Governo da Madeira com queda anunciada por moção de censura

Uma moção de censura ao governo madeirense, liderado por Miguel Albuquerque, é discutida e votada hoje no parlamento da Madeira e a aprovação implica a queda, pela primeira vez, de um executivo regional com base neste tipo de iniciativa

© Facebook/MiguelAlbuquerquePolitico

Em 06 de novembro, o líder parlamentar do CHEGA/Madeira, Miguel Castro, entregou uma moção de censura ao XV Governo Regional, na Assembleia Legislativa, justificando a iniciativa com os processos judiciais que colocaram sob suspeição o presidente do executivo e quatro secretários regionais, que foram constituídos arguidos em casos distintos.

A moção tem aprovação anunciada em plenário caso os principais partidos da oposição (PS, JPP e CHEGA, que juntos têm maioria absoluta) mantenham a decisão anunciada de votarem a favor.

Esta votação provoca a queda do Governo Regional do PSD, minoritário, que surgiu das eleições legislativas antecipadas realizadas em 26 de maio deste ano e que está em funções desde 06 de junho.

A confirmar-se, a aprovação da moção de censura será histórica, já que é a primeira vez que um Governo Regional do PSD, partido que governa o arquipélago há quase 50 anos, é derrubado pela utilização deste instrumento pelos deputados.

De acordo com o Estatuto Político-Administrativo da Madeira, no seu artigo n.º 62, “a aprovação de uma moção de censura por maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções” implica a demissão do Governo Regional e, em caso de demissão, os membros do executivo cessante “permanecem em funções até à posse do novo governo”.

“Após a sua demissão, o Governo Regional limitar-se-á à prática dos atos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos da região”, especifica o Estatuto.

Neste caso, a realização de novas eleições legislativas regionais antecipadas é um dos cenários mais prováveis.

A discussão da moção de censura acontece uma semana após as propostas de Orçamento Regional e Plano de Investimentos para 2025 terem sido chumbadas com os votos contra de PS, JPP, CHEGA, IL e PAN, num total de 26 votos, num universo de 47 deputados que compõem o parlamento insular.

Contudo, a rejeição destas propostas não tem como consequência a queda do Governo Regional, que pode continuar em funções, gerindo as ilhas em regime de duodécimos.

O parlamento regional é constituído por 19 deputados do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do CHEGA, dois do CDS-PP, um da IL e um do PAN.

O PSD assinou um acordo parlamentar com o CDS-PP, insuficiente, ainda assim, para conseguir a maioria absoluta (somam 21 eleitos, mas são necessários 24), mas que manteve o centrista José Manuel Rodrigues no cargo de presidente da Assembleia Legislativa.

Miguel Albuquerque está à frente do Governo Regional da Madeira desde 2015, ano em que substituiu no cargo Alberto João Jardim.

Depois de em 2019 o PSD ter feito um acordo pós-eleitoral com o CDS para garantir a maioria absoluta e de, em 2023, já com estes dois partidos a ganhar as regionais coligados, essa meta ter sido alcançada com um acordo entre o PSD e o PAN, este é o primeiro mandato em que os sociais-democratas não têm apoio maioritário no plenário.

As eleições antecipadas de maio aconteceram depois de Miguel Albuquerque ter sido constituído arguido num processo sobre corrupção e se ter demitido, após o PAN lhe retirar a confiança, no início deste ano.

Últimas de Política Nacional

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, regressa ao parlamento na quarta-feira para o primeiro debate quinzenal de 2025, ano para o qual já defendeu que a palavra-chave deve ser investimento.
O ex-presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria, Daniel Ferro, admitiu que o Hospital Santa Maria “não estava preparado” para um custo “com esta dimensão”.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), manifestou-se hoje preocupado com a insegurança na capital, sublinhando que dispõe de informação de que os crimes têm sido cometidos com "cada vez mais violência".
O presidente do CHEGA defendeu hoje que o confronto que envolveu cidadãos estrangeiros no domingo, em Lisboa, deu razão ao seu partido quando defende a necessidade de “mais polícia e mais autoridade” e acusou a esquerda de “tremenda hipocrisia”.
O líder do CHEGA, André Ventura, defendeu hoje que Portugal não deve reconhecer o novo Presidente de Moçambique até estarem dissipadas as suspeitas sobre os resultados das eleições gerais de 09 de outubro.
Onze dos 24 presidentes de juntas de freguesia na cidade de Lisboa estão impossibilitados de se recandidatarem nas próximas eleições autárquicas, devido à lei de limitação de mandatos, nomeadamente seis do PS, quatro do PSD e um do PCP.
O presidente do CHEGA pediu hoje mais operações policiais como as do Martim Moniz e acusou o primeiro-ministro de “ter perdido a coragem” quanto às forças de segurança, numa vigília que terminou com os participantes a gritarem “encostem-nos à parede”.
O presidente do CHEGA classificou hoje como ilegítima a manifestação antirracismo em que estão presentes os partidos de esquerda por ser “contra polícias e magistrados”, e acusou o Governo de ter “cedido à pressão”.
O parlamento rejeitou hoje, na generalidade, todas as iniciativas que propunham alterações à lei da interrupção voluntária da gravidez, ficando a legislação inalterada.
A tomada de posse do eleito presidente norte-americano está agendada para 20 de janeiro.