Ex-motorista de Cabrita conhece sentença a 14 de julho por atropelamento mortal

O Tribunal de Évora marcou hoje para 14 de julho a leitura da sentença do ex-motorista do antigo ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita, no caso do atropelamento mortal de um trabalhador na Autoestrada 6 (A6).

© D.R.

No início da sessão dedicada às alegações finais, realizada esta manhã no Tribunal Judicial de Évora, a juíza que está a julgar o caso, Vanda Simões, agendou a leitura da sentença para o dia 14 de julho, às 11:15.

Já nas alegações finais, a procuradora do Ministério Público (MP) considerou que os factos que constam no despacho de pronúncia “encontram-se provados”, pelo que o arguido “deve ser condenado por homicídio negligência”.

“O arguido adotou uma velocidade excessiva e não conseguiu imobilizar atempadamente”, enquanto “o trabalhador não devia lá estar na faixa da esquerda, ainda para mais numa autoestrada”, argumentou.

Em relação à qualificação do crime de homicídio por negligência como grosseira, a magistrada do MP deixou ao critério do tribunal.

“Foi um caso isolado, uma fatalidade e acontecimento caricato, por estar uma pessoa na faixa de rodagem da autoestrada”, frisou, propondo a condenação do arguido a “pena de prisão suspensa”.

Na sua intervenção, o advogado da família, José Joaquim Barros, também pediu a condenação do ex-motorista do antigo ministro, considerando que o pedido de indemnização cível, que ronda os 400 mil euros, “é uma quantia razoável face a tudo o que aconteceu”.

“Não temos a intenção de ver Marco Pontes [o ex-motorista] na prisão”, mas “a justiça deve ser feita” e o arguido “deve ser punido e a família ressarcida com justiça da desgraça que lhe aconteceu”, sublinhou.

Antes, este advogado teceu críticas à escolha e ao trabalho de um perito averiguador e também à procuradora do MP e à própria juíza por considerar inapropriadas algumas perguntas que colocaram a testemunhas.

Entre outros argumentos, José Joaquim Barros referiu que “talvez seja lógico” o trabalhador Nuno Santos ter-se deslocado ao separador central da A6 para “tratar de alguma coisa do seu trabalho”, assinalando que é habitual verificar-se o escoamento de águas.

“Ele podia estar ali. Quem não podia ocupar toda a autoestrada era a manifestação de poder inútil e do pior do terceiro mundo que constituía a comitiva do ministro”, censurou, aludindo à circulação dos carros numa formação triangular.

Opinião contrária tem o advogado de defesa, António Samara, que defendeu a absolvição do ex-motorista e, dirigindo-se à juíza, afirmou: “Se absolver o arguido, fará justiça”.

António Samarra contrariou o advogado da família, que tinha recusado a ideia de que Nuno Santos era um peão, por estar na A6 em trabalho, alegando que, naquele momento, o homem não estava a trabalhar e que, por isso, “era simplesmente um peão”.

Ao tentar atravessar a autoestrada, Nuno Santos “tem comportamento de alto risco para a sua vida”, vincou, assinalando que o que este julgamento está “a tratar não é um homicídio, mas um suicídio culposo”.

Este advogado realçou que o então motorista estava obrigado, por “dever profissional”, a circular na faixa da esquerda e contestou a velocidade de 155 quilómetros por hora apurada por uma perícia, por entender que as posições de início de travagem e de paragem não estão corretas.

“A única coisa que podia incriminar o Marco Pontes era a velocidade e, como eu tentei demonstrar e julgo que consegui, não era aquela”, concluiu.

Paulo Graça, advogado da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M), assistente no processo, pediu a condenação do arguido a uma pena suspensa, enquanto o defensor de uma seguradora, João Sampaio, pugnou pela absolvição.

O caso remonta a 18 de junho de 2021, quando a viatura oficial em que seguia Eduardo Cabrita, conduzida por Marco Pontes, atropelou mortalmente Nuno Santos, de 43 anos, trabalhador de uma empresa que fazia a manutenção da A6, ao quilómetro 77,6 da via, no sentido Estremoz-Évora.

O MP acusou, no dia 03 de dezembro de 2021, Marco Pontes de homicídio por negligência grosseira, tendo, nesse mesmo dia, o então ministro da Administração Interna apresentado a sua demissão do cargo.

Últimas do País

A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP) teve hoje "uma reunião um pouco tensa" com a ministra da Administração Interna, que não garantiu "efeitos práticos" das negociações nos salários e carreiras já a 1 de janeiro de 2026.
O Tribunal Judicial de Leiria condenou hoje um arguido na pena única de sete anos de prisão por ter tentado matar três homens há precisamente um ano junto a um bar na cidade de Leiria.
Um em cada quatro alunos de instituições de ensino superior de Lisboa já ponderou abandonar os estudos por causa dos elevados custos do alojamento, segundo um inquérito realizado pela Federação Académica de Lisboa (FAL).
A Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) alertou o Governo para o "perigo real" que as falhas e "processos artificiais" com origem na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) representam, rejeitando responsabilidades "por disfunções" do Estado.
A maioria das queixas ou pedidos de parecer foi iniciativa de cidadãos (442 casos), mas os partidos também contribuíram para esta contabilidade, com destaque para o PS, com 75 casos.
O Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL) vai realizar várias ações de protesto e sensibilização em Lisboa nos dias 21, 22, 23 e 24 deste mês para exigir a valorização salarial e da carreira dos polícias.
A Associação de Farmácias de Portugal (AFP) alertou hoje para a importância de qualquer alteração ao regime dos mínimos de serviços nas farmácias garantir o "beneficio efetivo" dos utentes e a viabilidade económica e operacional.
A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) recebeu em 2024 mais de 2.000 comunicações de empresas que não iriam renovar o contrato de trabalho a termo ou pretendiam despedir grávidas ou pessoas em licença parental.
Uma manifestação de professores convocada pela Fenprof arrancou hoje, em Lisboa, em direção à sede do Governo, com o secretário-geral da federação sindical a defender ações imediatas para valorizar a carreira docente e suprir a falta de docentes.
O Metropolitano de Lisboa e sindicatos assinaram o novo Acordo de Empresa e que garante o aumento do subsídio de refeição e horários mais reduzidos no subsolo, anunciou fonte sindical.