Portugal entre 30 países que pedem retorno da ONU e fim de impasse político

Portugal e 30 outros países, além da União Europeia, pediram hoje o "regresso imediato" à Venezuela do Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) e o fim do impasse político do país.

© Facebook Maria Corina Machado

À margem da Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque, os signatários reuniram-se para discutir as “graves preocupações sobre a situação urgente na Venezuela” e reiterar apoio ao respeito pelos princípios democráticos e à defesa dos direitos humanos no país, segundo um comunicado conjunto divulgado pelo Departamento de Estado norte-americano.

“Passaram-se quase dois meses desde a eleição, e os apelos por transparência eleitoral, tanto dos venezuelanos quanto da comunidade internacional, continuam sem resposta”, diz o comunicado.

A declaração conjunta é subscrita pelos Governos da Argentina, Austrália, Áustria, Bósnia e Herzegovina, Canadá, Costa Rica, Croácia, Dinamarca, República Dominicana, Estónia, União Europeia, Alemanha, Guatemala, Guiana, Hungria, Irlanda, Itália, Kosovo, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Países Baixos, Panamá, Peru, Portugal, Eslovénia, Espanha, Suécia, Ucrânia, Reino Unido e Estados Unidos.

Face à situação que se vive no país, os signatários pediram o retorno imediato à Venezuela do ACNUDH e as condições necessárias para que o órgão cumpra integralmente o seu mandato.

Além disso, pediram à Venezuela que mantenha e cumpra os seus compromissos ao abrigo do Direito Internacional, particularmente como parte da Convenção de Caracas sobre Asilo Diplomático de 1954, oferecendo passagem segura aos seis requerentes de asilo atualmente alojados na residência oficial da Argentina e permitir que eles deixem o país.

Os 30 países manifestaram ainda preocupação com a “repressão generalizada e contínua” no país, assim como os “abusos e violações de direitos humanos” relatados após a eleição.

Esses abusos, especifica a nota, incluem prisões e detenções arbitrárias – incluindo de crianças -, mortes, negações de garantias de julgamento justo e táticas de intimidação contra a oposição democrática e outros membros da sociedade civil.

“Um mandado de prisão com motivação política emitido em 03 de setembro para o candidato presidencial Edmundo González Urrutia, que, de acordo com registos eleitorais disponíveis publicamente, obteve a maioria dos votos na eleição de 28 de julho, forçou-o a deixar o país”, num “contexto de repressão violenta contra membros da oposição”, sublinha o comunicado.

“Apelamos à libertação imediata dos detidos arbitrariamente sem respeito pelas garantias de um julgamento justo. É fundamental que os venezuelanos tenham permissão para expressar opiniões políticas pacificamente, inclusive através do exercício da liberdade de reunião e expressão pacíficas, sem medo de represálias. Apelamos ao fim do uso de força excessiva, violência política e assédio contra a oposição e a sociedade civil”, acrescenta.

De acordo com os países signatários, agora é o momento para os líderes políticos venezuelanos iniciarem discussões “construtivas e inclusivas sobre uma transição com garantias para ambos os lados”, com vista a resolverem o “impasse político do país” e restaurarem as instituições democráticas pacificamente, de acordo com a “vontade do povo expressa através dos seus votos em 28 de julho”.

A Venezuela realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos.

A oposição venezuelana contesta os dados oficiais e alega que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia – atualmente exilado em Espanha -, obteve quase 70% dos votos.

Oposição e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

Últimas de Política Internacional

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, manifestou-se hoje "cautelosamente otimista" quanto a um possível avanço nas negociações sobre a Ucrânia, desde que os russos deem os "próximos passos".
O Presidente dos Estados Unidos classificou hoje o Irão como "a força mais destrutiva" no Médio Oriente e garantiu que vai conseguir um acordo que garanta que os iranianos "nunca terão uma arma nuclear".
O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou hoje que "não há necessidade de temer" sanções do Ocidente devido à guerra na Ucrânia, referindo, porém, que é preciso que a Rússia esteja preparada para reduzir os seus efeitos.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse hoje que as relações com a China são "muito boas" e anunciou uma conversa com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, "talvez no final da semana".
Os trabalhadores nos postos diplomáticos e consulares de Portugal no Brasil vão ter as suas remunerações fixas em euros, uma reivindicação antiga e que motivou vários protestos, segundo fonte sindical e o Governo.
O Governo britânico, que tem sido pressionado para conter a imigração, vai endurecer as condições para a concessão de vistos de trabalho e facilitar a deportação de estrangeiros condenados por crimes, anunciou hoje a ministra do Interior.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, voltou hoje a criticar o sistema judicial italiano, acusando os tribunais de ordenarem o regresso a Itália de imigrantes com registo criminal e manifestamente sem direito a proteção, por razões "claramente ideológicas".
A Comissão Europeia anunciou hoje ter levado Portugal ao Tribunal de Justiça da União Europeia por não aplicar na totalidade a nova Lei dos Serviços Digitais, dado que não conferiu poderes supervisores nem definiu regras sobre sanções.
A segunda volta para a eleição de Friedrich Merz como chanceler da Alemanha vai decorrer hoje às 15:15 (hora local, 14:15 em Lisboa), depois do líder dos conservadores ter falhado a primeira votação no parlamento.
O Governo dos EUA anunciou hoje que vai oferecer dinheiro aos imigrantes ilegais que regressem aos seus países, beneficiando aqueles que optem pela autodeportação.