Espanha concede asilo político ao opositor venezuelano Edmundo González Urrutia

A Espanha concederá "naturalmente" o asilo político ao candidato da oposição às eleições presidenciais da Venezuela Edmundo González Urrutia, afirmou hoje o chefe da diplomacia de Madrid, José Manuel Albares, à televisão espanhola.

© Facebook Maria Corina Machado

Em declarações à televisão espanhola durante uma breve escala em Omã a caminho da China, citadas pela agência France-Presse, Albares indicou que González Urrutia, que está a voar para Madrid num avião militar espanhol, tinha “pedido o direito ao asilo”.

“O Governo vai naturalmente […] concedê-lo”, acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol.

O político venezuelano Edmundo González Urrutia, que a oposição diz ter vencido as presidenciais de 28 de julho, deixou na noite de sábado a Venezuela em direção a Espanha, anunciou a vice-presidente do país, Delcy Rodríguez.

“Hoje, 07 de setembro, deixou o país o cidadão opositor Edmundo González Urrutia, que tendo-se refugiado voluntariamente na Embaixada do Reino de Espanha em Caracas, desde há vários dias, solicitou perante este Governo a tramitação de asilo político”, anunciou Rodríguez na rede social Instagram.

A responsável explicou que, “após os contactos pertinentes entre ambos os governos, cumpridas as diligências necessárias e em conformidade com o Direito internacional, a Venezuela concedeu os salvo-condutos necessários, no interesse da paz e da tranquilidade política do país”.

“Esta conduta reafirma o respeito pelo Direito que tem prevalecido nas ações da República Bolivariana da Venezuela perante a comunidade internacional”, sublinhou, precisando que, nas próximas horas, dará mais informações.

Antigo embaixador da Venezuela na Argentina e na Argélia, Edmundo González Urrutia, 75 anos, aceitou ser candidato nas presidenciais de 28 de julho de 2024, em substituição da líder opositora María Corina Machado, desqualificada pelas autoridades e impossibilitada de exercer cargos públicos durante 15 anos.

Em 03 de setembro, um tribunal venezuelano especializado em crimes relacionados com terrorismo emitiu um mandado de prisão para González Urrutia.

O ex-candidato é acusado pelo Estado de ter alegadamente cometido os crimes de “usurpação de funções”, “falsificação de documentos públicos”, “instigação à desobediência das leis”, “conspiração”, “sabotagem, danos no sistema e associação [para cometer crimes]”.

O Ministério Público pediu à justiça que emitisse um mandado de prisão para González Urrutia depois de este não ter comparecido a três convocatórias.

O político devia prestar declarações no âmbito de uma investigação relacionada com a publicação de uma página na Internet em que a principal coligação da oposição – Plataforma Unitária Democrática (PUD) – afirma ter carregado “83,5% das atas eleitorais” recolhidas por testemunhas e membros das mesas de voto.

A PUD divulgou as atas, que o executivo, por sua vez, qualificou de falsas, depois de o Conselho Nacional Eleitoral ter proclamado Nicolás Maduro como vencedor das eleições.

A vitória do atual Presidente foi questionada por vários países, alguns dos quais apoiam a afirmação de que González Urrutia ganhou a liderança do país.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

O regime de Caracas diz estar em curso um golpe de Estado, mantendo polícias e militares nas ruas, para controlar os manifestantes, e pediu à população que, de maneira anónima e através da aplicação VenAPP, denuncie quem promove os protestos.

Últimas de Política Internacional

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 da União Europeia (UE) discutem hoje os desenvolvimentos na guerra na Ucrânia e a escalada do conflito entre Israel e o Irão, após os bombardeamentos norte-americanos contra várias instalações nucleares iranianas.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou este sábado que as forças armadas dos Estados Unidos atacaram três centros nucleares no Irão, incluindo Fordo, juntando-se diretamente ao esforço de Israel para decapitar o programa nuclear do país.
O Parlamento Europeu (PE) defende a aplicação do plano de ação europeu para as redes elétricas, visando modernizá-las e aumentar a capacidade de transporte, para evitar novos ‘apagões’.
Teerão iniciou, durante a noite de segunda-feira, uma nova vaga de ataques com mísseis contra Israel, tendo sido ativado o alerta de mísseis e aconselhados os moradores de Telavive a procurar abrigo.
A Comissão Europeia exigiu hoje a Portugal e a outros quatro países a concluírem a transposição da diretiva da União Europeia (UE) sobre a água potável, em incumprimento desde 12 janeiro de 2023.
A Comissão Europeia propôs hoje a redução do prazo de licenciamento em projetos de defesa de anos para 60 dias, a redução da carga administrativa e melhor acesso ao financiamento para assim estimular investimentos na União Europeia (UE).
Os líderes do G7 afirmaram o direito de Israel a "defender-se", acusaram o Irão de ser a "principal fonte de instabilidade e de terrorismo na região" e apelaram à "proteção dos civis", segundo uma declaração conjunta.
O Partido Popular de Espanha (direita), que lidera a oposição, voltou hoje a pedir a demissão do primeiro-ministro, devido às suspeitas de corrupção na cúpula socialista, mas rejeitou uma moção de censura ao Governo.
O Tribunal de Contas Europeu (TCE) defende um orçamento da União Europeia (UE) a longo prazo mais simples e flexível para se poder adaptar às “circunstâncias em mudança”, pedindo que, perante nova dívida comum, sejam mitigados os riscos.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmaram no domingo que "este não é o momento para criar incerteza económica" e que devem ser evitadas "medidas protecionistas".