A emigração portuguesa voltou a ganhar fôlego em 2023, com a saída de 81.426 pessoas, um aumento de 14% face a 2022, ano em que cerca de 71 mil portugueses deixaram o país. O Correio da Manhã apurou, com base nos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que estes números confirmam a retoma de uma trajetória ascendente iniciada após o fim da pandemia de Covid-19 e o levantamento das restrições à circulação.
Para encontrar um registo superior é necessário recuar a 2018, quando emigraram 81.754 portugueses, o valor mais elevado da última década. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) confirma esta evolução no mais recente relatório ‘Perspetivas das Migrações Internacionais’, sublinhando que o crescimento da emigração portuguesa se verifica sobretudo em direção aos países mais desenvolvidos, membros da organização.
Segundo a OCDE, citada pelo CM, trata-se maioritariamente de uma emigração de carácter temporário. Muitos portugueses deslocam-se para o estrangeiro por períodos inferiores a um ano, para trabalhar em atividades sazonais — como a agricultura e o turismo — ou para prosseguir estudos no ensino superior. A saída de jovens continua a assumir um peso relevante neste movimento migratório.
“O aumento da emigração temporária está ligado às novas dinâmicas do mercado de trabalho, marcadas por vínculos contratuais mais curtos, e à livre circulação dentro da União Europeia”, explica Jorge Malheiros, professor do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa. Ainda assim, o investigador ressalva que “o crescimento observado nos últimos anos não é particularmente expressivo”.
No que respeita aos destinos, a Europa mantém-se como o principal polo de atração. Suíça, Espanha e França ocupam os primeiros lugares entre os países que mais portugueses acolheram em 2023. Seguem-se Alemanha, Bélgica, Países Baixos, Reino Unido, Luxemburgo, Dinamarca e Angola, completando o top 10 dos destinos mais procurados.