Associação quer mais medidas para crianças vítimas de violência doméstica

A União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) exigiu hoje "mais medidas efetivas" que garantam a proteção de crianças vítimas de violência doméstica e revelou que desde 2021 acompanhou 146 menores naquele contexto.

© D.R.

Em conferência de imprensa, a UMAR esclareceu que aquelas crianças foram acompanhadas no âmbito da sua unidade de Respostas de Acompanhamento Psicológico (RAP), uma das cinco existentes na Área Metropolitana do Porto, e que todas foram sujeitas a violência psicológica, 42 a violência física, e 14 a violência sexual.

No dia em que se assinala o Dia Internacional dos Direitos Humanos e em que termina a campanha internacional “16 Dias de Ativismo contra a Violência de Género”, a coordenadora do centro de atendimento da UMAR no Porto salientou a necessidade de “maior e melhor intervenção” junto das vítimas.

“A luta contra a violência doméstica não se limita às mulheres, as crianças precisam de ser protegidas e uma das vertentes dessa proteção passa pelo afastamento do agressor”, defendeu Ilda Afonso.

Segundo a UMAR, das 146 crianças que seguiu, 55% são do sexo feminino, 45 do sexo masculino e 91% foram vítimas de um agressor masculino: “Na grande maioria dos casos o agressor é o pai e não são afastadas dele porque, mesmo em caso de separação dos pais, são obrigadas a conviver com o agressor em visitas que não são supervisionadas”, lamentou a psicologa encarregue da RAP da UMAR, Fábia Pinheiro.

“A violência a que são sujeitas tem consequências de vários tipos: dificuldades de aprendizagem, traumas psicológicos, problemas de saúde mental. A nossa intervenção passa por trabalhar com a criança para ela superar e processar o trauma e diminuir o impacto da violência”, explicou a psicologa.

E continuou: “É preciso também quebrar o ciclo de violência e contribuir para a violência doméstica não passar de geração em geração”.

Ilda Afonso deixou algumas reivindicações da UMAR para uma efetiva proteção” das crianças vítimas de violência doméstica.

“É preciso afastar as crianças do agressor até ele ter adquirido competências parentais, por exemplo. Por isso achamos que as visitas devem ser supervisionadas, o agressor também ser acompanhado e só quando quem fizer esse acompanhamento avaliar que ele está pronto a estar com a criança termine o supervisionamento”.

“A intervenção que se faz é, muitas vezes, isolada. Propomos a criação de uma plataforma, de um sistema centralizado de gestão de casos, com todo o histórico da criança, que tipo de intervenção é feita, com alertas de prazos ou de inação, que permita a articulação entre as várias entidades envolvidas no apoio e proteção da criança”, referiu.

A UMAR quer igualmente que “seja melhorada a forma como as crianças são ouvidas para memória futura, que os juízes tenham preparação para falar com crianças, que não o façam em salas de tribunais que assustam e inibem as crianças, mas num espaço que elas entendam como seguro”.

Entre os vários problemas detetados pela UMAR, Ilda Afonso salientou ainda os “orçamentos curtos e projetos a curto prazo”, o que, disse, “leva a uma grande rotatividade entre os técnicos que trabalham com a criança, quebrando os laços que vão sendo estabelecidos”.

“As crianças não são propriedade de ninguém e são sujeitos de direito. A sua segurança e bem-estar são da responsabilidade de todos os que a rodeiam. É preciso não esquecer isto”, ressaltou Ilda Afonso.

Últimas do País

A investigação, que envolveu 900 jovens da Área Metropolitana de Lisboa com idade média de 15 anos, identificou fatores familiares e psicológicos como principais riscos associados a este sofrimento silencioso.
O Ministério Público defendeu hoje que se "vai bater" por dar como provados os factos que constam da acusação da Operação Marquês, tendo as defesas contrariado nas exposições introdutórias os crimes imputadas e pedido a absolvição dos arguidos.
Os gastos das famílias com saúde aumentaram 5% em 2023, impulsionadas pelo crescimento das despesas em hospitais, consultórios e nas clínicas privadas, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O coletivo de juízas do processo Operação Marquês recusou o requerimento da defesa do ex-primeiro-ministro José Sócrates para suspender o julgamento que começou esta manhã.
O ex-primeiro-ministro José Sócrates foi hoje recebido no Campus de Justiça, em Lisboa, por várias dezenas de jornalistas, que aguardavam a chegada dos advogados e arguidos que começam hoje a ser julgados no âmbito da Operação Marquês.
O futebolista português Diogo Jota, de 28 anos, e o irmão, de 26, morreram esta madrugada num acidente de viação na A52, em Cernadilla, Zamora, em Espanha.
O cidadão espanhol acusado da morte e desmembramento do cadáver do namorado, num crime ocorrido no bairro da Lapa, em Lisboa, há pouco mais de um ano, foi hoje condenado a 25 anos de prisão.
O Tribunal Judicial de Leiria vai julgar seis homens por alegados crimes de associação criminosa e tráfico de droga agravado, num processo em que foram apreendidos nove milhões de euros de cocaína dissimulada em caixas de banana.
A Autoridade Marítima Nacional (AMN) detetou nos areais da zona do Seixal detritos resultantes de um derrame de combustível, tendo restringido o acesso da população às zonas onde seja visível o poluente na água ou na areia.
Os guardas prisionais têm insistido que a falta de efetivos compromete a segurança dos estabelecimentos prisionais.