O anúncio foi feito pelo próprio nas redes sociais e entretanto confirmado pela equipa de campanha.
A escolha de Camões, antigo presidente da agência Lusa, ex-diretor do Jornal de Notícias e conhecido pela proximidade ao antigo primeiro-ministro José Sócrates, tinha sido alvo de críticas nos últimos dias, depois de vários órgãos de comunicação social recuperarem escutas telefónicas de 2014 relacionadas com negociações para cargos de direção no grupo Global Media, então alegadamente articuladas com Sócrates. Embora nunca tenha sido acusado ou investigado no âmbito desses episódios, o seu nome voltou ao debate político em plena campanha.
Perante a polémica, Gouveia e Melo já tinha defendido, em entrevista à CMTV, que Camões cumpria os critérios de elegibilidade adotados para a candidatura, sublinhando que apenas recusava o apoio de pessoas condenadas ou envolvidas em processos judiciais que indicassem responsabilidade criminal.
No texto agora divulgado, Camões acusa um “cronista e um jornal” de ressuscitarem uma “escuta ilegítima” com o objetivo de condicionar a candidatura do almirante na reserva. Num tom crítico, afirma que a polémica não o atinge pessoalmente, mas que está a ser instrumentalizada para enfraquecer Gouveia e Melo.
“Não admito que o meu nome seja utilizado como pretexto para prejudicar o senhor almirante”, escreve, justificando assim a renúncia com efeitos imediatos. O jornalista reforça ainda que mantém o apoio “incondicional” à candidatura que abraçou por convite do próprio Gouveia e Melo.
A saída de Camões surge poucos dias depois de José Sócrates ter declarado publicamente apoio ao candidato e de Luís Bernardo, ex-assessor do antigo primeiro-ministro, ter admitido colaborar informalmente com a campanha. Estas ligações provocaram tensão durante um debate televisivo na CNN, onde Gouveia e Melo reagiu de forma crítica a questões sobre o apoio do ex-líder socialista.
Com a renúncia, a candidatura procura agora limitar o impacto político das recentes controvérsias, numa fase em que Gouveia e Melo tem insistido num discurso de renovação e exigência ética no espaço público.