A nomeação do economista e ex-deputado Elbert Dijkgraaf e de Richard van Zwol, um antigo funcionário público de topo que agora faz parte de um painel consultivo para a formação de um Governo, abre caminho a uma nova fase de negociações governamentais.
Quatro partidos – o Partido da Liberdade, de Wilders, o Partido Popular para a Liberdade e a Democracia, de centro-direita, o reformista Novo Contrato Social e o populista pró-agricultura Movimento Popular dos Lavradores – estão a tentar formar aquilo a que chamam um “executivo programático”, composto por políticos e especialistas de fora da esfera política.
Juntos, os partidos detêm 88 dos 150 assentos da câmara baixa do parlamento neerlandês.
Falando num debate parlamentar, Wilders disse aos deputados que as conversações “começarão finalmente a negociar sobre políticas para formar um novo Governo” e que a última ronda de negociações levará no máximo oito semanas.
O vencedor das eleições legislativas dos Países Baixos, cujo partido não obteve maioria para governar sozinho, prometeu que o novo executivo vai “atacar os grandes problemas com que o país se confronta”.
Um dos outros líderes partidários que se sentarão à mesa negocial, Pieter Omtzigt, do Novo Contrato Social, emitiu um sinal de cautela mesmo antes do início das conversações.
“Não serão negociações fáceis”, comentou com os outros deputados.
Embora o seu partido tenha conquistado a maioria dos mandatos parlamentares no escrutínio, Wilders admitiu na semana passada que não tem o apoio dos seus potenciais parceiros de coligação para se tornar primeiro-ministro.
Mesmo assim, com o seu forte resultado eleitoral e as sondagens que indicam que o seu apoio aumentou desde a vitória de 22 de novembro do ano passado, o partido de Wilders continuará a ser a força motriz do próximo Governo do país, apesar de ele ter declarado não ser ainda claro quem virá a chefiá-lo.
Num cenário político polarizado, a direita populista tem vindo a crescer há anos na Europa, mas a vitória eleitoral de Wilders não deixou de ser um choque para os Países Baixos e não só.
No passado, Wilders defendeu a proibição das mesquitas, das escolas islâmicas e do Corão, mas, em janeiro, numa concessão aos seus potenciais parceiros de coligação, retirou o projeto de lei para efetivar tal proibição.