Sem resposta?

O estado de ingovernabilidade que está instalado no país tem paralisado a acção política em prol do Bem Comum, retardando, ao ponto do desespero, as respostas que o país precisa em tantos sectores fundamentais para a vida nacional, tais como o Ensino, a Saúde, a Justiça e a reforma do sistema político, que continua demasiado permeável à influência pérfida de certos grupos económicos e demasiado distante do sentido de missão que deve nortear os detentores de cargos públicos. Aliás, é claro para todos que a descoordenação, o populismo, a hipocrisia, o desprezo pelos interesses nacionais e o uso da mentira como expediente natural da governação tornaram-se nas principais ferramentas de atuação da maioria socialista, que não soube aproveitar as condições privilegiadas criadas pelos apoios europeus para liderar a viragem de página que o país precisa no sector social e económico de forma a sair da cauda da Europa e deixar de ser constantemente ultrapassado por países que entraram na União muito de nós, mas que, hoje, já estão muito à nossa frente.

Mas, dito isto, é muito importante que pântano político da República não comprometa a capacidade dos madeirenses e portosantenses de avaliarem com lucidez o percurso e a situação actual da vida na Região. Ao contrário do que é repetido até à náusea pela liderança social-democrata, os número não são exemplares e assim o indicam os 6.3 mil milhões de dívidas e das contabilidades paralelas, os setenta e cinco mil cidadãos pobres ou em risco de pobreza, os mais de vinte mil doentes à espera de uma consulta ou de uma cirurgia, os mais de dezassete mil habitantes que abandonaram a Região, os mais e oito mil jovens que não estudam nem trabalham, a teia de interesses que conduziu a monopólios camuflados, as obras inventadas, os ajustes directos com percentagem acautelada para quem manda, a Justiça condicionada, as forças de segurança sem recursos dignos e o sistema educativo mais próximo do século XIX que do século XXI. 

A isto, junta-se a escassez de competência em certos quadros que parasitam os níveis mais altos da função pública regional, o enfoque quase obsessivo na propaganda e no controlo da comunicação social, a hipocrisia de alguns em querer parecer aquilo que não são, a afeição doentia pela defesa de certas grupos económicos, o enriquecimento ilícito de certos detentores de cargos políticos e, tão mau como tudo o resto, o desprezo pelos interesses regionais, especialmente quando esses não trazem benefícios ou benesses para que tem o poder de decidir. Por outras palavras, um governo que governa em benefício próprio e que anestesia com propaganda a população, enquanto, por detrás da cortina, usa o que a Madeira e o Porto Santo têm de melhor, seja em recursos ou em património, para criar alguns ricos, e não para criar plenitude para todos.

Porque já conhecemos, de cor e salteado, o disco riscado que toca há mais de quarenta anos, sabemos que os mesmos de sempre lá virão com a conversa da obra feita, das estradas e do betão. Obviamente, a Madeira evoluiu nas últimas décadas. Mas a pergunta que os sociais-democratas ainda não tiveram a coragem de responder é se, com os mesmos fluxos financeiros que recebeu desde 1976, não poderia a região ser, hoje, uma terra menos dependente, menos pobre e muito menos assimétrica?

A coragem de responder a esta pergunta com coerência e autenticidade ajudará os madeirenses e os portosantenses e escolher o seu futuro de forma livre e com total consciência das implicações que a sua escolha acarreta. Já na parte de quem nos governa, não esperamos respostas, pois já tiveram temo suficiente para isso. O desgaste é evidente, assim como a fadiga política e a incapacidade para trabalhar com empenho, orgulho e compromisso em prol dos verdadeiros interesses da nossa população. Porque nunca lhes assistirá um rebate de consciência que os leve à porta de saída, cabe a todos nós iniciar um novo ciclo, dando à Madeira e ao Porto uma oportunidade real para um futuro digno, humano e próspero.       

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