A Polícia Judiciária do Porto deteve uma das maiores redes de branqueamento de capitais alguma vez detetadas em Portugal. Em apenas dois anos, o grupo criminoso conseguiu pôr a circular mais de 200 milhões de euros, recorrendo a um labirinto de contas bancárias e a mais de 60 empresas-fantasma montadas exclusivamente para lavar dinheiro e escapar ao fisco.
De acordo com o Correio da Manhã (CM), a investigação conjunta da PJ e do DIAP Regional do Porto concluiu que a operação se alimentava sobretudo de dinheiro proveniente de lojas exploradas por comerciantes de nacionalidade chinesa.
A megaoperação avançou esta quarta-feira e resultou na detenção de cinco indivíduos ligados diretamente ao esquema — um cidadão chinês, apontado como líder do grupo, e quatro portugueses. Além destas detenções, houve ainda duas outras por crimes paralelos e 45 arguidos constituídos, incluindo várias empresas usadas como fachada.
O dispositivo policial arrancou com 67 buscas domiciliárias, dispersas por Espinho, Paredes, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Vila Franca de Xira e Vila Nova de Gaia, explica o CM. Uma fatia significativa da investigação centrou-se na zona industrial da Varziela, conhecida como a ‘Chinatown’ portuguesa, apontada como um dos epicentros de entrada do dinheiro a lavar.
Para além da criação de sociedades fictícias, os montantes seguiam depois para contas espalhadas por vários países europeus, num circuito desenhado para confundir as autoridades. Durante as buscas, foram apreendidos seis imóveis, nove carros de alta gama, cerca de 300 mil euros em numerário e foram arrestados os saldos de 74 contas bancárias em Portugal, bem como de outras 67 contas distribuídas por 11 países europeus.
Todos os detidos foram apresentados a tribunal.