Jaime Nogueira Pinto e Rui Ramos lançam nova revista para “quebrar domínio da esquerda” na cultura

Para “quebrar a hegemonia da esquerda” na cultura e “dar a conhecer a tradição intelectual das direitas e os seus desenvolvimentos atuais”, os historiadores Jaime Nogueira Pinto e Rui Ramos lançaram uma nova revista, intitulada Crítica XXI.

Com periodicidade trimestral, preço fixado em 10 euros e “modelo à antiga, de revista em papel”, a Crítica XXI foi lançada oficialmente na quarta-feira, em Lisboa, com uma contracapa que serve de declaração de princípios.

“Portugal é há quase meio século governado pelas esquerdas. (…) Disto não resulta apenas que as direitas e o seu pensamento sejam mal conhecidos; resulta uma atmosfera cultural e mediática acomodada e maniqueísta sem espaço para interrogação crítica. Crítica XXI quer dar a conhecer a tradição intelectual das direitas e os seus desenvolvimentos atuais, olhando para valores, ideias e princípios com liberdade incondicional”, lê-se.

Com a direção dos historiadores Jaime Nogueira Pinto e Rui Ramos, o primeiro volume conta com artigos de personalidades de “diversas gerações e experiências”, como o jovem crítico Carlos Maria Bobone ou a professora Mafalda Miranda Barbosa, mas que partilham “uma certa identidade de princípios e de ideias, de reflexões”.

“Nós sempre estivemos ligados, e temos muito a ideia também de que o pensamento, a chamada ‘batalha das ideias’, o chamado ‘poder cultural’, são coisas importantes. E a ideia foi que, em Portugal, esse poder cultural está nas mãos da esquerda há muitos anos (…) e continua a está-lo, e que vale a pena e é preciso quebrar esse domínio”, diz Jaime Nogueira Pinto, em declarações à agência Lusa.

Com um primeiro volume que aborda temas tão díspares como a eutanásia, os 50 anos do filme “O Padrinho” ou recensões sobre o livro “Ulisses”, de James Joyce, ou “Guerra”, de Louis-Ferdinand Céline, Jaime Nogueira Pinto explica que a revista pretende “trabalhar sobretudo na frente cultural”, mas envolve “também uma nota política importante”.

“A luta cultural é uma afirmação de valores. (…) Nós não estamos propriamente a ser, nem queremos ser, o braço intelectual de nenhuma força política, mas queremos, no campo das ideias, apresentar ideias e combater outras ideias”, refere.

Rejeitando assim ser uma “agência intelectual ou cultural de um partido qualquer”, Jaime Nogueira Pinto salienta que “o mais importante neste momento” é que várias personalidades, “que estão um bocadinho isoladas”, decidiram juntar-se para produzir a revista.

“Estas áreas da academia, das ciências humanas na academia, do próprio jornalismo e, hoje em dia, (…) do ‘entertainment’ [entretenimento] são áreas que têm esse lado de hegemonia, às vezes até já com algum isolamento, cancelamento e até perseguição a quem está fora do baralho. Eu acho que é importante também mostrar presença e força”, considera.

Além da revista em versão papel, Crítica XXI tem também um ‘site’ na Internet – que visará sobretudo trazer para Portugal “coisas que saem nos Estados Unidos, em França, Inglaterra, Itália” – e, para quem subscrever a assinatura anual (no valor de cinquenta euros), incluirá “quatro obras decisivas para a compreensão do nosso tempo, de uma perspetiva de direita”.

“Vão ser essencialmente obras clássicas, de uma área que é exatamente esta da direita, que é uma área que é desconhecida e é conhecida através apenas, normalmente, dos seus adversários. A definição da própria direita em Portugal – e noutros sítios – é dada pela esquerda”, critica Jaime Nogueira Pinto, que adianta que a primeira obra escolhida é “Heresias”, de G. K. Chesterton.

Quanto à viabilidade financeira da revista, Jaime Nogueira Pinto reconhece que, por enquanto, a “estrutura é relativamente leve”, mas salienta que a produção da revista não requer meios equivalentes aos de um canal televisivo ou de um jornal.

“’On s’engage et après on voit’ [empenhamo-nos e depois logo se vê], como diria o Napoleão. Vamos ver como é que isto é recebido, vamos ver quais são as primeiras reações que temos. [No lançamento] havia já muita gente a fazer-se assinante. Vamos ver…”, diz.

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