Governo marca consultas fictícias para reduzir listas de espera no SNS

O CHEGA recebeu vários emails, na última semana, a relatar “agendamentos fictícios” de consultas nos hospitais portugueses. Entre eles, dois se destacam. Um com o assunto “doentes agendados externamente”, relata que a unidade de saúde não tinha conhecimento da marcação da consulta, não sabia o motivo do agendamento, bem como não tinha espaço e, por isso, foi obrigada a cancelar a marcação.

© Folha Nacional


“Tomámos conhecimento de quatro doentes (processos que foram agendados sem conhecimento ou parecer da equipa de Neurocirurgia), 2 em cada manhã, num programa cirúrgico que não é exequível e que resultará forçosamente no cancelamento de alguns doentes”, pode-se ler no email.
Já o outro email indicava que o serviço de Urologia não conhecia os critérios de marcação daquela respetiva consulta e afirmava que as expectativas criadas deveriam ser respondidas superiormente.
“O serviço de Urologia desconhece os critérios do presente agendamento, que não foi clínico. Assim, não se confirma, o presente agendamento e não existe ainda uma data. O doente vai ser reavaliado em consulta externa, já anteriormente marcada, e previsivelmente será chamado com a brevidade possível, atendendo à gravidade dos muitos doentes em espera cirúrgica (internamento e LIC [lista de inscritos para cirurgia]). As expetativas criadas no doente com este agendamento fictício, devem ser respondidas superiormente, sobre os contornos éticos, deontológicos e legais.


Ou seja, trata-se de indícios de que pode estar a haver agendamentos fictícios para o Governo reduzir as listas de espera.
É tempo deste Governo dar explicações aos portugueses sobre o caos em que está o SNS [Serviço Nacional de Saúde] e sobre a fraude que anda a fazer com as consultas fictícias, começou por acusar o líder do CHEGA, que admitiu ter enviado as denúncias para o gabinete do primeiro-ministro.


“Nós temos informação detalhada, alguma dela proveniente dos hospitais portugueses, em como diretores de serviços de hospitais e diretores clínicos levantam a questão de ‘como foram marcadas estas consultas’ e interrogam-se sobre a questão ética e legal destas consultas de só terem sido marcadas, para que o tempo médio de espera ou para que as listas de espera diminuam, sendo as pessoas depois informadas que a consulta não está marcada e que o agendamento é fictício. Aliás, em alguns emails que temos connosco, são os próprios serviços hospitalares que chamam a isto ‘agendamento fictício’”, declarou em conferência de imprensa à comunicação social.


André Ventura quer perceber se há quem dê ordens para os agendamentos à revelia dos médicos – uma questão que já tinha surgido na quarta-feira da semana passada, no debate quinzenal. O presidente do CHEGA informou que vai fazer chegar ao Procurador-Geral da República as denúncias para serem analisadas.
Nesta senda, o CHEGA revelou que vai chamar a ministra da Saúde ao Parlamento, com carácter de urgência, para pedir o esclarecimento sobre as decisões do Governo, em especial o novo modelo de triagem prévia e encaminhamento obrigatório nas urgências de obstetrícia. André Ventura aponta o dedo ao Governo de estar a falhar em várias áreas.
“O CHEGA chamará de urgência ao Parlamento a ministra da Saúde, para que dê justificações sobre o modelo que tem adotado de resposta do SNS às necessidades básicas da população, bem como para justificar e explicar este absurdo modelo de triagem prévia que está a implementar nos hospitais e nos serviços de urgência”, anunciou o líder do partido em conferência de imprensa.


Na sede do CHEGA, em Lisboa, indicou que os deputados querem questionar também Ana Paula Martins “sobre a veracidade das denúncias” que o partido diz que tem recebido “de que estão a ser marcados os atos médicos e cirúrgicos sem qualquer articulação com o serviço médico, com o único objetivo de mostrar números mais baixos nas listas de espera e no acesso a atos médicos”.
Ventura indicou que o pedido dará entrada na Assembleia da República “na próxima semana [semana do Natal]” e defendeu que a audição “poderia ser nessa semana, se houver abertura para isso”.
“Eu acho que fazia sentido ser na próxima semana, e eu falarei também com o presidente da Assembleia da República, a ver se será possível agendar para a semana. Acho que era do interesse de todos” que a audição acontecesse “antes do pico do inverno começar”, referiu.


O líder do CHEGA disse que estão em causa “vários serviços” e que estas situações se prendem “em regra” com a marcação de consultas e cirurgias.
“Isto é grave porque, para além de ser cosmética feita na saúde, nos serviços mais importantes para a vida das pessoas, revela também uma obsessão do Governo em enganar os utentes, apresentando números que teoricamente seriam melhores, mas que na verdade são tão maus quanto aqueles que deixou o anterior Governo”, acusou.


Ventura considerou que “o objetivo é, a todo custo e sem qualquer critério ou sem qualquer limite ético, apresentar à população um nível de trabalho e de eficácia médica que não existe”.
Considerando que “as medidas que o Governo tem tomado nesta matéria não são boas e são ineficazes”, o presidente do CHEGA disse que o partido avocará “todos os decretos que o Governo apresente nesta matéria da saúde, para que possam ser discutidos e melhorados em sede parlamentar”.


Recorde-se que esta não é a primeira vez que a ministra da Saúde está debaixo de fogo. No último mês, o caos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) fez com que o CHEGA pedisse a sua demissão.
“Vamos dar o tempo ao primeiro-ministro de poder fazer alterações. Caso isso não seja feito no tempo do Orçamento do Estado, daremos entrada de uma condenação formal da ministra da Saúde no parlamento, recomendando e exigindo ao Governo a sua substituição”, afirmou André Ventura, em novembro.

Últimas de Política Nacional

André Ventura surge destacado num inquérito online realizado pela Intrapolls, uma página dedicada à recolha e análise de inquéritos políticos, no contexto das eleições presidenciais marcadas para 18 de janeiro.
Casas de moradores na Amadora foram indicadas, à sua revelia, como residências de imigrantes, uma fraude testemunhada por pessoas pagas para mentir, existindo casos de habitações certificadas como morada de largas dezenas de pessoas.
André Ventura reagiu esta sexta-feira à polémica que envolve várias escolas do país que optaram por retirar elementos natalícios das fotografias escolares, decisão que tem gerado forte contestação entre pais e encarregados de educação.
Os doentes internados e os presos podem inscrever-se para voto antecipado nas eleições presidenciais de 18 de janeiro a partir de segunda-feira, e o voto antecipado em mobilidade pode ser requerido a partir de 04 de janeiro.
O líder do CHEGA acusou hoje o Governo de incompetência na gestão da saúde e considerou que os utentes não podem ser sujeitos a esperar 18 horas numa urgência, e o primeiro-ministro reconheceu constrangimentos e antecipou que poderão repetir-se.
A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMMT) decidiu abrir os cofres e fechar a transparência.
André Ventura reafirmou que pretende usar a Presidência da República como ponto de partida para uma mudança profunda no país.
As escutas da Operação Influencer abalaram o PS, expondo alegadas pressões, favores e redes internas de ‘cunhas’ que colocam Carneiro no centro da polémica e voltam a arrastar Costa para a controvérsia.
O Governo carrega no ISP e trava a fundo na queda que estava prevista no preço dos combustíveis. A promessa estala, a confiança vacila e Montenegro enfrenta a primeira fissura séria na sua credibilidade fiscal.
Catarina Martins voltou a dirigir insultos contundentes a André Ventura, acusando-o de ser “um bully político” que se comporta “como se estivesse no recreio da escola”.