A Guerra Cultural e a Construção de uma Nova Hegemonia em Portugal

Antonio Gramsci, filósofo e militante comunista italiano, desenvolveu o conceito de “hegemonia cultural” para explicar como uma classe dominante mantém o seu poder não apenas por meio da força, mas também através da influência sobre as ideias, valores e instituições de uma sociedade. Para Gramsci, a verdadeira revolução não ocorre apenas na tomada do poder político, mas na conquista da cultura e das mentes das pessoas. 

Nos seus “Cadernos do Cárcere”, escritos durante a sua prisão pelo regime fascista de Mussolini, Gramsci propôs a ideia de uma “guerra de posição”, uma batalha ideológica travada nas instituições culturais, educacionais e sociais, em oposição à “guerra de movimento”, que seria a luta direta pelo poder político. Ele acreditava que, para mudar a sociedade, era necessário primeiro conquistar a hegemonia cultural, ou seja, tornar as ideias da classe dominante aceitas como naturais e universais. 

A esquerda compreendeu essa estratégia e, ao longo das décadas, tem ocupado espaços estratégicos como universidades, escolas, meios de comunicação e instituições culturais. Por meio dessa ocupação, conseguiu moldar a opinião pública, influenciar gerações e consolidar uma visão de mundo que prevalece em grande parte da sociedade.

No entanto, a direita, em geral, tem se concentrado principalmente na conquista do poder político, negligenciando a importância da guerra cultural. Para uma mudança verdadeira e duradoura em Portugal, é essencial que a direita também se engaje nessa batalha ideológica. Isso significa investir na formação de pensadores, ocupar espaços académicos, influenciar a mídia e promover uma visão de mundo alternativa que resgate valores tradicionais e patrióticos.

Governar o país é apenas a cereja do bolo; a verdadeira transformação começa na mente das pessoas. Se queremos reverter a hegemonia da esquerda e construir uma sociedade mais alinhada com os nossos princípios, devemos começar agora a trabalhar na formação de uma nova hegemonia cultural.

Em Coimbra, temos uma oportunidade única. A cidade é um dos maiores polos académicos de Portugal, e a Universidade de Coimbra é um centro de formação de líderes e pensadores. Se conseguirmos influenciar positivamente esse ambiente, podemos iniciar um movimento que reverberará por todo o país.

Esta é uma tarefa de longo prazo, que exige paciência, estratégia e comprometimento. Mas é através dela que podemos construir as bases para uma mudança cultural real e duradoura em Portugal.

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