Há muito que se fala na necessidade da aquisição de um navio polivalente, para colmatar as necessidades que Portugal tem, principalmente na área de transporte de grandes dimensões; tanto para material logístico como para o transporte de passageiros por exemplo em caso de uma catástrofe.
De facto ele faz falta, e já á muito que se almejava por um, há mais de 30 anos que eu ouço essas lamúrias.
Esse navio pode transportar tanto militares como logística num cenário de guerra, actualmente caso seja necessário Portugal ter que deslocar militares ou logística, tem que ir à boleia de forças armadas de outros países.
Também no caso de uma catástrofe que ocorra em Portugal, caso o que aconteceu recentemente nos Açores, em que estava previsto a evacuação da população do Faial, tem que pedir apoio a terceiros.
E é aí que entra o almirante Gouveia e Melo, o qual idealizou a construção de um navio polivalente que pudesse colmatar essa inexistência.
Até aí tudo bem, a ideia não é má, mas…
Para tal “ideia luminosa” da parte do almirante Gouveia e Melo, irá ser investido 130 milhões de euros do PRR, isto se não houver as tais habituais derrapagens. Muito dinheiro para um país que tem poucos recursos, e que só tem hoje dinheiro graças às esmolas dadas pela União Europeia, se não estaríamos na bancarrota, a quem queremos mostrar que somos bons alunos, mas na prática fazemos o que eles mandam, e é se queremos dinheiro.
Mas será que somos bons alunos?
Um bom aluno é aquele que aproveita as oportunidades que lhe dão e que melhora em todas as circunstâncias.
O actual Governo PS, aproveitando o dinheiro da tão famosa “bazuca”, vai investir na construção do navio polivalente, navio esse que não pode ser intitulado de militar, pois não pode ser investido esse dinheiro militarmente, e assim como navio de apoio já é possível a sua construção.
Por isso eu pergunto, será que é necessário gastar tanto dinheiro num projecto megalómano, em que se pode gastar um décimo desse valor?
Eu respondo, não, não é necessário.
Conseguimos criar um navio de apoio logístico, bastando alterar um navio já existente. Podemos seguir o exemplo da Espanha, que é um país mais capacitado militarmente e economicamente, e têm uma marinha superior á nossa. Contudo criaram um navio logístico adaptando um navio “Ron Ron” de transporte de automóveis. Claro que teve que ser estruturado no interior, mas que no final não chegou de 10 milhões de euros. Ficaram com um navio que pode transportar tanto pessoas como material, conforme o cenário seja militar ou civil.
Inicialmente concebido para o transporte de carga entre portos comerciais, era operado desde 2003 pela empresa de navegação Suardiaz sob o nome de ‘Galiza’. O Exército comprou-o por sete milhões e meio de euros para carregá-lo com tanques de guerra, veículos ‘Centauro’ ou peças de artilharia.
(Vejam a diferença de 7.5 M. euros para 130 M. euros).
Desde a sua compra, além da mudança de nome, o navio passou por todo um processo de adaptação para dotá-lo de sistemas específicos de comunicações militares, armas de autodefesa e os instrumentos e equipamentos necessários para realizar operações de logística vertical de abastecimento e içar ou baixar objectos ou pessoas para um helicóptero.
Para Portugal era uma mais-valia, um bem necessário que há muito se precisa. E não é preciso ir em ideias “lunáticas” de gastar o que não temos e tanta falta nos faz, dinheiro.
Podíamos seguir esse exemplo, pois na conjuntura económica actual, no poupar é que está o ganho. Se pegarmos nos 130 milhões que o almirante Gouveia e Melo pensa gastar no navio polivalente, dá para equipar a Marinha com um navio desses e se calhar para um navio abastecedor que também muita falta faz.
Como diz o ditado, no saber comprar é que está o ganho, o que não corresponde a este governo, pois o PS é mais de distribuir pelos “órfãos” do largo do Rato.