado (IRN).
O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, Mendonça e Moura, salientou junto do comissário europeu da tutela, Christophe Hansen, a importância de um orçamento autónomo, forte e dedicado para a agricultura da União Europeia (UE).
O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) negou hoje provimento ao recurso da mãe de Jéssica Biscaia e confirmou a sua condenação a 25 anos de prisão, por omissão de auxílio à filha, vítima de homicídio por maus-tratos em Setúbal.