China diz que relação com a Rússia não constitui ameaça para outros países

©D.R.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Qin Gang, afirmou hoje que as relações entre Pequim e Moscovo “não ameaçam nenhum país” e contribuem para “avançar com o multilateralismo” nas relações internacionais.

“As relações entre a China e a Rússia têm como base a confiança mútua estratégica e a boa vizinhança. Há quem veja nesta relação ecos da Guerra Fria, mas ela não constitui uma ameaça para nenhum outro país”, apontou Qin, em conferência de imprensa, à margem da sessão anual da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China.

O governante chinês afirmou que o “multilateralismo nas relações internacionais avança graças à parceria” entre a China e a Rússia.

Desde o início da guerra na Ucrânia, Pequim tem tentado manter a “amizade sem limites” com Moscovo e proteger as fortes ligações comerciais com os Estados Unidos e países aliados, bem como a sua imagem global.

Pequim recusou condenar a invasão e condenou a imposição de sanções à Rússia, mas defendeu também a importância de respeitar a “integridade territorial de todos os países”, numa referência à Ucrânia.

O país asiático considerou a parceria com Moscovo fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, liderada pelos Estados Unidos. As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se também rapidamente, nos últimos anos, devido a uma guerra comercial e tecnológica, diferendos em questões de direitos humanos, o estatuto de Hong Kong e Taiwan ou a soberania do mar do Sul da China.

Analistas consideraram, no entanto, que este ato de equilíbrio parece ser cada vez mais insustentável à medida que a guerra se alastra e Moscovo requer apoio mais tangível, nomeadamente o fornecimento de armamento.

Qin Gang substituiu, em dezembro passado, Wang Yi, que foi nomeado diretor do Gabinete da Comissão Central para as Relações Externas do Partido Comunista Chinês.

Na conferência de imprensa, na qual as perguntas tiveram que ser previamente acertadas e à qual correspondentes colocados no país asiático não tiveram acesso, Qin reviu as prioridades da política externa chinesa.

O responsável sublinhou que a iniciativa de segurança global do país está comprometida com o multilateralismo e opõe-se “ao confronto” entre blocos: “O mundo atravessa um período de turbulências e a diplomacia chinesa navega por entre as tempestades. Não vamos cessar os nossos esforços”.

Anunciada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em abril passado, a ‘Iniciativa de Segurança Global’ opõe-se ao uso de sanções no cenário internacional.

De acordo com aquela proposta, as “grandes potências devem facilitar as negociações para a paz” e “ter em conta as necessidades dos países envolvidos”, ao mesmo tempo que exorta as nações a praticarem o “multilateralismo genuíno” e a rejeitarem a “mentalidade da Guerra Fria”, “o unilateralismo”, o “confronto entre blocos” e “a hegemonia”, numa crítica implícita à política externa norte-americana.

A iniciativa “espera contar com a participação de todos os atores”. A China está disposta a “trabalhar com todos os países que desejam a paz para enfrentar todos os tipos de desafios à segurança”, lê-se no documento.

Últimas de Política Internacional

O Parlamento Europeu defendeu hoje que apoiar a oposição venezuelana "é um dever moral" e pediu que as autoridades venezuelanas retirem o mandado de captura contra Edmundo González Urrutia, que reconhece como o Presidente legítimo.
Os Estados Unidos qualificaram esta quarta-feira o líder da oposição venezuelana, Edmundo Gonzalez Urrutia, como “presidente legítimo”, dois dias após a tomada de posse de Donald Trump, que confirma a posição do antecessor, Joe Biden.
A agência federal de Imigração e Alfândega norte-americana (ICE, na sigla em inglês) deteve 308 imigrantes ilegais, incluindo acusados de homicídio e violação, no primeiro dia completo de Donald Trump na Presidência, indicou o responsável pela fronteira.
A Rússia advertiu hoje que o conflito com a Ucrânia, que invadiu há três anos, só poder ser resolvido com base em acordos juridicamente vinculativos e com mecanismos que impossibilitem serem violados.
A chefe da diplomacia europeia considerou hoje que os Estados Unidos da América (EUA) são o parceiro “mais forte” da União Europeia e que o Presidente Donald Trump tem razões para criticar a falta de investimento europeu em defesa.
A Rússia admitiu hoje que se abriu "uma pequena janela de oportunidade" para acordos com os Estados Unidos com a chegada ao poder de Donald Trump, que prometeu acabar com a guerra na Ucrânia.
O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, convocou pela primeira vez Vladimir Putin para encontrar um acordo de paz com a Ucrânia, sob pena de a Rússia correr o risco de ser destruída.
O Presidente russo, Vladimir Putin, felicitou hoje Donald Trump pela sua iminente tomada de posse como 47.º Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), manifestando a sua vontade de retomar "contactos diretos" com a Casa Branca.
O vice-presidente chinês Han Zheng apelou às empresas norte-americanas para “aproveitarem a oportunidade” de reforçar os laços económicos com a China, num encontro com o empresário Elon Musk, avançou hoje a imprensa chinesa.
O Presidente da Argentina, Javier Milei, reuniu-se em Washington com a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, com quem acordou o lançamento de um novo programa para o país.