O PSD carimbou a sua sentença

É da praxe, que qualquer comentador, no rescaldo das eleições, lance o seu veredicto acerca dos Vencedores e dos Vencidos do sufrágio. Desta forma, há, como é bom de ver, opiniões para todos os gostos e análises há medida, literal, do bolso de quem comenta. Poucos, porém, pensarão a sério, para lá da espuma dos dias e de excitações momentâneas, sobre o assunto – isto é, nas ressonâncias que os resultados, por debaixo de aparentes vitórias ou derrotas têm para a vida política do país. É por aí que a minha reflexão, de alguém que já não tem mais paciência para ler ou ouvir o que os repetitivos comentadeiros dizem, tem andado nos últimos dias.

A ver vamos: Quem é que foram os grandes vencidos nesta eleição? Em toda a linha, foram-no António Costa e Luís Montenegro, mas curiosamente, por razões opostas. O primeiro porque fugiu entre os pingos da chuva a um desaire tremendo, que lhe serve de aviso sobre o que aí vem. O segundo, porque colando-se aos holofotes de Miguel Albuquerque, na esperança de uma maioria absoluta, suou as estopinhas (literalmente, veja-se os vídeos) para tentar fazer da derrota, uma vitória. Como corolário do desespero, para ver se mudava de assunto, voltou a dizer que com o Chega “nada, nada, nada”, e as televisões morderam o isco.

No campo dos derrotados, temos ainda a Iniciativa Liberal, que ficou atrás do ex-padre Edgar Silva, da CDU, e perdeu 700 votos face às legislativas do ano passado; e o Bloco de Esquerda, que elegeu 1 deputado, mas ficou em oitavo lugar. Não creio ter sido muito abonatório, mas talvez me engane, a avaliar pela reação da sua líder, emocionada pelo calor do momento ou pela testosterona nos píncaros.

Coloca-se, pois, a questão? Quem venceu verdadeiramente nas eleições da Madeira? Dir- me-ão: o PSD! Pois bem, que vitória pírrica, ir coligado e mesmo assim ter menos votos do que há quatro anos! Mais, pode um líder cantar vitória quando em campanha diz que se demite se não tiver maioria absoluta e quando a não tem, não cumpre com a palavra? Quem faz isso, não é líder, não tem espinha dorsal, não merece governar. Sobre Albuquerque, estamos conversados.

23 deputados teve a coligação PSD+CDS. Ficando a faltar um mandato havia que negociar. Afiguravam-se duas hipóteses – IL e PAN. Rui Rocha, certamente embalado pelo almoço a dois com Montenegro, pensava que teria lugar à mesa para poder também ele comer do bolo do Orçamento Regional. Mas não, o “adulto na sala” ficou apenas para pagar a conta, pois quem se vai lambuzar agora é a jovem do PAN, partido ao qual o PSD se preferiu aliar. Quem fica também em maus lençóis é o CDS, que tanto gritava contra os animalistas, mas agora vai ter que se resignar ao Tofu. É isso, ou passar fome. Nestas coisas, o tacho (cheio) fala mais alto.

Montenegro cantou vitória. O PSD em Lisboa diz que ganhou. Até pode ter ganho a Madeira, mas optando pelos eco-ansiosos do PAN para um acordo, ao invés daqueles que mais próximos estão das suas ideias (se é que as há), Montenegro carimbou ali sua morte política, bem como o naufrágio eleitoral do PSD nas eleições futuras. Nunca os militantes de base lhe perdoarão esta traição.

Por isso, a questão impõe-se novamente: quem é o verdadeiro vencedor? A resposta é só uma – o CHEGA. E não falo somente do incremento histórico de votação ou dos

mandatos recebidos. Falo mais além. André Ventura ganhou ao adiantar-se e dizer que era o Chega que não fazia acordos com quem não cumpre a sua palavra. Em boa hora o Chega optou por fazer o seu caminho sozinho. O tempo veio a comprovar que era a escolha certa. Pela coerência demonstrada será, em breve, o partido mais votado à direita do PS. O único que provou não se vender, nem por lugares, nem por conveniências, nem por nada. O único que defende o mundo rural e as suas tradições. O único que «sente Portugal» não para as fotografias, mas na realidade. O único que capaz mudar alguma coisa neste país. O tempo o dirá, mas hoje, por demérito dos seus adversários, é o Chega o único a cantar vitória.

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