Ventura acusa Montenegro de hipocrisia por “anunciar bandeiras do CHEGA” que PSD rejeitou

O líder do CHEGA acusou hoje o primeiro-ministro de hipocrisia por anunciar medidas que são bandeiras do seu partido, quando o PSD as rejeitou na Assembleia da República, e acusou Luís Montenegro de ser “muleta do PS”. 

© Folha Nacional

“O Governo, percebendo o crescimento do CHEGA no país, decide anunciar uma série de bandeiras do CHEGA, sem, porém, assumir como as concretizará ou negando que votou contra elas nas semanas anteriores, no parlamento”, afirmou, numa referência ao discurso do presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, no encerramento do congresso do partido, que decorreu este fim de semana em Braga.

Numa declaração aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, o presidente do CHEGA sustentou que Luís Montenegro disse que “quer retirar a carga ideológica à disciplina de cidadania, mas tem ministros, como a ministra da Juventude, que insistem em usar a expressão pessoas que menstruam, em vez de mulheres”.

“Diz que não quer esse país de portas escancaradas, e portanto quer um país que controle a imigração, mas votou contra o controle de imigração proposto pelo CHEGA, votou contra o referendo à imigração que os portugueses queriam e votou contra as quotas para a imigração”, acrescentou, indicando também que os sociais-democratas rejeitaram “aumentar as penas de prisão para quem comete crimes violentos”.

André Ventura considerou que “os ataques que vários ministros se multiplicaram a proferir” contra o seu partido “mostram bem que o adversário do Governo deixou de ser o PS para ser única e exclusivamente o CHEGA”.

“É por isso uma tremenda hipocrisia, a maior do nosso tempo, em que este primeiro-ministro se deseja envolver, a de ser a muleta e o parceiro do PS, vice-versa, e ao mesmo tempo anunciar que gosta das bandeiras do CHEGA, votando contra todas elas no parlamento, deliberadamente atacando quem as propõe, e pensando completamente diferente do que aquilo que disse, hoje mesmo, neste congresso”, criticou.

Na ótica do líder do CHEGA, “é a hipocrisia feita pessoa, neste caso na figura do primeiro-ministro, que insiste que quer mudar o país como o país tem que ser mudado mas quando CHEGA o momento de votar, de transformar, de alterar, votam exatamente como sempre votaram nos últimos 50 anos de bloco de interesses em Portugal, mantendo o mesmo politicamente correto e mantendo o mesmo alinhamento de interesses com o PS”.

O líder do CHEGA defendeu que o congresso do PSD “foi esvaziado” depois de o secretário-geral do PS anunciar que vai propor aos órgãos do partido uma abstenção na votação do Orçamento do Estado para o próximo ano, viabilizando a proposta do Governo.

André Ventura considerou que o congresso foi “uma coroação do bloco central” e afirmou que o que “passou a fazer sentido” foi “atacar o CHEGA em vez de atacar o PS”.

“Não ouvimos uma crítica de fundo em matéria de coisas estruturais para o país, em que a divergência com o PS se fizesse sentir, no combate à corrupção, no apoio aos setores mais fragilizados, no crescimento económico e, sobretudo, na área da fiscalidade”, apontou.

O líder do CHEGA disse também que “pouco se falou da substância do orçamento” porque o PSD “não tinha interesse em dizer ao país que este orçamento é igualzinho aos orçamentos do PS”, e defendeu que “o PSD está agora dependente do PS e o PS dependente do PSD”.

Ventura anunciou também que, no processo de discussão do Orçamento do Estado na especialidade, o CHEGA “não deixará de fazer as propostas que tem que fazer, independentemente de quem as venha a apoiar ou das maiorias que venham a gerar no parlamento”, e disse esperar que “não haja nenhuma vitimização desproporcional do Governo que leve a uma crise política artificial”.

Sobre as propostas de outros partidos, admitiu que o autor não será impedimento para viabilizar, incluindo quanto à descida de IRC.

Últimas de Política Nacional

O CHEGA foi o partido que mais cresceu nas Autárquicas 2025, conquistando 13 juntas de freguesia em várias regiões do país. As vitórias estendem-se do Algarve à Madeira, incluindo freguesias populosas como a Quinta do Conde.
Alguns presidentes de câmara eleitos, este domingo, têm processos e investigações criminais em curso.
Com 19,1% das intenções de voto, André Ventura está a menos de três pontos do primeiro lugar, num empate técnico com Gouveia e Melo e Marques Mendes. A sondagem da Intercampus mostra que o líder do CHEGA é um dos favoritos à Presidência.
O CHEGA venceu, pela primeira vez, em três Câmaras Municipais: São Vicente (Madeira), Entroncamento (Santarém) e Albufeira (Faro). Com 11,72% dos votos, tornou-se a terceira maior força política nas autárquicas de 2025.
O líder do CHEGA, André Ventura, afirmou hoje que a única meta que o partido pode ter é vencer as eleições autárquicas de domingo, mas indicou que vai aguardar "humildemente" pelos resultados.
O CHEGA propõe uma fiscalização apertada sobre investimentos estrangeiros em território nacional, particularmente os oriundos de países islâmicos. Para André Ventura, trata-se de uma medida necessária para proteger a identidade nacional e os valores europeus face a influências externas consideradas incompatíveis.
O presidente do CHEGA, André Ventura, considerou hoje que é preciso paz no Médio Oriente, mas sem "aceitar a chantagem de terroristas", e um acordo de cessar-fogo deve prever a libertação de reféns.
O Presidente do CHEGA acusou ontem o primeiro-ministro de ter antecipado a entrega do Orçamento do Estado para "desviar atenções" do caso Spinumviva e pediu-lhe que governe para o país e não para eleições.
O líder do CHEGA considerou hoje que o primeiro-ministro está “a arrastar a situação” sobre a empresa Spinumviva ao não prestar todos os esclarecimentos e considerou que Luís Montenegro não pode ter tratamento privilegiado.
O líder do CHEGA, André Ventura, considerou hoje que um aumento do Complemento Solidário para Idosos é insuficiente, defendendo uma subida permanente das pensões, e acusou o Governo de “populismo e de eleitoralismo autárquico”.