A decisão de afastar Alessandro Moretti foi publicada no Diário Oficial da União, horas depois de Luiz Inácio Lula da Silva ter manifestado dúvidas sobre o dirigente, numa entrevista a uma rádio.
O Presidente declarou que Moretti tinha “um relacionamento” com Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sob investigação pela Polícia Federal (PF) por supostamente vigiar rivais de Bolsonaro.
“Se isso for verdade, e estiver comprovado, não há clima para que esse cidadão continue na Polícia”, disse Lula.
A PF garantiu que, durante as investigações sobre o alegado uso da Abin para fins políticos, Moretti disse aos investigados que a operação tinha “antecedentes políticos” e que “iria passar”, de acordo com despacho assinado pelo magistrado do Supremo Tribunal de Justiça Alexandre de Moraes.
Além disso, os agentes afirmaram que esta não era a “postura esperada” de um comissário de polícia e as declarações influenciaram a “perceção de gravidade” dos alegados atos.
Na segunda-feira, a polícia brasileira realizou buscas numa casa da família de Bolsonaro na cidade de Angra dos Reis. Carlos Bolsonaro, vereador da cidade do Rio de Janeiro e um dos filhos do ex-Presidente, foi um dos alvos da operação.
Em comunicado, a PF disse que a nova etapa da operação “Vigilância Aproximada” visou “avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas”.
“Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controlo judicial ou do Ministério Público”, acrescentou.
Depois das buscas, Bolsonaro disse numa entrevista à CNN Brasil que era perseguido pelo Governo de Lula da Silva.
“Eles querem me associar a essa ‘Abin paralela’. Mas não vão encontrar nada. É uma pesca em piscina. Não vão tirar um peixe. Estou sendo perseguido pelo Governo do Lula”, afirmou Bolsonaro à CNN.
Lula da Silva negou na terça-feira que as investigações resultem de perseguição política.
“O que eu espero é que as pessoas que estão sendo investigadas sejam investigadas, tenham direito à presunção da inocência, que eu não tive”, acrescentou.