No ano letivo de 2022/2023, havia cerca de 140 mil educadores de infância e professores do ensino obrigatório, sendo a grande maioria mulheres. No pré-escolar, por exemplo, a percentagem de homens era de apenas 1% e no 1.º ciclo era de 22%, segundo o relatório “Portugal em Números 2024”, divulgado recentemente pela Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC).
O relatório mostra que o número de professores tem-se mantido estável na última década, com exceção do 2.º ciclo, que perdeu 3.895 docentes. No entanto, os professores estão cada vez mais velhos e, por isso, mais próximos da reforma.
Apenas no 1.º ciclo, a média de idades é 49 anos. Nos restantes níveis de ensino, a maioria já passou a barreira dos 50, sendo nas turmas do 5.º e 6.º anos que se encontram os mais velhos, com uma média de idades de 52 anos. Já os professores que dão aulas a alunos a partir do 7.º ano têm, em média, 51 anos.
Todos os anos, as queixas da falta de professores nas escolas trazem ao de cima os problemas de uma carreira, que os sindicatos dizem ser pouco atrativa, mas também o excesso de trabalho e de burocracia.
Os sindicatos queixam-se também que esta é uma classe pouco valorizada, com cada vez mais profissionais doentes e à beira do ‘burnout’.
O último relatório do Estado da Educação, do Conselho Nacional de Educação (CNE), revelava que quase 90% dos professores se queixava de stresse no trabalho e, por isso, os relatores defenderam a necessidade de “repensar um conjunto de medidas que garantam condições efetivas de bem-estar dos professores”.
Nos últimos anos, diminuíram os casos de professores conhecidos por andar “com a casa às costas”, com a abertura de concursos destinados a garantir um vínculo estável, mas os sindicatos entendem que faltam muitas mais medidas para conseguir tornar a profissão mais atraente.
Além de uma carreira muito longa, em relação a outros países europeus, o relatório do CNE refere que existe uma diferença remuneratória “muito significativa” entre os escalões em início e final de carreira. Um problema que o atual ministro da Educação já mostrou abertura para tentar resolver, prometendo aumentos salariais para quem está nos primeiros escalões.
Nos últimos anos começou a notar-se um ligeiro aumento do número de diplomados em cursos que conferem habilitação para a docência, mas continua a não ser suficiente para responder às vagas dos que saem anualmente para a reforma.
O Dia Mundial do Professor celebra-se hoje em todo o mundo, estando agendada uma manifestação em Lisboa, que servirá para chamar a atenção para os problemas da classe, mas também para recordar algumas reivindicações, quando falta pouco mais de uma semana para a apresentação da proposta de lei do governo para o próximo Orçamento do Estado.