Netanyahu reafirma “guerra até ao fim” no dia de retorno de diálogo com Hamas

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reafirmou hoje que Israel continuará "a guerra até ao fim", diluindo as esperanças de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, no dia em que foram reatadas negociações com o movimento islamita palestiniano Hamas.

© Facebook Israel Reports

“Continuamos a guerra até o fim. Ela continuará até que o Hamas seja eliminado, até à vitória”, insistiu Netanyahu numa mensagem de vídeo.

“Quem pensa que vamos parar não está ligado à realidade. Não vamos parar de lutar até atingirmos todos os objetivos a que nos propusemos: a eliminação do Hamas, a libertação dos nossos reféns e a eliminação da ameaça de Gaza”, sublinhou.

As palavras do primeiro-ministro israelita foram divulgadas no mesmo dia em que foram reativadas as negociações no Cairo para uma nova trégua temporária e a libertação de mais reféns.

O líder do Hamas, Ismail Haniya, viajou hoje do Qatar para o Egito para participar nas conversações, mediadas por aqueles dois países, onde se presume que também participe o chefe da “secreta” Mossad, que esta semana se encontrou na Europa com o emir do Qatar e com o diretor da CIA, William Burns, para discutir a possibilidade de um cessar-fogo temporário.

Um alto responsável do Hamas afirmou hoje que o grupo palestiniano “não participará no jogo” de Israel para uma nova libertação dos reféns israelitas, que seria seguida de “outra onda de assassínios em massa” na Faixa de Gaza.

Ghazi Hamad confirmou, em declarações ao canal de televisão Al-Jazeera, que “algumas pessoas” estão a tentar negociar uma trégua nos combates, embora tenha defendido que não são do interesse do grupo palestiniano.

“Israel jogará a carta dos reféns e depois iniciará outra onda de assassínios em massa e massacres contra o nosso povo”, disse Hamad.

“Não participaremos neste jogo”, afirmou, embora tenha sublinhado que o grupo islamita “está disposto a negociar com todos”, uma vez alcançado o fim do conflito, e assumir “um grande compromisso” que inclua a libertação dos reféns israelitas e de palestinianos nas prisões de Israel.
Desde que terminou a semana de trégua, em 01 de dezembro, saldada pela libertação de 105 reféns israelitas e estrangeiros em troca de 240 prisioneiros palestinianos, Netanyahu não tem sido favorável ao diálogo e insistido na opção militar.

No entanto, o facto de as tropas israelitas terem matado por engano três reféns na passada sexta-feira, que confundiram com membros do Hamas, na mesma semana em que capturaram os corpos de outras cinco pessoas raptadas na Faixa de Gaza, aumentou a pressão interna para que o líder israelita concorde em voltar a negociar.

“Estamos a atacar o Hamas com fogo, fogo infernal. Em todos os lugares, ainda hoje. Também atacamos os seus colaboradores de perto e de longe”, disse Netanyahu sobre a guerra, que causou 134 vítimas nas fileiras israelitas.

“Todos os terroristas do Hamas, do primeiro ao último, são mortais. Eles têm apenas duas opções: render-se ou morrer”, acrescentou.

Após um ataque sem precedentes do Hamas que causou cerca de 1.200 mortes e cerca de 240 sequestros em território israelita em 07 de outubro, o Exército de Telavive conduziu desde então uma poderosa ofensiva aérea, terrestre e marítima na Faixa de Gaza.

A operação militar já deixou mais de 19 mil mortos e acima de 51 mil feridos, a maioria dos quais mulheres, crianças e idosos, segundo números das autoridades locais de Gaza, controladas pelo grupo islamita palestiniano, bem como 1,9 milhões de deslocados, 85% da população total do enclave, de acordo com a ONU.

Últimas do Mundo

O Papa Francisco pediu hoje respeito pelas forças de manutenção de paz das Nações Unidas no Líbano, após os recentes ataques israelitas de que foram alvo, e apelou uma vez mais a um cessar-fogo no Médio Oriente.
Analistas africanos contactados pela Lusa sublinham a rutura em curso no sistema internacional e a mudança nos equilíbrios de poder e influência globais, mas questionam a exequibilidade, e até o sentido, da reforma do Conselho de Segurança da ONU.
A NATO inicia na segunda-feira o seu exercício nuclear anual “Steadfast Noon”, manobras que vão durar duas semanas e nas quais participarão mais de 60 aviões e 2.000 soldados, sem que seja utilizado armamento real.
Mais um empresário foi raptado esta manhã no centro de Maputo, por homens armados, mas entretanto resgatado peças forças policiais, anunciou hoje a Policia da República de Moçambique (PRM) na capital moçambicana.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, avisou hoje que o furacão Milton poderá tornar-se a pior tempestade na Florida num século e pediu às autoridades para evacuarem as localidades deste estado.
O Ministério Público francês pediu penas de prisão até 15 anos contra 18 suspeitos, a maioria iraquianos-curdos, de pertencerem a uma das principais redes de contrabando de migrantes no Canal da Mancha.
O principal suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann, Christian Brückner, foi hoje absolvido de vários crimes sexuais graves pelo Tribunal Regional de Braunschweig, na Alemanha, num julgamento não relacionado com o caso da criança desaparecida no Algarve.
A França expulsou o filho mais velho de Osama Bin Laden, que viveu durante anos na Normandia com a sua mulher, de nacionalidade britânica, por fazer apologia ao terrorismo, disseram hoje fontes oficiais.
O Tribunal Provincial de Madrid ordenou hoje ao juiz que delimitasse a investigação que dirige contra Begoña Gomez, mulher do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, por alegados crimes de tráfico de influências e corrupção.
O exército israelita identificou hoje como supostos terroristas palestinianos pelo menos doze dos 18 mortos do ataque de sexta-feira a um campo na cidade de Tulkarem, na Cisjordânia, elevando um anterior balanço.