O diretor nacional-adjunto da PSP e responsável pela Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF), João Ribeiro, revelou que existem “largas dezenas de milhares” de imigrantes a viver em Portugal em situação irregular, manifestando particular preocupação com redes organizadas de entrada fraudulenta através dos aeroportos, envolvendo sobretudo cidadãos da CPLP e do subcontinente indiano.
Em entrevista à agência Lusa, o responsável da PSP admitiu que a maioria destes casos poderá resultar de inexperiência ou omissão de documentação, mas sublinhou que muitos imigrantes nunca chegaram sequer a iniciar um processo legal de regularização, entrando no país sem qualquer registo. “Nunca avançaram com nenhum documento. Se não juntaram os documentos quando era devido, estão em situação irregular”, afirmou.
A situação tornou-se particularmente grave após a extinção, em junho de 2024, do mecanismo da manifestação de interesse — que permitia a estrangeiros pedir autorização de residência —, levando a PSP a reforçar o alerta sobre o risco de novas formas de entrada ilegal. “Temos detetado nos aeroportos muitos contratos falsos, com empresas que não existem, usados por cidadãos da CPLP que querem vir trabalhar para Portugal”, explicou João Ribeiro.
“Os imigrantes ilegais não são bem-vindos. Portugal já está cheio. Este país não pode continuar a receber todos os que chegam sem regras nem controlo. É preciso travar esta invasão organizada antes que seja tarde demais”
Alguns imigrantes chegaram a confessar às autoridades que pagaram por documentos falsos, e há indícios de que Portugal esteja a ser usado como “porta de entrada para a Europa”, o que representa, segundo a PSP, um risco significativo para a segurança nacional e para o espaço Schengen.
A revelação de que dezenas de milhares de imigrantes vivem em Portugal ilegalmente motivou uma reação firme por parte do CHEGA. O presidente do partido, André Ventura, classificou o cenário como “inaceitável” e alertou que a imigração está “completamente fora de controlo”.
“Os imigrantes ilegais não são bem-vindos. Portugal já está cheio. Este país não pode continuar a receber todos os que chegam sem regras nem controlo. É preciso travar esta invasão organizada antes que seja tarde demais”, afirmou Ventura, em declarações ao Folha Nacional.
O líder da oposição acusa o Governo de ter criado as condições para este descontrolo ao facilitar, durante anos, a atribuição de autorizações de residência e nacionalidade sem critérios rigorosos. Para o CHEGA, o fim da manifestação de interesse foi “tardio” e insuficiente, defendendo medidas adicionais como o reforço imediato do controlo fronteiriço nos aeroportos; a criação de um plano de expulsão rápida para imigrantes ilegais; a reversão da legislação que permita regularizações automáticas ou generalizadas; e uma revisão profunda da lei da nacionalidade.