A criminalidade violenta tem vindo a aumentar em Portugal. Em apenas dois dias, o país assistiu a seis crimes violentos. A mancha negra na reputação de país seguro começou a ser desenhada logo na segunda-feira.
Pelas 22h55, as autoridades receberam o alerta para um jovem caído e desanimado em plena via pública no Lavradio, concelho do Barreiro, e, quando lá chegaram, perceberam que a vítima, um adolescente de 16 anos, apresentava ferimentos de bala na zona do peito, perto do pescoço, conta o jornal Correio da Manhã. De acordo com a mesma fonte, a vítima morreu no local, com o óbito a ser declarado pela equipa da Viatura Médica de Emergência e Reanimação.
As autoridades estão a investigar os contornos do crime, mas há órgãos de comunicação social que apontam que o crime terá tido origem num ajuste de contas.
Pouco mais de 24 horas depois deste caso, um homem foi baleado no peito na Estrada Militar, na zona da Amadora, tendo sido transportado para o Hospital Amadora-Sintra em estado grave. Ainda na noite de terça-feira, outro jovem, de 23 anos, deu entrada no mesmo hospital com ferimentos nas pernas e nos braços provocados, também, por uma arma de fogo.
Cerca de três horas depois, também na Amadora, mas na Cova da Moura, outro jovem foi vítima de disparos de uma arma de fogo. Tudo terá acontecido pelas 02h45 naquele que é um dos bairros mais problemáticos da Área Metropolitana de Lisboa. A vítima, de 24 anos, foi baleada na barriga, tendo sido transportada para o principal hospital de Lisboa em estado grave, estando os suspeitos ainda por identificar.
Quase em simultâneo, mas no concelho vizinho de Cascais, dois homens foram atacados durante aquilo que parece ter sido um assalto. Dois turistas norte-americanos, que estavam noivos e de férias em Portugal, foram abordados por três indivíduos pelas 03h00 de quarta-feira. Nesta senda, o casal foi esfaqueado, também na via pública, tendo um dos homens morrido na sequência dos ferimentos. A outra vítima ficou gravemente ferida com cortes na cara e no braço e foi transportada para o Hospital Santa Maria.
Os três suspeitos, que, segundo relata a TVI, são de etnia cigana, fugiram, mas acabaram por ser detidos já durante o dia de quarta-feira, não havendo, à hora de fecho desta edição, informação sobre as medidas de coação a aplicar.
Por fim, pelas 09h de quarta-feira, um cidadão de nacionalidade irlandesa foi encontrado morto na zona do antigo Casal Ventoso, em Lisboa. A vítima, de 26 anos, apresentava ferimentos na cabeça e marcas de espancamento.
Entre segunda-feira à noite e quarta-feira de manhã, e só na Área Metropolitana de Lisboa, houve registo de três mortos e quatro feridos graves, todos eles vítimas de crimes violentos.
Em declarações ao Folha Nacional, o Presidente do CHEGA lamentou o estado a que o país chegou. “É inconcebível dizer-se que Portugal é um país seguro, que não tem problemas de criminalidade quando três pessoas são assassinadas no espaço de apenas 48h”, começou por dizer André Ventura, lembrando que o “CHEGA tem vindo, há meses e meses, a alertar para o aumento da criminalidade no país”.
“Infelizmente, temos vindo a ser ignorados”, lamentou, considerando que o problema da criminalidade tem um peso significativo naquele que é o dia-a-dia dos portugueses.
“Não podemos continuar a ter pessoas que têm medo de sair de casa à noite com receio de serem atacadas. Portugal não se pode transformar num país de terceiro mundo, no que diz respeito à criminalidade e, ou colocamos um travão a este fenómeno reforçando o número de elementos das forças de segurança e a sua autoridade, ou vamos mesmo tornar-nos num país em que os gangues aterrorizam a vida das pessoas”, vincou.
Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) divulgado este ano, a criminalidade violenta e grave registou uma subida ligeira de apenas 2,6%. No entanto, o que as forças de segurança no terreno e o que os órgãos de comunicação social têm noticiado numa base quase diária revelam algum descrédito do RASI.
Aliás, cabe recordar que o partido CHEGA já havia criticado, em 2022, os números divulgados pelo referido relatório, considerando que os mesmos não diziam respeito à realidade e acusando o então Executivo liderado por António Costa de manipular os dados constantes do relatório. Uma crítica que, aliás, voltou a ser feita por André Ventura já este ano.
Elementos das forças de segurança contaram ao Folha Nacional, em jeito de desabafo, que efetivamente o RASI não espelha a realidade da criminalidade, sendo o relatório construído com objetivos políticos e não de preocupação com uma análise séria da criminalidade existente em Portugal.