Liga quer inquérito a acidente com bombeiros feito por comissão independente

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), António Nunes, defendeu hoje a constituição de uma comissão técnica independente para elaborar o inquérito ao acidente com um veículo de combate a incêndios em Odemira.

© facebook da Liga de Bombeiros

“Numa situação destas e com algum alarme que está a ser criado, talvez valha a pena repensar se não deve ser uma comissão técnica independente exterior ao proprietário da viatura, que é a ANEPC [Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil]”, a elaborar o inquérito ao acidente”, afirmou o responsável.

António Nunes falava à agência Lusa em Odemira, no distrito de Beja, à margem do velório do bombeiro Dinis Conceição, que morreu na sequência do despiste do veículo ocorrido na quarta-feira naquele concelho alentejano.

Lembrando que a ANEPC já levantou um inquérito, o presidente da LBP assinalou que essa investigação é feita pela “entidade proprietária do veículo, pela entidade que criou o caderno de encargos para a sua compra e pela entidade que o rececionou”.

“Não tenho nenhuma dúvida da independência que possa estar sobre os inspetores que estão a fazer a auditoria, mas gostaríamos talvez de ver a situação, já que há comissões técnicas independentes para outras situações”, salientou.

Este caso, sublinhou António Nunes, é “uma situação de dúvida cada vez mais crescente” e, com uma comissão independente a investigar as causas, “talvez houvesse a garantia de que as conclusões não iriam sofrer qualquer tipo de interrogações”.

“Podemos correr o risco de outras associações, se se mantiver esta pressão, quer nas redes sociais, quer até na comunicação social, colocarem em dúvida a segurança do veículo”, alertou, já que o lote a que pertencia a viatura acidentada tinha no total 57 carros.

Segundo o responsável, a LPB tem registo de 255 bombeiros mortos em serviço desde 1980, o que representa “um número bastante elevado, que não tem comparação com mais nenhuma força de segurança”.

“A LPB veio apresentar as condolências ao comandante, ao corpo de bombeiros, à família e, acima de tudo, representar todos os bombeiros de Portugal, que estão tristes”, acrescentou.

O despiste do veículo desta corporação alentejana aconteceu na quarta-feira à noite, na estrada municipal que liga Boavista dos Pinheiros a Saboia, em Odemira, deixando cinco bombeiros feridos, entre os 37 e os 43 anos, dos quais quatro graves e um ligeiro.

O bombeiro Dinis Conceição, de 38 anos, tinha sido helitransportado para o Hospital de São José, em Lisboa, mas acabou por morrer na sexta-feira. Era bombeiro profissional na corporação e pertencia a uma equipa de intervenção permanente (EIP), composta por cinco elementos.

Dois bombeiros continuam internados, um no Hospital de Portimão e o outro no de Santa Maria, em Lisboa, enquanto os outros dois já tiveram alta hospitalar.

Na quarta-feira, esta EIP foi chamada a intervir “numa queimada autorizada” em Saboia, a qual “se descontrolou”, e os operacionais regressavam a casa quando o veículo de combate a incêndios se despistou, segundo o presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Odemira, António Camilo.

A Inspeção dos Serviços de Emergência e Proteção Civil abriu um inquérito ao acidente de viação, logo no próprio dia do sinistro, disse à Lusa fonte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), explicando tratar-se de um procedimento realizado sempre que existe um acidente envolvendo um veículo dos bombeiros.

Também Luís Oliveira indicou que estavam em curso inspeções da ANEPC e do Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação da GNR e disse querer conhecer o relatório das perícias para apurar se o despiste “foi provocado por deficiência mecânica ou por erro humano”.

De acordo com o comandante, “nunca houve queixas de segurança” relativas a esta viatura, mas o veículo iria ser recolhido “na segunda-feira para pequenas retificações técnicas”, que não implicavam “a segurança da mesma”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, também já chegaram ao velório do bombeiro, mas à entrada não prestaram declarações aos jornalistas.

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