Câmara do Porto não vai autorizar “nenhum hotel” no edifício do Stop

© Facebook/ruimoreira

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, garantiu hoje que não vai autorizar a construção de “nenhum hotel” no local do centro comercial Stop e que a compra do edifício pela autarquia não é viável.

Em conferência de imprensa, esta manhã, depois de reunir com a associação que representa os músicos que ensaiavam naquele espaço, Rui Moreira justificou o encerramento, na terça-feira, de mais de 100 lojas do Stop com a falta de segurança do espaço e lembrou que desde 2005 que há queixas da vizinhança por causa do barulho.

O autarca explicou que seria ilegal a câmara fazer as obras necessárias no espaço, porque o edifício não lhe pertence e que a compra ou arrendamento do espaço é inviável.

“Eu não sei de nenhum interesse imobiliário e posso-lhe dizer uma coisa, a Câmara Municipal do Porto não autoriza ali a construção de nenhum hotel, se for caso disso. (…) A história de que o que nós queremos é gentrificar aquilo parece-nos uma história absurda”, respondeu Rui Moreira quando confrontado com acusações de alegados interesses imobiliários estarem na origem da selagem das lojas.

Questionado sobre o motivo do processo de encerramento das lojas, que arrancou terça-feira, Rui Moreira referiu que os estabelecimentos em causa não têm licença de funcionamento por falta de condições de segurança, lembrando que já houve dois incêndios no edifício (em 2012 e 2013) e a existência de queixas de moradores por causa do barulho.

“Em determinada altura, o Batalhão dos Sapadores Bombeiros vai lá e faz uma investigação para perceber o que é que lá se passa e o relatório é muito preocupante, porque assinala que há puxadas elétricas ilegais, espaço comum que tinha sido ocupado impedindo a acessibilidade, que havia problemas com as saídas de emergência, que os corredores não estavam iluminados, e ao mesmo tempo nós sabíamos que havia um conjunto de lojas (…) sem licença de utilização”, explicou, referindo que algumas nunca a tiveram.

Segundo o autarca, a “qualquer momento” podia existir ali “uma situação de altíssima gravidade, podia haver um incêndio e podia lá morrer alguém”.

“Era preciso agir sobre pena de amanhã podermos ser acusados de negligência criminosa pelo facto de não tomarmos as medidas previdenciais que eram exigidas na medida em que havia uma coisa que era óbvia, havia espaços a funcionar de forma ilegal”, disse.

Sobre a possibilidade de a autarquia intervir no edifício para que ali se mantenha “todo o ecossistema” atual, o autarca explicou que essa hipótese é ilegal, uma vez que “a câmara não pode fazer obras no que não é seu”.

Para que a câmara pudesse intervir no Stop, Rui Moreira disse que umas das possibilidades “era comprar o edifício”.

“Nós, para comprarmos o edifício precisávamos que o senhor que se apresenta como representante do condomínio pudesse reunir todos os proprietários, porque nós não podemos comprar umas frações e não comprar as outras, sob pena de ficarmos numa situação de copropriedade impossível”, disse.

A segunda solução seria “ser-nos alugado a nós [o prédio] e poderíamos fazer obras, mas também ai precisávamos da totalidade do edifício”, disse, considerando, contudo, que esta solução, a par com a primeira, é inviável, porque há mais de 170 proprietários e alguns “são mais ou menos impossíveis de contactar”.

A terceira solução seria avançar com a expropriação do edifício”. Mas “a expropriação é um caminho das pedras, precisaremos para isso de uma declaração de utilidade pública cultural que só pode ser emitida pelo senhor ministro da Cultura, com que falei hoje de manhã e não se colocou de fora dessa posição”, começou por dizer.

Contudo, salientou, “as expropriações em Portugal demoram muito tempo”, a que se soma o tempo de fazer as obras necessárias para transformar o espaço.

“Um processo de expropriação mais obra não demora menos de três anos e o problema dos músicos não é daqui a três anos, não é amanhã, é hoje”, concluiu.

Últimas do País

Portugal prepara-se para entrar no grupo dos países com as leis da nacionalidade mais duras de toda a União Europeia. Se as alterações aprovadas no Parlamento, e agora sob escrutínio do Tribunal Constitucional, avançarem, será mais fácil tornar-se francês, alemão, belga ou sueco do que obter o cartão de cidadão português.
Os 10 detidos na operação 'Renascer', que apreendeu mais de sete toneladas de droga em duas embarcações de pesca no Atlântico, ficaram em prisão preventiva, adiantou hoje o Ministério Público (MP).
Entre 2010 e 2025, a Polícia Judiciária (PJ) contabilizou 66 crianças assassinadas, incluindo 26 recém-nascidos, apontando um estudo em curso para verificar se estes últimos casos têm como fatores comuns a ocultação da gravidez e a ausência do pai.
O nível de alerta no Sistema Vulcânico Fissural Oeste da Terceira subiu para V3 (fase de reativação), o mesmo grau atribuído ao vulcão de Santa Bárbara, revelou esta quarta-feira o Instituto de Vulcanologia da Universidade dos Açores.
Portugal conquistou três medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze nos Jogos Surdolímpicos, que hoje encerraram no Japão, na edição mais profícua de sempre, com destaque para Margarida Silva, André Soares e Joana Santos.
A reduzida autonomia dos Centros de Investigação Clínica e a falta de tempo nos planos curriculares das faculdades de medicina para integrar competências tecnológicas são os maiores desafios à inovação na saúde, conclui um relatório hoje divulgado.
A Comissão de Combate a Fraude no Serviço Nacional de Saúde será presidida por um magistrado e terá elementos permanentes da Polícia Judiciária, da Inspeção Geral da Saúde e das Finanças e do Infarmed, segundo a resolução hoje publicada.
A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) alertou hoje para o “alto risco de disseminação” da gripe aviária e determinou o confinamento das aves domésticas em todo o território do continente.
O Tribunal da Relação de Évora (TRE) mandou hoje repetir o julgamento dos seis arguidos absolvidos no processo da derrocada da Estrada Municipal 255 (EM255), entre Borba e Vila Viçosa, que provocou, em 2018, cinco mortos.
Cerca de 25 507 pedidos de nacionalidade portuguesa solicitados nos vários postos consulares de Portugal encontram-se pendentes, devido à falta de recursos humanos, que o Governo espera resolver com a admissão de novos profissionais, segundo o Ministério da Justiça.