Onze países americanos rejeitam sentença que reconhece reeleição de Maduro na Venezuela

Onze países, entre os quais os Estados Unidos, o Chile e a Argentina, rejeitaram hoje de forma "categórica" a sentença do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela confirmando a reeleição do Presidente Nicolás Maduro.

© Facebook de Nicolas Maduro

Integrando ainda Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, os 11 países americanos afirmam dúvidas sobre a “alegada verificação dos resultados do processo eleitoral de 28 de julho, emitidos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), e que procura validar os resultados não fundamentados emitidos pelo órgão eleitoral”.

Em comunicado conjunto divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chileno, os países recordam o seu desconhecimento acerca da “validade da declaração do CNE”, por ter sido negado acesso aos representantes da oposição à contagem oficial.

Também não foram publicadas as atas e foi recusada uma auditoria “imparcial e independente”, adiantam.

Na posição conjunta é reiterada a defesa de uma “auditoria imparcial e independente” dos votos e a necessidade de “respeito pela expressão soberana do povo venezuelano, que se exprimiu pacífica e energicamente a 28 de julho”.

Também foi manifestada “profunda preocupação” com as violações dos direitos humanos que estão a ser perpetradas na Venezuela contra cidadãos que exigem “pacificamente” o “respeito pelo voto dos cidadãos” e o “restabelecimento da democracia”.

Na quinta-feira, o TSJ, controlado pelos chavistas, declarou Maduro vencedor das eleições presidenciais e instou a Procuradoria-Geral da República a investigar possíveis crimes cometidos pelos líderes da oposição, que divulgaram documentos para contrariar as estatísticas oficiais e provar a alegada vitória do candidato da oposição González Urrutia.

Entretanto, o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, voltou a evitar reconhecer hoje a reeleição de Maduro, insistindo que as atas eleitorais devem ser divulgadas.

“Vamos esperar que as atas sejam divulgadas porque ontem (quinta-feira) o Tribunal Eleitoral da Venezuela mantém que o Presidente Maduro ganhou as eleições e, ao mesmo tempo, recomenda que as atas sejam divulgadas, penso que há uma data para a resolução, por isso vamos esperar”, afirmou.

Questionado pela imprensa sobre a tomada de posição dos 11 países, López Obrador respondeu respeitar decisões tomadas e afirmou haver um “novelo” de desqualificações e condenações ao governo venezuelano.

Em Caracas, o Governo agradeceu hoje aos presidentes de Cuba e Nicarágua, respectivamente Miguel Díaz-Canel e Daniel Ortega, pelo reconhecimento da vitória de Nicolás Maduro.

Através das redes sociais, o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Yván Gil, agradeceu a Ortega “pelas suas palavras de encorajamento e felicitações”, após o Presidente nicaraguense felicitar Maduro pelo acórdão do STJ.

Gil agradeceu ainda “o apoio firme” de Díaz-Canel e lembrou que a “revolução cubana sempre foi contundente quando se trata de defender princípios fundamentais como a soberania e a autodeterminação das nações, assim como confrontar a ingerência do imperialismo e de seus satélites”.

O Presidente cubano questionou, no X, “quando os ingerentes se desculparão” perante Maduro, em alusão aos Governos que se recusam a reconhecer a reeleição do líder chavista até que o CNE publique os resultados desagregados, algo que deveria ter sido feito no dia 02 de agosto, segundo o cronograma eleitoral.

O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borell, declarou hoje que a UE não reconhecerá Nicolás Maduro como Presidente até que as atas eleitorais sejam verificadas.

Os vinte e sete Estados-membros, observou Borrell, estão “neste momento” a tentar estabelecer uma posição sobre a questão e, se não for estabelecida agora, disse que será anunciada no Conselho do Ministro dos Negócios Estrangeiros na próxima semana.

O secretário-geral da ONU pediu hoje à Venezuela “total transparência” nos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho e lembrou que o CNE ainda não publicou as atas eleitorais do escrutínio, como reivindica a oposição.

Num comunicado, António Guterres afirmou que “tomou nota” da decisão do STJ e exigiu “uma proteção absoluta e respeito pelos direitos humanos” na Venezuela, após expressar “preocupação” com os relatos recebidos de vários abusos, entre os quais mencionou detenções arbitrárias de menores, jornalistas, defensores dos direitos humanos, ativistas e opositores.

Últimas de Política Internacional

O lusodescendente Paulo Pinto, membro ativo da Alternativa para a Alemanha (AfD, direita radical alemã) em Euskirchen, defende que os partidos tradicionais devem ouvir os eleitores e abandonar o discurso sobre o “cordão sanitário”.
A Comissão Europeia aprovou hoje uma ajuda adicional de 40 milhões de euros para ajudar os ucranianos em situação vulnerável a prepararem-se para o inverno, perante os recentes ataques russos contra infraestruturas de energia.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou hoje o antigo negociador da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, como novo primeiro-ministro de França após mais de 50 dias de governo provisório.
O Presidente russo, Vladimir Putin, apoiou hoje a candidatura da norte-americana Kamala Harris à Casa Branca, um dia depois de Washington ter acusado Moscovo de interferência nas presidenciais dos Estados Unidos da América.
O atual ministro espanhol da Transformação Digital, José Luis Escrivá, será o novo governador do Banco de Espanha, anunciou hoje o Governo liderado pelo socialista Pedro Sánchez, que está ser alvo de críticas da oposição por causa desta escolha.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, quer rever as ajudas diretas aos pequenos agricultores e prometeu hoje apresentar medidas nos primeiros 100 dias do próximo mandato.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitry Kuleba, apresentou hoje a demissão, numa carta dirigida ao Verkhovna Rada (parlamento) do país.
A Justiça neerlandesa pediu hoje 14 anos de prisão para um pregador paquistanês por incitar ao assassínio do líder neerlandês anti-islâmico de direita radical, Geert Wilders, e seis anos para um dirigente partidário extremista paquistanês por sedição e ameaças.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, encerrou hoje um intenso dia de consultas para nomeação do próximo primeiro-ministro, mantendo-se a falta de consenso sobre uma personalidade que possa sobreviver a uma moção de censura na Assembleia Nacional.
O Governo dos Estados Unidos apreendeu um avião utilizado pelo Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, alegando violações das sanções e das leis de controlo das exportações, informou hoje o Departamento de Justiça norte-americano.