Supremo insta CNE a publicar atas das eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela

O Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (STJ) instou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a publicar as atas das últimas eleições presidenciais em que Nicolás Maduro foi reeleito, mas cujos resultados a oposição contesta.

“A Sala solicita ao CNE que consigne, dentro do lapso de três (3) dias de despacho [dias úteis judiciais] (…) os instrumentos relacionados com o processo de eleições presidenciais de 28 de julho de 2024”, explica a sentença 026, do processo 2024-0000034 do STJ.

A decisão da Sala Eleitoral, uma das seis salas que compõe o STJ em pleno, foi publicada na rede X e entre os documentos solicitados estão as atas de apuramento a nível nacional, os números totais finais, de adjudicação e de proclamação.

“Sendo um facto público, notório e comunicável que o ataque cibernético denunciado contra o sistema informático do CNE impediu a transmissão atempada dos resultados eleitorais, solicitamos também (…) todas as provas associadas a este evento”, explica.

Desde há vários dias que é impossível aceder às páginas web do Supremo Tribunal de Justiça e do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela.

Na passada quinta-feira, 01 de agosto, o STJ aceitou um pedido do Presidente Nicolás Maduro para certificar os resultados das últimas eleições presidenciais nas quais foi reeleito para um novo mandato de seis anos (2025-2031).

Na sexta-feira nove dos dez candidatos eleitorais convocados pelo STJ – Nicolás Maduro, Luis Martínez, Daniel Ceballos, Antonio Ecarry, Benjamín Raússeo, Enrique Marques, José Brito, Javier Bertucci e Claudio Fermín – compareceram perante aquele órgão, tendo alguns deles dito aos jornalistas que desconheciam o conteúdo do recurso apresentado pelo Chefe de Estado.

Um dos convocados, o principal candidato opositor, Edmundo González Urrutia, não compareceu perante o STJ, o que levou o Presidente da Venezuela a advertir que isso traria “consequências ineludíveis”.

Sem divulgar o conteúdo do recurso, Maduro afirmou que o Governo e o Partido Socialista Unido da Venezuela estão prontos para divulgar todas as atas eleitorais e acusou a oposição interna de, com a ajuda de opositores no estrangeiro, tentar “um golpe de Estado utilizando o processo eleitoral”.

Maduro pediu ainda que os resultados eleitorais sejam certificados “com um parecer de peritos do mais alto nível técnico” e explicou estar na disposição de ser convocado, interrogado, investigado e submetido à justiça.

Segundo o CNE, Maduro foi reeleito com 6.408.844 votos, 51,95% do total, ficando em segundo lugar o principal candidato opositor, González Urrutia, com 5.326.104 votos, 43,18%.

No segundo boletim informativo sobre o processo eleitoral, o CNE afirma que nas presidenciais de 28 de julho houve 12.335.884 votos válidos.

Segundo o CNE, o candidato Luís Martínez obteve 152.360 votos (1,24%) e os restantes ficaram todos abaixo de 1%.

O conselho eleitoral argumentou que tinha sofrido um ataque informático, o que não o impediu, no entanto, de atribuir a Maduro uma “vitória irreversível”, desde o primeiro e boletim informativo oficial.

A oposição venezuelana reivindicou a vitória nas presidenciais, com 70% dos votos para Gonzalez Urrutia, com a líder opositora María Corina Machado a recusar reconhecer os resultados oficiais, com base em atas na posse da coligação da oposição.

O Centro Carter (CC), uma das organizações convidadas pelas Governo venezuelano para observar as presidenciais, disse na terça-feira que não foi capaz de verificar os resultados das eleições, culpando as autoridades por uma “falta completa de transparência” ao declarar Maduro o vencedor.

“As eleições presidenciais na Venezuela não se adequaram aos parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral e não podem ser consideradas como democráticas”, indicou o centro, num comunicado divulgado na sua página na internet.

Vários países, entre eles Portugal, estão a pedir que sejam divulgadas as atas eleitorais.

Últimas de Política Internacional

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu hoje "uma resposta forte" aos rebeldes iemenitas Hutis, que lançam regularmente mísseis e 'drones' contra Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.
As autoridades turcas detiveram hoje 234 pessoas suspeitas de pertencerem a redes de crime organizado, numa grande operação policial de âmbito internacional, foi hoje anunciado.
A União Europeia (UE) quer reforçar o controlo e a responsabilização do comércio internacional de armas, após os 27 terem aprovado hoje uma revisão do quadro sobre esta matéria, motivada pela entrega de armas à Ucrânia.
A Alta-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiro defendeu hoje que é preciso a Rússia seja pressionada para aceitar as condições do cessar-fogo, recordando que a Ucrânia está a aguardar há um mês pela decisão de Moscovo.
O presidente em exercício do Equador, o milionário Daniel Noboa, foi declarado vencedor da segunda volta das eleições de domingo pela autoridade eleitoral do país, derrotando a rival de esquerda, Luisa González.
O Governo moçambicano admitiu hoje pagar três milhões de dólares (2,6 milhões de euros) à euroAtlantic, pela rescisão do contrato com a estatal Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), mas abaixo da indemnização exigida pela companhia portuguesa.
O presidente da Ucrânia pediu uma "resposta forte do mundo" ao ataque com mísseis balísticos na manhã de hoje contra a cidade de Soumy, no nordeste da Ucrânia, que terá causado mais de 20 mortos.
O líder venezuelano Nicolas Maduro vai visitar Moscovo no próximo mês para participar nas comemorações do Dia da Vitória sobre a Alemanha nazi, que se celebra tradicionalmente a 9 de maio, confirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.
Os países que apoiam a Ucrânia na defesa do território ocupado por tropas russas comprometeram-se hoje com mais 21.000 milhões de euros para apoiar o país, durante uma reunião do Grupo de Contacto.
As autoridades italianas transferiram hoje o primeiro grupo de imigrantes em situação irregular para os polémicos centros de deportação na Albânia, transformados em estruturas de repatriamento de requerentes de asilo já com ordem de expulsão de Itália.