Quando alguém quer falar a verdade com base na realidade pode ficar a falar sozinho.
Com a dormência do “modus operandi” dos socialistas nos últimos tempos, e seus resquícios de extrema esquerda revolucionária, “quem se mete com o PS leva”, uma frase de uma dos socialista de um dos seus grandes líderes o saudoso Jorge Coelho. Assertivo, frontal, controverso, carismático assim alguém o caracterizava.
Neste último congresso dos socialistas, apareceu contra a maré um militante RGonçalves, pode falar livremente na sua intervenção. Deveria ser aplaudido de pé, mas não foi, pois um interno meteu-se com o PS e vai levar…
Habituados a passar uma ideia de total união do partido em torno do seu líder, como que a anestesiar os congressistas e o país, perante os diretos transmitidos em todas as televisões, fica a imagem de serenidade, união e está tudo bem.
Mas como o militante RGonçalves proferiu, as mesmas televisões abrem os telejornais com os gravíssimos problemas da saúde, com meia hora de problemas na urgências. Isto deve ter acordado muitos dos anestesiados. Uma Bomba de realidade.
Mas ainda não acabou, posteriormente numa entrevista, refere que o partido está sem massa crítica, sem debate e sem fazer uma autocrítica, só para citar alguns. Justifica que desde que o líder passou a ser eleito antes do Congresso, faz dele uma “passagem de modelos”.
Penso que embora seja diferente esta comparação, tem muito em comum.
Os modelos desfilam, sem ideias, o congresso socialista também.
Os modelos são vestidos a rigor, criados, não discutem apenas passam, são olhados, apreciados e representam a marca que as sustenta.
No caso do congresso socialista, os congressistas, fazem o mesmo. Com a pré eleição do líder, ele apenas vai desfilar, é um líder criado, não discute, apenas lança farpas aos outros, ao PR, ao PSD e clama contra a direita, são olhados como grandes discursadores, de palavras bonitas a malhar nos outros, e representam o líder que os pode escolher ou já os escolheu construindo assim uma marca de sustentação.
Sem oposição interna, com o líder pré eleito, com o silêncio de muitos, com o ressuscitar de algumas múmias do partido, como o poeta alegre, lá vão constituindo um ramo de “circo_nstância” em que todos os “palhaços” aplaudem.
Apenas algum dos poucos acordados ao que se transformou o partido, o congresso e a voz única de um partido que há muito perdeu e encerrou o pluralismo interno. Mas e por muito que tudo esteja arranjado, pelos hábitos de anos e anos de poder e seus vícios e deturpações, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não. Este alguém foi um militante que sente e sabe o que se está a passar à sua frente, tem a coragem de ir contra a mão de quase todos.
Mais tarde e depois de abafado e ou banido, nada mais resta que um Velho do Restelo, mas lúcido, perspicaz e com eles no sítio, faz tremer a realidade virtual construída para alimentar a falácia duma máquina bem oleada mas sem democracia interna, alimentada pelo óleo do poder, que corrompe, cega mas vai sempre arrastando pelo luz convencimento do voto do rebanho consolidado na ilusão do discurso e não da fala direta da realidade que este militante ainda pode falar.
Assim vai a involução dos socialistas, a involução da sua democracia interna e da desgraça do país quando esta falta de diálogo interno comanda o país, porque eleito com a cegueira dos votos, a chama da unidade, a facilidade do voto na rosa e a ilusão da esquerda que tudo resolve à sua maneira, por discursos, sem debate, e sem obras e sem futuro.
Quem vota, com alguma liberdade, mesmo sendo militante não se conforma, como este militante que vê para onde o partido está a ir e a levar de novo o país.
Portugal precisa de governo, mas não este das ilusões de esquerda, que não passam disso. Em democracia o povo é soberano e tem a capacidade de escolher entre a ilusão e os problemas da realidade. Apenas com sacrifício e persistência se pode dar esperança e lutar pela construção de um país. Falar em projetos mas executá-los, falar em saúde mas resolver os gravíssimos problemas do SNS, falar em política mas ser sério, formar um governo sem corruptos, ter uma estratégia sem “floriados”, para não cair de novo uma maioria absoluta na lama de mais um pedido de demissão. Uma das vergonhas que este PS, não pode esconder. Cair de podre, culpando outros.