São dez horas e trinta minutos na Praça José Fontana. Sente-se um ambiente pesado. É difícil identificar a causa. Possivelmente fruto da hostilidade com que somos recebidos. Do cheiro que advém da nuvem de fumo criada pelos ‘charros’ que os jovens, entre os 15 e os 18 anos, têm nas mãos. Da ironia de estar uma coluna a passar o som desconcertante da Grândola Vila Morena para abafar as nossas vozes. Ou, até mesmo, do choque de perceber que as pessoas que organizaram o evento que está a ocorrer em simultâneo naquela escola, com a presença de uma deputada do Bloco de Esquerda, com o objetivo de esvaziar o conceito de mulher, são as mesmas que chamam a polícia, alegando que a deputada Rita Matias e os jovens do CHEGA não podem trocar ideias com as “crianças”, por não ser democrático.
Dividimo-nos em pequenos grupos para tentar falar com os jovens que ali se encontram e, apesar da pouca recetividade do outro lado, rapidamente percebemos o que estamos a enfrentar – a geração do relativismo – a geração que afirma viver segundo a sua moral, que diz que o bem e o mal, a justiça e a injustiça não existem. Todo o seu diálogo é revestido por conceitos de tolerância, pelo reconhecimento em diálogo, e pelo respeito de todas as opiniões, equiparando, assim, a verdade ao erro. O discurso de que se tem o direito a ser contraditório, ergue uma muralha que impede a penetração da luz da verdade.
É, para nós, muito difícil debater com os frutos da doutrinação ideológica, com quem não é intelectualmente honesto e com quem tem um nível de argumentação puramente emocional e pouco reflexivo. Ao desafiarmos os jovens a fazerem críticas ao CHEGA, constatamos que todas as respostas começam com “os meus professores” “na televisão” ou “nas redes sociais”. Estão formatados com frases feitas e, quando estas terminam, não têm alternativa senão partir para as ofensas e ameaças. De todos os lados ouvimos frases como “Não podem estar aqui, não vos queremos aqui” “Era queimarem- se vivos” “Vocês não são mulheres, envergonham-nos”. Fica claro que as atitudes destes jovens não são coerentes com o seu discurso. Afirmam ser inclusivos, mas o CHEGA não pode estar ali. Defendem que todos têm o direito de expressar a sua opinião, mas o CHEGA não pode fazer declarações com as quais estes jovens não concordem, têm por isso o direito de queimar os nossos flyers. Todos têm o direito a identificar-se com o que desejarem, mas as jovens raparigas do CHEGA não são mulheres, assim o decidiram eles.
De facto, visitar as escolas e universidades do nosso país é experienciar um conceito novo de liberdade, uma liberdade unilateral.
A par do mencionado acima, também encontramos jovens que, por não estarem rodeados dos seus amigos, se sentem à vontade para ser honestos connosco. Partilham os seus medos e as suas preocupações enquanto jovens. Confessam que não têm coragem de expor as suas posições políticas com receio de serem excluídos, julgados, ou até prejudicados. Após conversarem connosco, admitem estar surpreendidos pela positiva e identificam de muitas partes a tentativa de deformar o nosso trabalho. Agradecem pela nossa presença e pelo esforço que fazemos para abrir espaço a quem tem opiniões diferentes. Há, também, quem não concorde com o nosso partido, mas reconheça que somos a verdadeira oposição e os únicos com coragem para combater a doutrinação e a politização nas escolas. Revelam, ainda, a existência de grupos onde alguns docentes propagam a ideologia da não verdade, ficando clara, se havia dúvidas, a importância e a urgência do nosso combate.
Há um desejo comum a todos, o desejo de mudança. E, se a descrição deste espaço hostil suscita dúvidas sobre as razões que nos levam lá, que se saiba que continuaremos a ir até conseguir chegar a cada rapaz ou rapariga, vítima da doutrina relativista. E que não vamos parar até que a tão ansiada mudança seja uma aproximação da verdade, porque só a verdade liberta e o que não liberta, escraviza.