Líder da oposição bielorrussa classifica presidenciais de hoje como “uma farsa”

A líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya, classificou as eleições presidenciais de hoje como “uma farsa” e Alexander Lukashenko, que se candidata a um sétimo mandato, como “um criminoso que tomou o poder”.

© LUSA/Marcin Obara

“O que se passa hoje na Bielorrússia é uma farsa”, afirmou em conferência de imprensa realizada em Varsóvia, garantindo que a tentativa de Lukashenko legitimar o seu poder fracassou.

“Todas as tentativas de legitimar o regime de Lukashenko falharam. Pela primeira vez, os países democráticos e as organizações internacionais não reconheceram as ‘não eleições’ antes mesmo de estas serem realizadas”, celebrou Tikhanovskaya, citada pela televisão bielorrussa Zerkalo.

Segundo Tikhanovskaya, tanto “os Estados Unidos como 37 países da OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa]” já fizeram declarações a rejeitar reconhecer as eleições bielorrussas.

“Haverá países autoritários que apoiarão Lukashenko, mas os Estados democráticos e independentes estão do lado dos bielorrussos na luta contra a ditadura”, sublinhou.

Entretanto, a Comissão Eleitoral Central da Bielorrússia afirmou que a participação na votação ultrapassava, ao meio-dia, 50% dos eleitores, o mínimo exigido por lei para declarar a eleição válida.

Além disso, 41,81% (quase 3 milhões de eleitores) exerceram o direito de voto antecipado desde terça-feira, o que a oposição considera um disfarce para a fraude eleitoral.

Depois de votar numa assembleia de voto em Minsk, Lukashenko dirigiu-se aos jornalistas para sublinhar que não se importa se os países ocidentais reconhecem as eleições presidenciais deste domingo.

“Ser reconhecido ou não pela União Europeia (UE) é uma questão de gosto. Acreditem, não me faz absolutamente diferença nenhuma. O importante é que as eleições sejam reconhecidas pelos bielorrussos”, afirmou.

Aliado de Moscovo, Lukashenko, que, com 70 anos, já ultrapassou 30 anos no poder, defendeu ainda que a Bielorrússia é uma “democracia brutal”.

“Temos uma democracia brutal na Bielorrússia. Não pressionamos ninguém e não silenciamos ninguém”, disse.

Lukashenko acrescentou que os presos políticos detidos no país podem pedir perdão, mas descartou qualquer diálogo com a oposição no exílio.

A Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, disse no sábado que a autoproclamação de Lukashenko como Presidente da Bielorrússia após as eleições constitui uma “afronta flagrante à democracia” e reiterou que Lukashenko “não tem legitimidade”.

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, também enviou uma mensagem ao povo da Bielorrússia, pedindo-lhes que se mantenham fortes e, assegurando-lhes o apoio da UE, afirmou que “a ditadura vai acabar”.

De acordo com as sondagens oficiais, 82,5% dos bielorrussos pretendem reeleger o atual Presidente, pelo que a única questão hoje será saber quantos votos obterá.

Nas presidenciais anteriores, em 2020, nem a oposição nem o Ocidente reconheceram a vitória de Lukashenko, desencadeando os maiores protestos da história recente do país e uma repressão policial sem precedentes.

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