A nova série da Netflix, Rabo de Peixe, está a fazer o maior sucesso em Portugal e até a nível mundial.
Caso baseado em factos verídicos, excelente naipe de atores, crime, paixão, problemas sociais e a maravilhosa paisagem dos Açores, são ingredientes que só poderiam ter um resultado final. Sucesso.
A ficção torna-se muitas vezes um motor de busca da realidade, seja ela social, emotiva, criminal ou familiar.
É com base na ficção, que me debruço sobre a terrível realidade do mundo das drogas.
Das drogas, das dependências, dos crimes que envolvem esse submundo, mas sobretudo das pequenas grandes histórias de desespero e angústia vividas por tantas famílias.
Desde os longínquos anos 80, em que Nancy Reagan, primeira-dama nos Estados Unidos da América, declarou guerra às drogas, com a campanha “ just say no”, tem essa luta sido desdobrada em inúmeras batalhas, mas desvirtuada na sua essência.
Quem conhece por dentro o combate ao tráfico de drogas, reconhece hoje, que as típicas armas e estratégias, se mostraram insuficientes e mesmo impotentes para derrotar o narcotráfico.
Combate feroz com recurso a forças armadas nos territórios de produção. Repressão policial com legislação de tolerância zero nos Estados Unidos. Liberalização de consumo em alguns países europeus…e claro, a tão apregoada solução Portuguesa, com a total descriminalização do consumo, vendida como receita de sucesso. São meros remendos, nunca soluções!
A realidade é distinta. Ouçam o presidente da câmara municipal do Porto, com problemas de tráfico e consumo à vista de todos nas suas ruas. Ouçam as entrevistas com voz distorcida dos moradores de bairros sociais da grande Lisboa, aterrorizados pelo clima de impunidade dos barões da droga. Essa é a realidade.
Todo o combate, do lado da oferta, desde a produção, transporte e distribuição, é uma guerra de desgaste, que todos os dias conquista uma só certeza. Vivemos de pequenas vitórias diárias….para uma garantida derrota eterna. Há que mudar paradigmas e prioridades.
Desengane-se quem vê aqui o discurso de um soldado vencido. A experiência da luta mostra-nos muitas vezes, com outra lucidez, a possibilidade e rumo para a vitória. Se queremos vencer, se exigimos nada mais que a vitória, temos que mudar o foco do combate.
Vamos combater o tráfico como sempre, mas focar as nossas forças do lado do consumo e estancar rendimentos a quem vive da miséria alheia.
O plano terá que surgir como uma guerrilha urbana. Porta a porta, em cada casa, em cada família, em cada grupo de amigos, em cada escola, em cada clube desportivo, em cada parcela do nosso tecido social e humano, temos que fazer o combate!
É nesses quartéis que temos que lutar, que conquistar e vencer, capacitando cada um dos nossos jovens e cidadãos para nunca considerarem as drogas como solução e cada um deles, nos momentos certos, ter a capacidade e orgulho de simplesmente dizer NÃO!
Deixemos os traficantes de droga “com as pernas a tremer”, pois a partir do momento em que os valores da dignidade, do orgulho, da entreajuda se tornarem os valores base de uma sociedade, aí sim, vamos vencer a luta contra as drogas!
Como na série da Netflix, é fundamental um bom trabalho policial de investigação criminal, um serviço prisional competente, com prevenção e repressão ao crime, mas nunca se duvide do óbvio. Sem consumidores, não há traficantes!
Da ficção passamos para a dura realidade, onde só um partido político em Portugal, sem rodeios ou receios de estereótipos, combate em pleno quem vive do crime e apoia de forma incondicional o inimigo mortal das drogas. Princípios e Valores da Família. CHEGA!
Zé do Telhado