Com entrada incólume, sereno e de pose de estado, parecia já um estadista. Longe de respostas diretas aos jornalistas, parecia um novo estilo, seguro absorvendo toda a luz como um Montenegro, a maioria simples e independente do CHEGA do “Não é Não”, sem espinhas, ia construindo a sua imagem de primeiro-ministro, na sustentabilidade periclitante do equilíbrio político sem cedências, mas com consequências caso algum partido menor o pusesse em causa com uma moção de rejeição, rejeitada à partida. Com uma extrema-esquerda perdida e sem conseguir alguma união na candidatura à CM de Lisboa, com Moedas fortes, com estabilidade económica e com decisões que sustentam qualquer campanha antecipada, soma e segue o ainda Montenegro. Por antecipação foi construindo uma imagem de seriedade, distanciamento dos jornalistas e até do Presidente da República, construiu um pré programa de campanha com base na solução de vários problemas que pareciam sem decisão; Aeroporto, reivindicações dos professores, dos polícias, dos bombeiros, etc. Mantendo o CHEGA condicionado, o PS desnorteado, o Presidente da República limitado à convocação de eleições antecipadas, tudo corria bem na sua política, na sua imagem, na sua pose de estadista sem alguém sequer voltar a falar na sua casa de Espinho….
Mas alguma coisa o poderia manchar? Algum partido o poderia incomodar, com um governo a trabalhar e coesão, apenas com alguns pequenos problemas com a ministra da saúde e vamos lá governar que a coisa promete.
Mas como diz o fado… “Lá longe, ao cair da tarde…. vejo nuvens d’oiro”, penso que começou a ver nuvens de fumo.
Como não implodiu por fora, começa por implodir por dentro das suas empresas, das suas avenças e dos imbróglios que iam surgindo na distância da Comunicação Social, agora em plena Comunicação de investigação, saindo para a praça pública com uma série de desgaste que acompanhou a luta política de descredibilização que até aí o Montenegro absorvia mas agora como Monte Raso, começou a vacilar. Com duas aparentes vitórias nas noções de rejeição, quase nada o poderia derrubar. Quase, nada, nem o seu arquirrival Pedro Nuno Desnorteado e com medo de eleições antecipadas para não ser penalizado pela insegurança governativa, mas tudo se desencadeia em abrupto caminho de fim de linha.
Hoje e sem rota de insustentabilidade surge de novo a canção “Ao cair da tarde” de terça-feira próxima terá que apresentar uma Moção de Confiança que vem mesmo salvar a face do Pedro e fazer cair o Monte. Vamos para eleições antecipadas que vão beneficiar o partido do “Não é Não”. A democracia serve para isto, encontrar soluções políticas.